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AYLTON VARANDA: Grande Piloto, Grande Alma, Grande Amigo (2ª Parte). PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 27 April 2012 02:30

 

Aylton Varanda, ao volante do Brasinca/Uirapuru, entrando "bem quente" numa curva em Juiz de Fora, 1966. 

 

 

Bem, amigos, estamos aqui mais uma vez para continuarmos nossa conversa sobre a 2ª e última parte da história desse grande piloto chamado Aylton Varanda.

 

 

Em 1º lugar quero agradecer os e-mails que me foram enviados me passando mais alguns resultados e mais fotos inéditas. As fotos e os resultados já foram acrescentados na 1ª parte da matéria.

 

 

O filho dele, José Augusto Varanda, tem certeza de que seu pai fez uma corrida em parceria com seu primo João Varanda Filho, “Jiquica”, com o Brasinca/Uirapuru, em Juiz de Fora em 1966. Tem inclusive a foto, mas, infelizmente, vamos ficar devendo esse resultado a ele, pois não o encontramos.  Caso você, leitor, tenha esse resultado agradeceremos se nos passar.  

 

10-07-1966. Inauguração Autódromo da Guanabara Aylton Varanda, Brasinca/Uirapuru. Não terminou. (Corrida realizada somente no anel externo, o interno ainda não havia ficado pronto).   

 

 

 

Revista Auto Esporte Agosto 1966. Não deu para colocar o texto integralmente porque a 1ª parte dele estava em outra página. Quem fez o melhor tempo foi Luiz Pereira Bueno com protótipo Willys. Ainda não era o Mark I.   

 

 

José Carlos Pace com Karmann-Ghia Porsche 1.600cc, ainda de chapa, e Luiz Pereira Bueno, antes de quebrar, com protótipo Willys que, depois mais aperfeiçoado, se transformou no lendário Mark I. Curva Norte. Foto: Waldir Braga, “Estrela”, arquivo pessoal de Sidney Cardoso.  

 

 

 José Carlos Pace dando uma bela entortada com Karmann-Ghia Porsche 1.600cc ainda de lata. Foto Waldir Braga, “Estrela”, arquivo pessoal de Sidney Cardoso. 

 

Carol Figueiredo Alpine A-110 Renault #47

2º José Carlos Pace Karman-Ghia Porsche 1.600 #2

3º Piero Gancia Alfa Giulia TI Super #23

4º Francisco Lameirão Interlagos #21

5º Emerson Fittipaldi Interlagos #12

6º Luiz Fernando Terra Smith Interlagos #22

7º Emílio Zambello Alfa Giulia TI #25 

 

 

1967: 30-07-1967. X Circuito de Petrópolis. Gran Turismo, 2º lugar, Aylton Varanda, Karmann-Ghia Porsche 1.600cc. 

 

 

Largada X Circuito de Petrópolis, 1967. Ferrari 250 GTO Drogo de Paulo César Newlands largando na frente. Foto José Augusto Varanda. 

 

 

Flagrante de um “pega” entre Norman Casari, Malzoni, e Aylton Varanda, Karmann-Ghia Porsche 1.600cc, logo nas primeiras voltas da corrida. Como muitos sabem a 1ª marcha do Karmann-Ghia Porsche era muito longa – 108 Km – daí era comum esses carros ficarem para trás na largada e recuperarem-se depois. Foto José Augusto Varanda.   

 

 

Paulo César Newlands com sua Ferrari Drogo 250 GTO em Petrópolis. Foto revista Auto Esporte, setembro de 67. 

 

 

João Varanda Filho, “Jiquica”, primo de Aylton Varanda, com seu Karmann-Ghia Porsche 1.600cc nessa corrida. Foto cedida pelo piloto Nélson Cintra. 

 

 

Foto, até então inédita na internet, cedida por José Augusto Varanda, de João Varanda Filho, “Jiquica”, com seu Karmann-Ghia Porsche 1.600cc em Petrópolis.  

