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Os mistérios do lago de Interlagos PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 23 September 2011 02:54

 

 

 

Durante mais de uma década, as Mil Milhas Brasileiras, prova organizada pelo Centauro Motorclube e capitaneada pelo Barão Wilson Fittipaldi, era – sem sombra de dúvidas – o evento automobilístico mais importante do ano no país. Com o passar do tempo, ao longo da década de 60, outras provas de longa duração passaram a acontecer em Interlagos, como provas de 12 horas e de 24 horas... todas com longos períodos noturnos. 

 

Os melhores pilotos, os melhores carros, os melhores esquemas de preparação e até mesmo, depois de algum tempo, participações internacionais, engrandeciam o evento, ano após ano. Vencer as Mil Milhas, além do prêmio em dinheiro e do prestigio no meio automobilístico, rendia ao vencedor as manchetes dos jornais na época (no ano passado, o piloto brasileiro Helio Castro Neves venceu o GP de Montegi da F. Indy – ainda no oval – e o fato sequer foi citado em um dos jornais de maior circulação do país em seu caderno de esportes). 

 

Dentro do regulamento, não apenas das Mil Milhas Brasileiras, mas daquelas provas longas que aconteciam, era permitido se fazer praticamente todo tipo de serviço elétrico e/ou mecânico para se manter o carro funcionando e rodando nos 8 Km do circuito, contudo, havia um limite: era proibido trocar o motor do carro. E é aí que começa a nossa estória de hoje. 

 

 

Visto em um sobrevoo de helicóptero, o lago de Interlagos (que já foi maior) continua imponente. O menor "sumiu" com o tempo. 

 

Se o amigo leitor perguntar a qualquer piloto que participou de provas naqueles anos, antes da reforma de Interlagos em 68/69... ou mesmo um pouco depois, todos irão dizer a mesma coisa: “Se secarem o lago de Interlagos, vão encontrar um cemitério de motores”! Contudo, nenhum deles – claro – assumirá que teve algum motor seu depositado naquelas águas escuras. 

 

Durante a noite, sob a neblina que costumava cair sobre o autódromo, era praticamente impossível se ver o outro lado do circuito e quando um carro demorava a passar na reta, as equipes logo mandavam mecânicos para o ‘miolo’, procurar o desaparecido.  

 

 

Um cena para dar saudades: A Fórmula 1 em 1979 percorrendo os quase 8 Km do circuito, com os dois lagos ao fundo da foto. 

 

Muito pneu já foi trocado no meio do autódromo... problemas de velas, câmbio e outras coisas eram comum serem arrumadas “no acostamento”. Só que, em alguns casos, motores inteiros chegaram a ser trocados! 

 

O problema era: o que fazer com um motor usado, quebrado e todo sujo? Aparecer de volta nos boxes, nem pensar! Seria entregar-se de bandeja para os fiscais de prova e ter seu competidor desclassificado. A solução era uma só: ‘sumir’ com o motor. 

 

 

Na velha Grã Bretanha, o lago mais famoso não tem um circuito por perto, mas as estórias sobre o lago Ness todos conhecem. 

 

Não demorou muito para que um ‘esperto’ saísse com a solução: jogar o motor no lago! O lago sempre teve a água relativamente escura, devido à vegetação do mesmo e por ter uma boa profundidade, ninguém ia ver o ‘moribundo’ amontoado de ferro. 

 

Muito se falou e se fala, nas rodas de boxe dos mais antigos, sobre esta prática, mas – até hoje – além de ninguém assumir a autoria de algum dos ‘desaparecimentos’, nenhum vestígio que comprometesse qualquer dos participantes foi encontrado. 

 

 

Será que o lago do nosso autódromo, ao invés de um mitológico monstro prehistórico guarda em suas águas monstos de metal? 

 

Se o famoso lago Ness, na Escócia, tem um monstro pré histórico nadando sob suas águas escuras, em São Paulo, outrora ruidosos motores ainda roncam, nas noites de cerração, no fundo do lago do Autódromo Internacional José Carlos Pace. 

 

Felicidades e velocidade, 

 

Paulo Alencar

 

Last Updated ( Friday, 23 September 2011 04:30 )