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Written by Administrator   
Tuesday, 03 July 2012 23:23

 

 

Apesar de estarmos vivendo – e isso é inegável – uma “crise financeira de talentos” no automobilismo brasileiro há pelo menos uma década, na hora de ver apenas a capacidade da pilotagem em si, podemos acreditar que “ainda há esperança” pelo desempenho dos nossos “meninos” pelas pistas do mundo.

 

A etapa da GP2 em Valência foi uma bela amostra do que os pilotos brasileiros podem oferecer em pista quando se trata apenas de talento. Felipe Nasr (que os narradores e comentaristas insistem em chamar de “Felipe Nasser”), em uma pista completamente desconhecida para ele, marcou o 3º tempo para a largada da prova do sábado. Infelizmente, um problema eletrônico acabou por comprometer seu desempenho, mas o feito fora estabelecido.

 

Feito maior ficou para o outro brasileiro, Luiz Razia. O bom baiano, naquela altura vice líder do campeonato largava apenas na 11ª colocação e, sendo o circuito de Valência uma pista de rua, cheia de curvas (25) e com poucas possibilidades para ultrapassagem, avançar 3 ou 4 posições e conseguir largar na primeira fila para a prova curta do domingo seria uma excelente conquista... mas ele foi além.

 

 

Luiz Razia mostrou no final de semana em Valência que pode ser candidato ao título mesmo sem ter o melhor carro do grid.  

 

Além de uma primeira volta fora de série (Razia completou a primeira passagem num surpreendente 6º lugar), o piloto brasileiro parece ter encontrado o equilíbrio perfeito para minimizar o consumo dos “emocionantes e esfarelantes” pneus Pirelli e estabilizou-se na quinta colocação até que, com a entrada do safety car, fruto do “excesso de arrojo” de alguns (vários) pilotos da categoria, conseguiu chegar ao segundo posto, mas como também foi vítima dos toques, teve a asa dianteira danificada, caindo para 4º. Contudo, com o prejuízo do então líder, que só parou depois do carro de segurança, conquistou um improvável, mas muito bem vindo, pódio com a terceira colocação.

 

Na prova do domingo o resultado foi ainda melhor. Mais uma vez, sabendo como poupar seus pneus para a parte final da prova e “deixando os afoitos se matar pela ponta”, Luiz Razia conquistou uma vitória soberba, saindo de quinto para a ponta em apenas duas voltas (tudo bem que a briga pela ponta que obrigou Fabio Leimer a devolver a posição para James Calado ajudou), culminando com uma ultrapassagem dupla sobre os dois pilotos que brigavam pela liderança da prova faltando três curvas para o final.

 

 

O momento mais surpreendente do final de semana: Luiz Razia ataca os dois primeiros colocados e toma a ponta da prova. 

 

O resultado, é claro, tem uma grande importância, tanto na corrida quanto no campeonato, especialmente porque o líder do certame, Davide Valsecchi, não pontuou e a diferença entre ele e Luiz Razia é de apenas um ponto no momento. Independente disso, mesmo que o piloto da DAMS volte a abrir vantagem – a equipe está com uma estrutura melhor que a Arden – o baiano mostrou que a Red Bull apostou as fichas no cara certo.

 

Sim, Luiz Razia foi, no início deste ano, chamado para fazer parte do famoso programa de jovens pilotos da marca dos energéticos. A mesma que alavancou aos olhos do mundo Sebastian Vettel (mas que também “detonou” Jaime Alguersuari). Além de ter uma grande oportunidade nas mãos, as perspectivas para o futuro são promissoras.

 

 

No pódio, na parada do carro no parque fechado, Razia faz sempre questão de mostrar a bandeira do Brasil nas comemorações. 

 

O contrato de Mark Webber termina este ano e, se muito, será renovado por mais um. Enquanto isso, no “time B”, a Toro Rosso, dois jovens pilotos, oriundos do programa, assim como um dia Vettel foi – Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne – estão fazendo o que seria o “último estágio” antes de assumir um carro da equipe principal. Seja quem for o escolhido, uma vaga será aberta na Toro Rosso e o adversário direto de Razia por este lugar é o português Felix da Costa, piloto que corre com as cores da equipe na World Series by Renault. Tecnicamente ambos são bons e aí uma conquista de título por parte do brasileiro poderá fazer a diferença, inclusive no montante que o piloto precisará levar para a equipe (sem grana, sem carro. Isso é F1!).