 

 

Mais uma foto inédita do arquivo pessoal de José Augusto Varanda: Aylton Varanda com seu Karman-Ghia Porsche 1.600cc no X Circuito de Petrópolis1967.   

 

 

Outra foto inédita, agora em cores, de Aylton Varanda com seu com seu Karmann-Ghia Porsche 1.600cc. Foto do arquivo pessoal de José Augusto Varanda, filho do Aylton. 

 

 

Aylton Varanda dando entrevista a uma rádio local.Foto inédita cedida por José Augusto Varanda  

 

 

Outra foto inédita. Esquerda para direita: de capacete Aylton Varanda sendo cumprimentado após chegar em 2º lugar; seu filho José Augusto Varanda de camisa xadrez com 14 anos; atrás dele Antonio de Souza Lordeiro, o “Niquinho”; o mais alto atrás Ralph, um grande amigo da família e patrocinador de seus carros com a Castrol; a outra filha de Aylton, Maria Beatriz com 11 anos; e o mais alto na extrema direita Álvaro Varanda Neto, “Netinho”, filho de Álvaro Varanda.  

 

 

A esq, Paulo Cesar Newlands, 1º lugar de Ferrari. A dir, Aylton Varanda, 2º lugar de Karmann-Ghia Porsche 1.600cc Foto: Revista Auto Esporte setembro de 1967.

 

Resultado dessa corrida:

1º. Paulo César Newlands, Ferrari, 50 voltas

2º. Aylton Varanda, KG Porsche, 50 voltas

3º. João Varanda Filho, KG Porsche, 50 voltas

4º. Marivaldo Fernandes, Renault r-8, 50 voltas

5º. Norman Casari, Malzoni, 47 voltas

6º. Mauricio Chulan, Interlagos, 46 voltas

7º. Ferres F. Neto, DKW, 43 voltas

8º. Lair Carvalho, 1093, 43 voltas

9º. Nelson Cintra, 1093, 41 voltas

10º. Jose Scio, 1093, 38 voltas. 

 

Aylton além de piloto era uma das pessoas que doava seu tempo contribuindo para a organização das corridas em Petrópolis. 

 

 

Governador Roberto da Silveira recebendo Aylton Varanda e amigos para organizar uma das muitas corridas do Circuito de Petrópolis. Foto arquivo pessoal de Aylton Varanda, muito bem guardado por seu filho.

 

Creio que vale a pena reproduzir esse relato de seu filho pra mim: “Meu pai sempre procurou colaborar com a organização dos Circuitos de Petrópolis. Até que nos preparativos para o de 1968 não quiseram acatar sua opinião e inverteram o sentido da prova. Ele ficou muito contrariado, pois temia problemas justamente no local em que seu irmão Sérgio Cardoso bateu. Parece que ele estava adivinhando o que viria pela frente e não quis acompanhar a prova. Passamos o fim de semana fora de Petrópolis, na fazenda de meu avô, e só soubemos do acidente no dia seguinte”.  

 

Aylton, segundo nos conta seu filho José augusto Varanda, também participou de corridas de Kart. Pena que até o fechamento dessa matéria não conseguimos apurar esses resultados. Inseriremos abaixo duas fotos dele participando de uma dessas corridas.  

 

 

 Aylton Varanda correndo de Kart. Por seu gesto dá para deduzir que estava reclamando com algum outro concorrente.  

 

 

Aylton Varanda sentado em seu Kart e sendo cumprimentado por outra pessoa e outro piloto. Pelo visto se saiu bem na prova. Arquivo pessoal de Aylton Varanda.    

 

06-08-1967. III Etapa Campeonato Carioca de Automobilismo,RJ. Karmann-Ghia Porsche 1.600cc, 3º lugar. Aylton Varanda.  

