Olha o “regra 3” novamente na área.

O Campeonato Mundial de Fórmula 1 finalmente vai ter sua primeira corrida no domingo 16 de março.

Depois de um longo período de abstinência para todos os fãs da velocidade, o “campeonato da garotada” vai começar. Além do grande número de estreantes e a efetivação de alguns pilotos que fizeram corridas substituindo pilotos titulares ou que fizeram as últimas corridas. Além disso, os principais pilotos da categoria tem menos de 30 anos de idade (uma geração inteira “pós-Senna”) que mesmo sendo muito jovem já carregam uma boa experiência sobre os ombros, contrastando com os “coroas” Nico Hulkenberg, Lewis Hamilton e Fernando Alonso.

Depois de três dias de testes coletivos no Bahrain, onde “esconder o jogo faz parte do jogo” desde que se faziam os famosos “testes de pneus” nos anos 80, vai ser a hora de vermos quem conseguiu largar na frente na concepção do projeto do carro para essa temporada, quem “andou de lado” e quem “errou a mão”, que pode ter ficado um pouco mais claro é o fato de que o grid está se estreitando ainda mais, o que é uma ótima notícia para os fãs, não apenas com tempos de volta mais próximos – o que pode significar corridas mais acirradas – com os carros mostrando uma maior confiabilidade e, apesar de ter seis novatos no grid, o nível de talento entre os 20 pilotos é algo muito promissor, apesar da pouca idade.

Até onde é apenas tentativa de querer tirar pressão sobre os próprios ombros e jogar a responsabilidade de começar como favoritos, uma voz generalizada é que a McLaren estaria “uma roda à frente da concorrência”. Caso isso se confirme, teremos uma situação interessante: caso  a McLaren seja mesmo o carro mais rápido, tendo dois dos pilotos mais rápidos e ambos buscando seu primeiro título na categoria, como vão acontecer as disputas internas? Oscar Piastri mostrou o instinto assassino necessário para vencer campeonatos em Monza, Hungria e Baku no ano passado, mas sofreu com a inconsistência. Lando Norris é um especialista em uma volta que luta com largadas e é questionado sobre ter ou não ímpeto para “bater rodas” com Max Verstappen. Com a temporada começando e 24 GPs pela frente, a tendência é que Norris não comece o ano com benefícios sobre Piastri.

A Ferrari estaria “escondendo o jogo”? O discurso é que estão de 2 a três décimos atrás da McLaren, mas – caso isso seja verdade – este não seria o único ponto para a Casa de Maranello se preocupar. A Ferrari trouxe para seu colo Lewis Hamilton, que vai ter dentro dos boxes o “dono da casa”, Charles Leclerc, que “aposentou” Sebastian Vettel e ganhou a queda de braço com Carlos Sainz Jr. Caso Hamilton comece o ano andando atrás do monegasco as coisas podem se complicar no ambiente interno e na cobrança externa.

Pelos lados da Red Bull, no ano de despedida da Honda e com Max Verstappen sentado em um carro que não teve nenhuma influência do mago Adrian Newey, agora trabalhando na Aston Martin. Muitos engenheiros foram embora, mas outros tantos continuaram na equipe e se a expectativa de não ter um carro diferenciado, a Red Bul sabe que tem um piloto diferenciado e que é capaz de extrair mais do que o carro oferece e também de aproveitar as oportunidades para se manter na luta pelo campeonato.

Na Mercedes George Russell tem agora “a chance da vida”, como primeiro piloto, sem a sombra de Lewis Hamilton. Mas até onde isso irá se constituir em uma vantagem para o piloto inglês? Apesar das possíveis “cartas escondidas”, de acordo com os dados de GPS a Mercedes foi mais lenta apenas que a McLaren nos testes do Bahrain, mas daí isso dizer alguma coisa é algo muito distante. Russell tem declarado estar bastante confiante no trabalho da equipe e espera que o time seja capaz de fazer uma grande temporada. Andréa Kimi Antonelli vai fazer sua estreia so enormes expectativas, mas o italiano andou muito bem no Bahrain e a sombra que paira no ar é se ele não será uma pedra na sapatilha de George Russell. Este é um filme que já vimos antes com Fernando Alonso e um novato chamado Lewis Hamilton.

Por fim, o Brasil volta a ter um piloto como titular no grid desde Felipe Massa. Gabriel Bortoleto é rápido, talentoso, experiente, mas está no carro que terminou a temporada 2024 no rabo da cobra e nos testes pré-temporada não mostrou nada de muito promissor para sair das últimas posições do grid. É preciso paciência e avaliação de verdadeiras referências na análise do que o piloto brasileiro poderá fazer. A colocação mais interessante foi feita pela mulher de Juan Pablo Montoya, que criticou o modelo de gestão de pessoas da Fórmula 1 ao mencionar que era ridículo que o campeão da Fórmula 3 e Fórmula 2 – Bortoleto – só conseguisse estar na pior equipe do grid enquanto outros pilotos que ele derrotou estavam em equipes melhores.

Expectativas enormes e a hora aparecer a verdade (ao menos inicial) chegou.

Grande abraço,

Flávio Pinheiro