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O crescimento do automobilismo no Brasil e a "guerra" por patrocínios (Os Promotores) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 15 May 2012 01:30

 

 

Nos últimos anos, temos visto um crescimento no número de categorias disputando campeonatos de automobilismo no Brasil, sejam eles monomarcas ou não. Com carros de turismo ou fórmulas. Como sabemos que o automobilismo é um esporte caro, existe mercado para esta expansão do automobilismo no Brasil com relação ao número de patrocinadores para que estas categorias sobrevivam ou corremos o risco de entrarmos num processo de “canibalização” entre as categorias, com umas tirando potenciais patrocinadores das outras? Os diretores de categorias de automobilismo aqui do Brasil costumam se reunir para falar sobre aspectos técnicos e/ou comerciais? 

 

Antonio Hermann – Diretor Geral da SRO Latin America, empresa organizadora do GTBrasil, competição de Gran Turismo nas categorias GT3 e GT4.

 

O problema é bem complexo e envolve não apenas o interesse de quem quer fazer automobilismo, seja como promotor de eventos, seja como criador, organizador e gestor de uma categoria.

 

A meu ver, falta uma ação mais efetiva do órgão que deveria regulamentar a criação de categorias, não apenas no seguimento de turismo e gran turismo, mas também no rally e em fórmulas.

 

O termo que vocês usaram é muito bem apropriado: o que existe é uma canibalização entre as categorias na busca por patrocínios para que elas possam continuar existindo. Isto, além de ser ruim para todos os que fazem automobilismo de maneira séria e responsável, abre caminho para que surja todo tipo de oportunista achando que vai criar uma categoria de automobilismo e que vai ganhar dinheiro com isso.

 

O cenário automobilístico do Brasil apresenta um desequilíbrio. Enquanto temos diversas categorias monomarca correndo campeonatos quase que privados, praticamente não temos categoria de Fórmulas. A Fórmula Futuro parou. A Fórmula 3 ainda não anunciou calendário... se é que vai anunciar.

 

Talvez uma agenda de encontros entre os dirigentes de categorias pudesse ser algo interessante, mas as regras precisavam ser melhor definidas, melhor elaboradas e devidamente implementadas pela CBA. 

 

Denner Pires – Diretor Geral, responsável pela Porsche Super Cup no Brasil.

 

Esta pergunta abre duas frentes com relação a este, como vocês chamaram, canibalismo. Uma é pela quantidade de categoria existentes, outra é referente a qualidade do trabalho feito para se angariar estes patrocinadores e, mais importante do que conquistá-los, conseguir mantê-los.

 

Daí eu achar que o sucesso de uma categoria está ligado não apenas a presença de patrocinadores, mas especialmente à competência dos seus criadores e administradores em saber geri-la muito bem. Se uma categoria não for bem conduzida, ela vai desaparecer, independente de ter ou não patrocinadores... ou os patrocinadores acabarão deixando a categoria, independentemente de estarem migrando para uma outra. Nisso podemos recorrer na questão de um potencial patrocinador simplesmente desistir de investir no automobilismo como meio de promoção.

 

Nós, os diretores de categorias, não temos um fórum ou um meio ou uma série de reuniões onde sentamos e discutimos assuntos relativos à administração das categorias. Em algumas oportunidades, por outras razões em que nos encontramos, já chegamos a cogitar fazer algo do gênero, mas a ideia nunca foi adiante. Acredito que seria algo muito positivo fazermos algo assim. 

 

Zeca Giaffone – Fundador e proprietário da JL, empresa que constrói os carros da Stock Car e da Copa Montana, também responsável pelas revisões dos carros do Mini Challenge e dos Fórmulas da F. Futuro.

 

A JL não é uma organizadora de campeonatos como vocês bem sabem, mas temos no Kartódromo da Granja Viana a realização de diversos eventos que tem sempre empresas que participam da viabilização financeira destes.

 

Em relação as categorias que estão correndo atualmente no Brasil, eu acredito que exista este “processo de canibalização” entre as categorias. Infelizmente o número de empresas que investem no automobilismo como meio de divulgar seus produtos é muito pequeno e, sendo o automobilismo um esporte, não existem incentivos para que mais empresas. Ainda assim, o número de empresas patrocinando o automobilismo vem aumentando. A questão é: estariam chegando patrocinadores num número proporcional ao aumento de categorias e principalmente de pilotos?