 

 

Aylton Varanda com Karmann-Ghia Porsche 1600cc. Foto cedida por José Augusto Varanda e melhorada por Sérgio Eduardo Enoch.   

 

Resultado:

1º # 33, Malzoni,  Celso Gerbassi

2º # 96, Malzoni, Norman Casari

3º # 2, Karmann-Ghia Porsche 1.600, Aylton Varanda

4º # 65, Alfa GTA, Mário Olivetti

5º # 7, Karmann-Ghia Porsche 1.600 João Varanda Filho, “Jiquica”

6º # 19, DKW, Renato Malcotti

7º # 18, Interlagos, Heitor Peixoto de Castro.

 

A Ferrari de Paulo César Newlands # 11, vitoriosa na corrida anterior, teve um estouro de pneu no fim da reta, saiu da pista, acertou um mourão tendo o pára-brisa quebrado. Com isso não pôde terminar a corrida.  

 

27-08-1967. III Horas de Velocidade, Interlagos, SP. Karmann-Ghia Porsche 2.000cc, Aylton Varanda, não terminou, embora tenha feito a melhor volta da corrida.

 

Nesta corrida Aylton que havia adquirido recentemente um motor Porsche 2.000cc, substituiu-o pelo antigo 1.600cc em seu Karmann-Ghia.

 

Lembram-se do que falei logo no início: um grande piloto, grande amigo, possuidor de uma grande alma e de um desprendimento capaz de se igualar aos mais famosos filantropos”. Pois é, havia falado isso porque convivendo ao seu lado sentia isso nele, porém havia me esquecido completamente desse fato a seguir que comprovará o que falei.

 

 

Esse fato me chegou  exatamente neste momento - quando acabei de receber do Ricardo Cunha a reportagem da revista Auto Esporte e 4 Rodas sobre essa corrida. Como vi que não possuía nenhuma foto dela pedi ao amigo Ricardo Cunha se poderia escanear e me enviar. 

 

Colarei abaixo um recorte da revista Quatro Rodas de Outubro de 1967, quando veio a publicação dessa corrida.  

 

 

Viram! Ele iria deixar de correr sozinho para compartilhar seu carro com José Carlos Pace.  

 

“Bem interessante mesmo. Retrata bem três características de meu pai: estar sempre pronto a ajudar um amigo (Moco), conhecedor dos regulamentos (já que também colaborava na organização de provas) e nada diplomático!” (palavras de seu filho José Augusto Varanda ao ver essa reportagem enviada por Ricardo Cunha).

 

José Augusto essas briguinhas era comum acontecer em corridas. Visto que algumas equipes estavam disputando o Campeonato Brasileiro. O Piero Gancia que havia sido Campeão Brasileiro em 66, correndo com uma Alfa Giulia TI, aquela mesma que você andou nela conosco, representava a Equipe Jolly Gancia que era representante da Alfa Romeo, já José Carlos Pace, “Moco”, estava disputando por outra equipe. Veja, dois anos depois, o próprio José Carlos Pace correu pela equipe Jolly Gancia. Essas coisas fazem parte do folclore do automobilismo. Piero Gancia, com quem tive o prazer de conviver, sempre foi um gentleman, um ser humano maravilhoso e seu pai idem.

 

Posso apostar que no mês seguinte, caso se encontraram, riram muito do caso e trocaram bons e apertados abraços. Enfim, briguinhas de corridas que tem a durabilidade de bolinhas de sabão. 

 

 

Revista Auto Esporte outubro de 1967. Prova 3 horas de Interlagos.

 

 

Revista Auto Esporte outubro de 1967. Prova 3 horas de Interlagos.

 

Bem, nessa corrida ele estava indo muito bem, estava em segundo lugar se aproximando do primeiro quando teve problema com a embreagem e se viu forçado a abandonar a corrida.

