| Olá leitores!
Como estão? Espero que todos bem. Nesse final de semana de feriado prolongado por conta da Páscoa (e, aqui na República Sebastianista da Banânia, por conta do feriado do mártir da luta da independência, Tiradentes, aquele classe média que quis se enfiar no meio de disputa da alta burguesia e – claro – foi o único que se deu mal) o fã de esporte a motor teve com o que se entreter entre uma garfada de bacalhau e um gole de vinho ou cerveja. Vamos começar com o Mundial de Endurance, onde mais uma vez a equipe Ferrari AF Corse mostrou como se faz estratégia de corrida (espero que o pessoal da equipe de Fórmula Um tenha assistido e aprendido a lição) e conseguiu sua segunda vitória nesta temporada. A honra ficou por conta do carro #51 de Calado/Giovinazzi/Pier Guidi, que não apenas marcou a pole position como lutou bravamente contra os Toyota, BMW e Porsche durante as 6 horas de prova na travada pista de Imola para se manter no pelotão da frente, e conseguiu a vitória perante uma torcida exultante. Foi a primeira vitória na geral de um carro Ferrari numa prova de Endurance desde o longínquo ano de 1973. Foram acompanhados no pódio pela tripulação do BMW #20, pilotado por Frijns/Rast/van der Linde, que lutou muito e quase conseguiram a posição mais alta do pódio, mas terminaram em 2º, e pelo Alpine #36 do trio Gounon/Makowiecki/Mick Schumacher na 3ª posição, um grande resultado para a equipe francesa. Dentre os GT3, vitória muito apertada do Porsche #92 de Hardwick/Lietz/Pera sobre o BMW #46 de Al Harthy/Rossi/van der Linde (esse o Kevin, o Sheldon estava no Hypercar), que após muita luta (e de Rossi jogar o Ferrari #21 na barreira de pneus na segunda perna da Rivazza, provavelmente após achar que “dá pra colocar a moto naquele espaço”, ganhando com isso uma merecida punição de stop-and-go) terminou na segunda posição na categoria, com o Lexus #78 de Gehrsitz/Robin na 3ª posição. Mês que vem a categoria volta, com a etapa belga. Podem esperar um BoP caprichado para o Ferrari 499P e para o BMW M4 GT3... A Fórmula Um foi até Jedi, digo, Jeddah, para a etapa saudita do campeonato. Uma boa pista, definitivamente. Conseguiram fazer quase uma pista “old school” num circuito de rua, estranhamente veloz para os padrões de segurança atuais. E a corrida foi interessante, afinal mesmo quando não se tem muitos pontos de ultrapassagem uma pista com média horária alta acaba favorecendo o espetáculo. O grande nome deste domingo foi Oscar Piastri, que em seu 3º ano na categoria principal já se demonstrou muito mais maduro e consistente do que Lando Norris, que DEVERIA ser o piloto principal, até por ter mais tempo de equipe e ter ajudado no crescimento da mesma, mas que em compensação não tem aquele “sangue nos olhos” que diferencia os ótimos pilotos dos bons pilotos. Piastri não se intimidou quando Max quis “jogar duro” com ele e o holandês acabou saindo da pista, levando vantagem, não devolveu a posição e consequentemente levou uma merecidíssima punição de 5 segundos no pit-stop. Alguns torcedores da imprensa chegaram a levantar que a punição seria injusta... basta olhar atentamente as imagens do ocorrido e ter QI superior a 80 que se percebe que a punição poderia até mesmo ser maior (10 segundos) que estaria perfeitamente de acordo. Com Piastri isolado lá na frente e com Verstappen confortável na segunda posição, sobrou a luta pela zona de pontuação e pelo degrau mais baixo do pódio. A 3ª posição ficou com um surpreendente Charles Leclerc, já que o carro não era pra isso tudo de desempenho não... foi ajudado, com certeza, pelo Dando Mollis, ops, Lando Norris, que na hora de classificar já no Q3 bateu na última curva antes de completar a volta lançada e teve de largar em 10º lugar, perdendo uma posição de largada entre os 3 primeiros colocados fácil, fácil e sendo obrigado a se recuperar do prejuízo na corrida (chegou em 4º). Realmente uma grande corrida do Leclerc com um carro nitidamente pior que o do ano passado. Mais uma vez o Hamilton mostrou sua falta de adaptação com o carro, largando em 7º e terminando na mesma posição. Atrás de Norris chegou a dupla da Mercedes, com Russell em 5º e Antonelli em 6º. Muito bom esse garoto Antonelli. Surpreendente foi o desempenho da Williams, com Sainz Jr. em 8º e Albon em 9º, e a zona de pontuação foi encerrada com outro bom estreante, Hadjar, que com uma pilotagem