 

Enquanto na Europa alimentamos nossas esperanças com Luiz Razia, nos Estados Unidos, Nelsinho Piquet entrou para a história do nosso esporte a motor como o primeiro brasileiro a vencer uma corrida de um dos campeonatos nacionais da NASCAR... enão foi nem na Truck Series, onde ele disputa o campeonato regular, mas na “segunda divisão”, a Nationwide, competindo contra diversos pilotos que disputam a “categoria top”, a Sprint Cup. Tudo bem que foi em um circuito misto e não nos ovais, que são “a praia” dos americanos, mas o feito não pode deixar de ser relevado.

 

 

Assim como um dia Emerson Fittipaldi foi o primeiro brasileiro a vencer na Indy, Nelsinho Piquet repetiu o feito na NASCAR. 

 

Desde que foi “expulso pela porta dos fundos” do automobilismo europeu – leia-se Fórmula 1 – por ter compactuado com a “Operação Singapura” de Flavio Briatore (e mais ainda por ter colocado a “boca no trombone”), Nelsinho Piquet fechou as portas do automobilismo no velho continente para si. No final das contas, ele acabou sendo o único punido em todo imbróglio daquela temporada de 2008.

 

Talento e capacidade nunca lhe faltaram, como também não faltou a Romain Grosjean, igualmente “pulverizado” por Fernando Alonso na Renault e que, uma vez que não se meteu em nenhuma falcatrua – ou pelo menos não abriu a boca sobre assuntos do gênero – acabou tendo uma segunda chance, voltando à GP2, conquistando o título e voltando à Fórmula 1 pela ‘quase’ antiga equipe, atualmente a “Nega Genii”. E pra se ver que o negócio é complicado mesmo, é só olhar pra Ferrari, não é, Felipe?

 

A Nelsinho Piquet nem isso houve como ser feito e ele precisou buscar um novo caminho. Traçou um plano de estabelecer-se nos Estados Unidos com as categorias da NASCAR  e vem preparando o caminho para chegar a categoria principal. Sem pressa, aprendendo os “truques” dos ovais e dos pilotos que cresceram “correndo em círculos”: os americanos.

 

 

Apesar do "mico" do pessoal do box, que colocou a bandeira de cabeça pra baixo, Nelsinho fez questão de mostrar pra todos. 

 

A prova de Elkhart Lake não foi a primeira participação de Nelsinho Piquet na Nationwilde. Nos anos de 2010 e 2011 ele disputou algumas das poucas provas em circuito misto, e até mesmo em ovais. Nos mistos andou melhor, como seria de se esperar, mas sua evolução nos ovais, especialmente nas relargadas, este ano é algo digno de nota. É diferente e tem que se aprender a fazer as coisas.

 

Na sua terceira prova na categorian o brasileiro mostrou ao que veio: cravou a pole nos treinos e, na largada, deixou para trás Michael McDowell. Trabalhando bem com a estratégia montada pela equipe Turner para equilibrar o consumo de pneus, de combustível e ficar de olho nas bandeiras amarelas, perder a ponta, mas sem deixar o líder se distanciar, parecia estar dentro dos planos. 

 

Após duas bandeiras amarelas e com excelentes relargadas, Nelsinho voltou para a ponta e abriu uma pequena, mas confortável distância para seus perseguidores. Nos dias seguintes à prova – celebrada com a bandeira quadriculada e a do Brasil, colocada por algum americano burro, de cabeça pra baixo – Nelsinho declarou que sua passagem pela Fórmula 1 aconteceu na hora e lugar errado. Quanto a hora eu, particularmente, não concordo. Já o local, melhor nem comentar.

 

 

Esta vitória - que há de ser a primeira de muitas - vai ser o "cala a boca" em todos que um dia não acreditaram no seu talento. 

 

Se o bom velhinho, que está sob a real ameaça de ser preso na Alemanha, prefere a podridão da companhia dos Mosleys, Briatores e outros da mesma laia, que fique no seu mundinho podre e cheio de falcatruas que o torcedor comum nem imagina que acontece entre uma conversa de “pé de ouvido” e outra. Nossos pilotos, de forma mais escassa, é verdade, ainda tem talento e capacidade de superar as dificuldades e se estabelecer no topo do automobilismo mundial. Seja correndo em círculos, seja “na lama do ‘seu’ Bernie”.

 

Abraços,

 

Maurício Paiva

 

Last Updated ( Sunday, 15 July 2012 20:19 )