 

Resultado:

1º # 23 – Alfa Romeo GTA 1.600cc – Piero Gancia

2º # 45 – Renault R8 1300cc – Marivaldo Fernandes

3º # 25 – Alfa Romeo Giulia TI 1600cc – Emílio Zambello

4º # 38 – Carretera Ford 4.500cc – Nelson Marcílio

5º # 74 – DKW Vemag 1000cc – Max Weiser

6º # 26 – Simca 2.600cc – Roberto Gomes.  

 

03-09-1967. IV Etapa do Campeonato Carioca de Automobilismo, RJ. Karmann-Ghia Porsche 2.000cc. 1º lugar. Aylton Varanda. 

 

 

Largada. Esq. p/ direita: Norman Casari, Malzoni, Heitor Palhares Peixoto de Castro, Berlineta, Aylton Varanda, Karmann-Ghia e Celso Gerbassi, Malzoni. Foto arquivo pessoal José Augusto Varanda. 

 

 

Revista Auto Esporte outubro de 1967 

 

 

 Aylton Varanda, Norman Casari e Celso Gerbassi. Revista Auto Esporte outubro de 1967. 

 

 

 Aylton Varanda no pódio. À esquerda Roberto Dias Machado, supervisor de nossa equipe. Foto inédita cedida por José Augusto Varanda.  

 

Resultado:

1º # 2 Karmann-Ghia Porsche 2.000 cc – Aylton Varanda

2º # 96  Malzoni – Norman Casari

3º # 65 Alfa GTA 1.600cc – Mário Olivetti

4º # 34 Interlagos – Ronaldo Rebecchi

5º # DKW Vemag – Renato Malcotti

6º # DKW Vemag – Carlos Sá Motta.

 

Nota: O Malzoni # 33 de Celso Gerbassi que aparece na foto teve que abandonar a corrida na 11ª volta devido à quebra do distribuidor.

 

O mesmo aconteceu com a Berlineta de Heitor Peixoto de Castro que por te quebrado na 26ª volta ainda chegou em 9º lugar.

 

10-09-1967 - X 500 Quilômetros de Interlagos, SP - Aylton Varanda /José Fernando Lopes Martins, “Toco” – Fórmula Vê Aranae # 62. Não terminou. Não chegou a pegar o carro porque o “Toco” sofreu um acidente logo nas primeiras voltas.   

 

 

Revista Auto Esporte, outubro 67. 

 

 

Revista Auto Esporte, outubro 67. 

 

 

Revista Auto Esporte, outubro 67.  

 

 

Revista Auto Esporte, outubro 67. 

 

 

 Os ânimos estavam quentes... Revista Auto Esporte, outubro 1967. 

 

Coloquei apenas os apelidos devido à falta de espaço. “Wilsinho”: Wilson Fittipaldi Jr. ; “Toco”: José Fernando Martins; “Cacaio”: Joaquim Carlos de Mattos.

 

O fotógrafo da revista estava bem perto do local onde aconteceu a confusão e pôde documentar tudo. Não sei quem foi, mas quero deixar daqui meus parabéns a ele.    

 

17-09-1967. 500 KM de Brasília. Karmann-Ghia Porsche 2.000cc, não terminou. Aylton Varanda / Aloísio Renato Kreischer.

 

1º Ubaldo Lolli Alfa GTA #23

2º Alex Dias Ribeiro / João Luis Fonseca Protótipo Camber #17

3º Nélder Mota / Edmar  VW #38

4º Ernâni Roberto / João Laerte Renault # 99

5º Vanderlei Clemente VW #70

6º Paulo César Lopes Renault # 41  

 

29/10/1967 - Campeonato Carioca de Fórmula Vê - II Etapa - Niterói - Sétimo colocado - Sprint-Vê.Resultado:

 

 

 

Resultado pego no site do amigo Mário Estivalét que tem esse site totalmente voltado para Fórmula Vê: http://www.webng.com/formulave/ e esse outro totalmente voltado para os carros Lorena: http://www.webng.com/lorenagt/index.htm 

 

 

Quem aprecia estes dois tipos de carros vale a pena dar uma visitada lá, os sites são bem completos. 