 

No passado, quando o país estava em crise, havia menos categorias e menos pilotos, mas o problema era apenas proporcional. Hoje, o problema está mais evidente porque o número de categorias e de pilotos aumentou. Na verdade, quem mais sofre com a escassez de patrocínios são os pilotos, depois as equipes e, por último, as categorias.

 

Seria válido a criação de uma comissão de diretores de categoria para discutir assuntos relativos à assuntos de interesse de todos. Isso já foi tentado algumas vezes, mas nunca teve sucesso. Talvez, com uma participação da CBA para tentar fazer com que houvesse uma discussão sobre isso este grupo pudesse se reunir e efetivamente fazer algo pelo todo do automobilismo. 

 

Dennis Rolim – Diretor da DTCC, categoria monomarca que corre com os Audi A1.

 

Não há como negar que o automobilismo é um esporte caro, especialmente aqui no Brasil onde o principal produto, no caso os carros, já são mais caros que em outros países. Isso sem contar os custos como taxas de locação de autódromos, transporte, logística, etc.

 

No nosso caso, o da DTCC, forma como chamamos o campeonato com os Audi A1, vivemos, talvez, uma realidade um pouco diferente da maioria das demais categorias que correm aqui no Brasil.Nós temos o apoio integral da montadora, a Audi, no caso. Até agora, nós não passamos por nenhum processo de perda de um patrocinador. Claro, nós somos uma categoria nova, estamos indo para a nossa segunda temporada agora em 2012, mas já conhecemos este problema, já vimos isso acontecer em outras categorias.

 

No nosso caso específico, antes da categoria iniciar seus trabalhos de pista, foram 9 meses de planejamento e estruturação, toda esta parte de formação do pool de patrocinadores aconteceu antes da categoria alinhar os carros ou mesmo antes do lançamento. Neste aspecto nós vivemos uma situação bem específica, pois não temos um banco ou uma cervejaria ou um combustível como patrocinador máster. No nosso caso, é a montadora.

 

Além disso, para se atrair um patrocinador é preciso se oferecer algo que o atraia. No nosso caso, como é o caso das categorias da Audi em todo mundo, nós somos uma categoria 100% carbono zero. Existem experiências de algumas provas ou de algumas equipes que implementaram isso, mas, como categoria, nós somos a primeira. Foi feito todo o cálculo de emissão e nós passamos a comprar os créditos junto à Brasil Mata Viva. Isso certamente é um diferencial do DTCC. No Brasil já existem empresas que só investem em projetos que tenham um cunho ambiental e nisso nós nos apresentamos como opção.

 

Seria muito interessante se fazer um fórum regular entre os diretores de categorias para se discutir aspectos de gestão, buscar soluções comuns para problemas comuns, apesar da diversidades de propósitos que cada categoria venha a apresentar. 

 

Maurício Slaviero – Diretor Executivo da VICAR, empresa organizadora da Stock Car, Copa Montana, Mini Challenge e do Brasileiro de Marcas.

 

 

No meu entender, a questão não está tão presa aos patrocinadores, mas sim aos pilotos. Diante do cenário atual, com este surgimento de categorias novas, de categorias menores se compararmos as que são geridas pela VICAR, as dificuldades são muito grandes, não há como não reconhecer isso.

 

Como disse, o ponto principal não está no patrocínio em si. Quando se cria uma nova categoria, dependendo do tamanho e da força desta categoria, ela consegue conquistar o seu espaço como categoria. Para os pilotos é que reside o problema: nós temos um número limitado de pilotos no Brasil e este número de pilotos precisaria crescer muito para atender este crescimento de categorias no Brasil.

 

Eu vejo sim um processo de “canibalização” no automobilismo brasileiro porque quando um empreendimento consegue algum sucesso surge outro no mesmo seguimento e também consegue sucesso e depois outro e um outro... daí todos pensam que é um mercado inesgotável e que todos que entrarem vão ter sucesso. Contudo, a realidade não é bem assim. Eu acho que vai chegar uma hora que este processo vai parar e vai haver uma redução no número de categorias. Vai ser um processo de seleção natural e que vai se chegar a um equilíbrio com a realidade do mercado.

 

Quanto a ideia de que os diretores de categoria viessem a se encontrar e discutir assuntos relativos ao automobilismo, isso seria muito interessante, muito positivo. Hoje, a realidade é que nos encontramos muito pouco e falamos menos ainda sobre isso.

 

 

Last Updated ( Wednesday, 11 July 2012 11:09 )