Quando Emerson Fittipaldi começou a disputar campeonatos de Fórmula Ford na Inglaterra em 1969, os europeus ficaram surpresos com o excelente desempenho do brasileiro. Por um total desconhecimento da existência de corridas de automóvel no Brasil. Como um piloto sul-americano podia guiar tão bem, vindo do meio de uma floresta? Essa era a visão do europeu comum em relação à América do Sul. Emerson rapidamente dominou as corridas regionais da categoria, logo também foi promovido para a Fórmula 3, também vencendo com extrema competência. Em 1970 Wilsinho Fittipaldi e José Carlos Pace seguiram os passos de Emerson e venceram muitas corridas de Fórmula 3, com Pace se sagrando campeão em um dos torneios ingleses. Estava aberto o caminho para a Fórmula 1 aos pilotos brasileiros. A imprensa especializada em automobilismo da época, principalmente a inglesa, ficou intrigada com o sucesso dos brasileiros. Alguns veículos enviaram jornalistas para cobrir algumas corridas, especialmente a Mil Milhas Brasileiras, em Interlagos. Ficaram tão satisfeitos quanto surpresos com o que viram.
O automobilismo praticado no Brasil se desenvolveu a partir de três grandes centros: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. A partir dos anos 1920, quando se iniciaram as disputas com as carreteras (potentes carros de rua, que tinham seus para-lamas retirados) em ruas e estradas de todo o sul do país, além de Argentina e Uruguai, passando para as duríssimas competições internacionais do Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro nos anos 1930 e em São Paulo, a partir da inauguração de Interlagos, em 1940, o esporte a motor foi passando por incríveis estágios naturais de evolução, formando pilotos e preparadores de alto nível, mesmo estando distante dos grandes centros tecnológicos. 
Quando os irmãos Fittipaldi e Pace chegaram à Inglaterra, embora muito jovens, tinham enfrentado corridas no Brasil pilotando carros bem mais potentes que os pequenos Fórmula 3 europeus, disputando com adversários que dispunham de ótimos recursos técnicos. Na equipe Willys, por exemplo, por volta da metade dos anos 1960 tinha como pilotos contratados Bird Clemente, Luiz Pereira Bueno, Carol Figueiredo, Francisco Lameirão e Luiz Fernando Terra Schmidt. Todos com carreiras consagradas, que nunca deveram nada em desempenho aos melhores pilotos do mundo na época. Michael Schumacher venceu 91 Grandes Prêmios e comemorou cada vitória dessas como se fosse a primeira. Perguntado sobre a facilidade com que vencia corridas, costumava dizer: “Nunca foi fácil vencer. Todos os adversários trabalham e melhoram a cada dia. Se nós também não melhorarmos seremos superados por eles”. Definitivamente: O que forma um grande campeão é o alto nível de seus adversários. Luiz Carlos Lima  Visite o site do nosso colunista
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