 

03-12-1967. Mil Milhas Brasileira, Interlagos, SP. Karmann-Ghia Porsche 2.000cc, não terminou. Aylton Varanda / Sérgio Cardoso. Acidente durante a prova. Estava em 5º lugar quando de repente o acelerador prendeu no fundo. Aylton se abaixou para tentar soltá-lo com a mão e acabou capotando. 

 

 

Treinos: Sérgio Cardoso, que correria em parceria com Aylton Varanda, em espetacular derrapagem controlada. Foto: João Sabóia.  

 

 

Flagrante da largada tipo Le Mans das Mil Milhas 1967. Foto: Nobres do Grid. Curiosidade: sempre que vejo essa foto fico sem entender a formação do grid de largada nessa corrida, pois ela não coincide com os tempos. Porei os tempos abaixo e vocês verão que não bate com a posição dos carros. 

 

Tempos oficiais de classificação obtido nos treinos, revista Auto Esporte, janeiro de 1968:

 1º Wilson Fittipaldi Jr / Emerson Fittipaldi - Fitti-Porsche # 7 - 3m 31s 8/10 (estabeleceu novo recorde para a pista de Interlagos)

2º Camilo Christófaro / Eduardo Celidônio Carretera  -  Chevrolet Corvette # 18 3m 46s 6/10

3º Luiz Pereira Bueno / Luis Fernando Terra Smith -  MarK I 3m 46 6/10

4º Emílio Zambello / Ubaldo César Lolly  - Alfa GTA #23 3m 47s

5º Aylton Varanda / Sérgio Cardoso -  KG Porsche  #78 3m 52s 6/10

 

Reparem, o Fitti-Porsche deveria estar alinhado na 1ª posição e está em 2º. E mais, há um segundo Mark I antes da Alfa GTA de Zambello e Lolly e o Karman-Ghia que fez o 5º tempo está alinhado em 6º...

 

É claro que por ser uma corrida bem longa esse detalhe não iria mudar em nada o resultado, mas toda vez que olho essa foto fico intrigado, sobretudo porque estava lá no dia e não havia percebido isso, acho que muitos também não. Vamos a algumas fotos dessa corrida:  

 

 

João Varanda Filho, “Jiquica” com Karmann-Ghia Porsche 1.600cc. Foto Ary Leber, melhorada por Sérgio Eduardo Enoch. 

 

 

Wilson Marques Ferreira com Alfa Giulia TI. Foto: Paulo Scali. 

 

 

Lotus 47 do Team Palma, após quebrar. Foto: Ary Leber, melhorada por Sérgio Eduardo Enoch.  

 

 

Fitti-Porsche com Wilson Fittipaldi Jr. antes de quebrar. Foto: Ary Leber.  

 

 

Lotus Cortina do Team Palma, antes de quebrar.Foto: Ary Leber.  

 

 

Karmann-Ghia Porsche 2.000cc. com Aylton Varanda. Foto: Ary Leber.  

 

 

 

Karmann-Ghia Porsche 2.000cc com Aylton Varanda. Foto Ary Leber, melhorada por Sérgio Eduardo Enoch.  

 

 

Joaquim tomando conta do Karmann-Ghia Porsche 2.000cc, após capotar. Foto: Paulo “Bigode”.  

 

 

Karmann-Ghia Porsche 1600cc de João Varanda Filho, “Jiquica” e José Américo Veloso chegando ao final da prova. Foto cedida por Paulo Trevisan   

 

 

Pódio Mil Milhas 1967. Esquerda para direita: Marivaldo Fernandes, Bird Clemente, Luiz Fernando Terra Smith, Luiz Pereira Bueno e Nogueira Pinto. Foto: Arquivo pessoal de Luiz Fernando Terra Smith.  