segura e veloz garantiu a 10ª posição à frente do seu companheiro Lawson, aquele sobre o qual a Red Bull depositava tantas esperanças... vamos agora falar da insana luta de Gabriel Bortoletto contra o pior carro do grid. Recomendo muito acompanhar as imagens da câmera onboard antes de fazer como o símio tapuia mediano, que já está criticando o rapaz... eu não tenho a menor dúvida que o carro dele é o pior do grid, por larga vantagem nesse quesito (afinal, as atualizações recebidas foram para o carro do Hülkemberg, não para o dele), e a luta dele com o volante do instável carro parecia até uma van Towner numa estrada com forte vento lateral... na boa, não tem como cobrar nada dele. Primeiro que a adaptação à categoria deve ir pelo menos até o meio do ano, e segundo... com esse carro, pode colocar Michael Schumacher, Nelson Piquet, Niki Lauda, Jim Clark, nenhum dos campeões mundiais teria como fazer qualquer coisa com aquela coisa desconjuntada. Vamos ser racionais, por favor. E antes de cobrar o Bortoletto, não custa lembrar que o tão endeusado Fernando Alonso também ainda não marcou ponto nessa temporada... E o TCR South America teve sua segunda etapa na bonita pista de Oberá, na região de Misiones. Pista absolutamente vintage, boxes pra lá de acanhados, parecia Interlagos nos anos 60, pista relativamente estreita, muitas áreas de escape em grama... e um lugar que propiciou duas corrida das mais interessantes. Mais uma vez lamento a diminuição do grid do ano passado para esse, pois o espetáculo propiciado aos espectadores foi muito bom, e com certeza poderia ser ainda melhor se o grid não fosse tão acanhado. A primeira corrida do dia, com o frio matinal, foi vencida por Leonel Pernía, que fez valer sua pole position e conseguiu se defender galhardamente dos ataques, seja de Nelsinho Piquet (que contou – ao menos nos treinos classificatórios – com a entusiasmada torcida do narrador da corrida para o Brasil; felizmente nas duas corridas do domingo ele se portou de maneira profissional e narrou sem torcida, até por existirem outros pilotos brasileiros na categoria), seja de Pedro Cardoso. Leonel abriu uma vantagem que permitiu que ele controlasse o ritmo e não desse aos brasileiros atrás dele a chance de atacar de maneira decisiva. Nesse ínterim, Cardoso passou Piquet Jr. e cruzou a bandeirada em 2º, com o Nelsinho em 3º. A segunda corrida, já com temperatura completamente diferente, foi uma das melhores provas que a categoria teve até agora. Não arrisco em dizer que foi A melhor, mas certamente poucas vezes vimos um final de prova como o que aconteceu em Oberá. Com um safety car nas voltas finais causado pelo abandono de Yannantuoni por problema mecânico, a relargada foi do tipo daquelas relargadas da NASCAR na prorrogação, com os pilotos fora do pódio disputando posições com a faca entre os dentes, tendo momentos de “4-wide” numa pista estreita, simplesmente excepcional. Quem não viu, por favor, procure no YouTube a prova e assista. Vitória de Juan Ángel Rosso, com Pedro Cardoso novamente na 2ª posição e Leonel Pernía no degrau mais baixo do pódio. No aguardo da próxima corrida... Preciso escrever sobre algo que está me incomodando desde o meio da semana passada. Saiu a lista de fraturas do Jorge Martin, e nada me tira da cabeça que tudo bem, o tombo não foi dos mais suaves, mas quase 10 costelas fraturadas... impossível que o air bag do macacão não tenha piorado os danos do tombo. Entendo que na teoria o air bag deveria proteger, mas... vocês já viram a violência com que um equipamento desses se infla? É um negócio que precisa ser muito rápido, e bem ou mal – tão grudado ao corpo – a “proteção” vai gerar um impacto no corpo também. Acredito que um equipamento desses deveria vir acompanhado de placas protetoras por dentro do macacão... só que essas placas iriam diminuir a mobilidade do piloto sobre a moto. Lembram-se do Quartararo retirando a placa de proteção peitoral em Portugal? Então... deveria ser pensado melhor a utilização desse tipo de equipamento. Nem sempre o que funciona no laboratório vai funcionar na vida real. Eu sou meio cético a respeito da efetiva necessidade dele. A conferir... enquanto isso, é torcer para Martin se recuperar totalmente das sérias contusões que recebeu na última corrida. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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