 

Resultado dessa corrida:

1º Luiz Pereira Bueno / Luiz Fernando Terra Smith.

2º Bird Clemente/ Marivaldo Fernandes

3º João Tudella Nogueira Pinto / João Posser D’Andrade Vilar

4º João Varanda Filho, “Juquica” / José Américo Veloso

5º Frodoardo Arouca, “Volante 13” / Roberto Dal Ponte

6º Nataniel Touwnsend  / Fritz Jordan 

 

Pequeno relato que recebi por e-mail de José Augusto Varanda, filho do Aylton, quando descrevi parte dessas Mil Milhas, falando sobre a aula que tive de guiar em Interlagos com Luiz Pereira Bueno.

 

Decidi inseri-lo aqui, pois achei interessante seu relato e creio que para os amantes do automobilismo nada como o depoimento de uma pessoa tão íntima de quem estamos falando. Lembro-me dele, ainda garoto, conosco nos boxes.

 

“Bela reportagem, parabéns! Esse trabalho que vocês estão fazendo é um verdadeiro resgate da memória do automobilismo nacional, da qual pilotos como Landi, Luizinho, Bird, Camilo, Sérgio, Álvaro, meu pai e tantos outros, que foram grandes expressões desse esporte, acabaram caindo no esquecimento em função da projeção internacional que outros, a partir de Emerson, tiveram.

 

Não que uns sejam melhores que outros, mas creio que todos, cada qual à sua época e do seu jeito, deram relevantes contribuições, dentro e fora das pistas, para o desenvolvimento do esporte no Brasil. Tenho comigo que Chico Landi, ao menos para meu pai, foi o grande mestre. Tive várias oportunidades de presenciar, nas garagens e até mesmo em sua casa, a paciência que dedicava a discutir e detalhar, com meu pai, técnicas de preparação dos carros e de pilotagem. Era um homem simples, afável e espirituoso, que vivia automobilismo 24 horas por dia, tanto que sua casa parecia uma oficina.  

 

Bom, acabei me alongando nos comentários (viajei um pouco ao passado) e saindo do assunto: aquela Mil MIlhas. 

 

Estava lá, nos boxes e acompanhei tudo, ou quase tudo, de perto. Foi a penúltima corrida de meu pai, que até então nunca havia sofrido, dentro ou fora das pistas, um acidente tão grave.  Pelo seu relato fiquei sabendo que ele estava em quinto, mas só consigo me lembrar do Wilson, com o Fitti -Porsche, e do Camilo à sua frente, não me lembro dos outros dois. Me lembro bem, isso sim, do ritmo alucinante que eles imprimiram desde das primeiras voltas e da grande distância que havia entre eles e o segundo pelotão. Fiquei muito tenso quando o carro não passou no retão dos boxes e os minutos que se seguiram, entre o anúncio do acidente, pelo locutor, até a ambulância retornar aos boxes trazendo o meu pai (creio que levou mais de meia hora) foram, para mim, uma eternidade.

 

Só quando ele saiu andando, com o macacão, que originalmente era azul claro, agora na cor de barro, devido à sujeira, é que me tranquilizei. Somente estava mancando, pois havia sofrido uma contusão no tornozelo, provavelmente provocada por uma pancada da bateria, que havia se desprendido. Segundo ele, o carro capotou umas 4 ou 5 vezes”.(José Augusto Varanda).

 

16 de dezembro de 1967. Prova Luso-Brasileira, Almirante Tamandaré, Autódromo de Jacarepaguá, RJ. Aylton Varanda / Sérgio Cardoso.   

 

 

Aylton Varanda Karmann-Ghia Porsche 2.000cc, (com pneus para piso seco), Wilson Marques Teixeira com Alfa Giulia TI, com pneus para chuva. Curva do S. Foto: Waldir Braga, “Estrela”. 

 

Sérgio havia feito um excelente tempo nos treinos oficiais, o 4º, atrás somente do Fitti-Porsche e de duas Lótus 47. Correu a 1ª bateria. Durante a corrida deu uma rodada, saiu da pista e chegou em 7º lugar.

 

Aylton que largou na 2ª bateria, teve uma tremenda falta de sorte, pois caiu um temporal e seus pneus de chuva que havia sido encomendado não chegaram a tempo.

 

 

Aylton chegou ao final da corrida, mas não me recordo em que posição e as revistas só trouxeram o resultado até a 10ª posição.

 

Coloquei esta explicação porque não podia colocar não terminou, só não nos recordamos em que posição chegou.

 

Soma das duas baterias, esta foi a classificação final:

1º. - Bird Clemente, de Willys Mark I

2º. - Nogueira Pinto, Porsche 911S

3º. - Wilsinho Fittipaldi, Fitti-Porsche

4º. - Ubaldo Lolli, Alfa GTA

5º. - Luis Fernandes, Lótus 47

6º. - Celso Gerbassi/Norman Casari,  Malzoni

7º. – Wilson Ferreira, Alfa Giulia TI

8º. – João Varanda, KG-Porsche

9º. – Hélio Mazza, protótipo Alfazoni

10º. - Mário Olivetti, Alfa GTA. 

 

10-04-1968. 1000 km de Brasília. Aylton Varanda/ João Varanda Filho, “Jiquica”, Karmann- Ghia Porsche 1.600cc do “Jiquica”.  Não terminou. (última corrida de Aylton Varanda).  

 

 

Pelotão de largada. Revista Auto Esporte Junho de 1968.  

 

 

Revista Auto Esporte junho 1968.  

 

 

Resultado 1000 km de Brasília 1968. Revista Auto Esporte junho 1968. 

 

Amigo leitor, o Flávio Pinheiro, editor-chefe do site dos Nobres do Grid, quando viu a 1ª parte da matéria sobre Aylton Varanda, me falou que Aylton merecia estar na Galeria de Heróis do site. Solicitou-me que fizesse algumas perguntas a seu filho José Augusto Varanda para que ele pudesse colocar lá na galeria, com material bem reduzido como é a formatação dessa galeria. Em breve, Aylton Varanda vai ter sua passagem pela vida e pelas pistas eternizada naquela seção. 

 

Encerrando essa matéria achei interessante – e importante – fazer um especial agradecimento: 

 

Valeu José Augusto Varanda!

 

Seu carinho e dedicação por seu pai foram testemunhados por mim quando você ainda era um garoto, te conheci com 14 anos em 1967, e agora com 59 anos em 2012, senti que não mudou nada.

 

Como você percebeu foi bastante trabalhoso pra mim escrever essa matéria, visto que por seu pai ter começado a correr numa época que nem se pensava em internet, conseguir resultados antigos não foi mole não.Foram dias e noites de pesquisa, dormindo pouco, muitas vezes tendo que adiar momentos de lazer, convívio com amigos e compromissos importantes. Mas tenha certeza de que esse seu carinho por seu pai impregnou-se em minha alma de tal maneira que foi o maior estímulo que tive para terminar essa matéria. Numa época em que vemos filhos desprezando e até maltratando os mais velhos, você felizmente, é uma das muitas exceções. Que Deus te conserve assim.

 

Conheci bem seu pai e imagino o orgulho que ele, agora em outra dimensão, deve estar sentindo da boa educação que te deu. 

 

Agradecimentos: A José Augusto Varanda pelas informações passadas, a Ricardo Cunha pela ajuda nas pesquisas, a Sérgio Eduardo Enoch por ajudar a melhorar algumas fotos raras com fungos, a Flávio Pinheiro pela paciência na espera de meus atrasos em entregar as matérias e a todos os fotógrafos citados nas legendas das fotos.   

 

 

Last Updated ( Friday, 04 May 2012 05:23 )