Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Toni Bianco PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 06 April 2011 03:19

 

 

Existem pessoas neste mundo que parecem estar predesti-nadas a seguir por um deter-minado caminho em suas vidas que seriam algo de inimagi-nável. Coisa de roteiro de cinema. 

 

A pequena cidade de Concór-dia Sagittaria, localizada na província do Veneto é o berço da história de um destes personagens ímpar da humaninade. Foi lá, no dia 8 de janeiro de 1931, que nascia o segundo filho do casal Giovanni Bianco e Amalia Trezotti, de um total de 5 filhos, que batizaram o menino com o nome de Ottorino... Ottorino Bianco. Como todo mundo neste mundo tem um apelido ou um diminutivo do nome, tanto em casa como na rua, ele era chamado de Toni. 

 

Como toda criança daqueles tempos, escola era algo que só se começava a frequentar por volta dos 7 anos de idade. Antes disso, a educação era toda doméstica, provida pelos pais, mais especificamente pela mãe. Contudo, o que viria a suceder-se – não apenas na vida de Ottorino, mas de toda uma geração – marcaria com ferro e sangue suas vidas. 

 

O início da II Guerra Mundial, onde a Itália de Benito Mussolini começou o conflito como aliada da Alemanha de Adolf Hitler, transformou o país em uma praça de guerra, não apenas pela mobilização dos jovens em idade de ir para o front, mas também do país envolver-se num esforço de guerra onde a educação, por exemplo, ficou em segundo plano. 

 

Quando a guerra terminou, Toni Bianco tinha sob os pés uma terra arrasada, que passou pelas mãos de vários exércitos e o país estava em ruínas. Aos 14 anos, Toni mal tinha aprendido a ler e escrever e uma fase de aprendizado que ele deveria ter vivido lhe foi ceifada pelo destino. Toni já estava praticamente em idade de trabalhar, o que começava cedo naqueles tempos. Contudo, o país não tinha muito a oferecer e os anos que se seguiram foram difíceis para toda a família. 

 

 

Imagens como esta, de Concórdia Sagittária nos anos anos entre-guerras ainda fazem parte da memória viva de Toni Bianco. 

 

Como no final do século XIX e início do século XX muitos italianos vieram para o Brasil e as ordens religiosas enviavam regularmente padres, freiras, freis e outros para a América do Sul, deixar a Itália parecia ser uma opção a ser seriamente considerada. Contudo, não era só uma questão de aventurar-se. Para vir para o Brasil, naquele momento, a imigração exigia que o imigrante tivesse uma carta com uma oferta de emprego e um contrato a ser assinado. 

 

Eis que entra em cena o Padre Cezar Bianco, seu primo, e que estava em uma ordem na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Depois de uma troca de correspondência entre eles, o Padre “providenciou” uma carta de oferta de trabalho e – no melhor estilo “jeitinho brasileiro” – assim Toni embarcou para o Brasil em 1951, chegando em Santos em fevereiro de 1952. 

 

A chegada a Santos, sozinho e sem uma referência além das descritas pelo primo religioso foi um choque. Toni, viu-se em terras estranhas e com um povo “diferente”. Ele nunca havia visto pessoas que não tivessem a pele clara como a dele e que falavam uma língua que ele não entendia.  

 

Quando chegou ao Brasil, o primeiro emprego - em um banco - não o prendeu por muito tempo. Foi numa oficina que ele empolgou-se. 

 

Seguindo para Ribeirão Preto, foi acolhido na ordem religiosa onde o primo trabalhava. Ciente que não poderia viver de favor por muito tempo, tratou de procurar emprego na cidade. O destino deu o primeiro empurrão: o primeiro trabalho de Toni Bianco foi em um banco... mas ele realmente não se sentia bem com aquilo e foi numa oficina mecânica, especializada em retificar motores, que ele chegou e pediu emprego. O dono perguntou o que ele sabia fazer e a resporta foi franca e direta: “nada”! O dono gostou da sinceridade do rapaz e Ali Toni daria os primeiros passos no ramo automobilístico. 

 

Mas, como todo mundo tem uns “desvios” na vida, Toni conseguiu um outro trabalho – depois de algum tempo – no interior do Paraná, pelos lados de Francisco Beltrão: foi construir casas de madeira! O ofício até era prazeroso... e rentável. O problema era o clima. Apesar de vir de uma região mais ao norte do seu país natal, onde até chega a nevar, Toni sofreu com o inverno paranaense e adoeceu. Acabou abandonando o emprego onde ficara por quase dois anos e, ainda debilitado, voltou para o estado de São Paulo. 

 

O retorno não foi para Ribeirão Preto, mas para uma outra ordem missionária, em São Caetano do Sul, na época não tão próxima de São Paulo como hoje. Recuperado, voltou a buscar trabalho e, como tinha aprendido alguma coisa de mecânica nos tempos da retífica em Ribeirão Preto, direcionou as buscas neste sentido... mas estava disposto a fazer qualquer coisa. 

 

 

Depois de morar em São Caetano do Sul, foi na oficina dos irmãos Monarca, em São Paulo, que a carreira do "carroziere" começou.

 

Começou a trabalhar numa outra oficina mecânica, mas teve que sair de São Caetano um tanto às pressas por conta de um ‘marido ciumento’. Mudou-se para São Paulo e conseguiu emprego como mecânico na Expresso Panamericano. O dono, na época, estava tendo problemas com os novos carros da frota: sete peruas Dodge, importadas do Canadá. Os carros eram um luxo, mas ferviam à toa quando subiam a serra entre Santos e São Paulo.  

 

Toni leu os manuais da perua – como ele não diz, uma vez que os manuais eram em inglês – e acabou descobrindo que os motores tinham um comando de válvulas adiantado um dente, por conta do frio no Canadá. Feita a alteração, ele foi com um dos motoristas para a estrada. Depois de um dia de subidas e descidas, sem nenhum aquecimento, Toni Bianco quase foi canonizado pelo dono da empresa! Bem, pelo menos o “santo” recebeu a parte que lhe cabia na comemoração com uma cachaça. 

 

Sentindo-se bem no emprego Toni ia tocando a vida, mas eis que o destino deu o segundo empurrão: entre os locais por onde ele costumava passar viu uma oficina mecânica na rua Manoel Dutra, no bairro da Bela Vista, mais conhecido – e famoso – como o “Bexiga”. Era a oficina de Oliviero e Marco Monarca! A oficina dos irmãos Monarca era uma oficina especializada em fazer carros especiais, sob encomenda. Eram modelos únicos, com linhas personalizadas e o trabalho nas chapas era feito na base do martelo, com maestria e sensibilidade. Um trabalho de artesão! Toni pediu para trabalhar lá e os irmãos o contrataram. 

 

 

Toni Bianco contava com a confiança de grandes nomes do nosso automobilismo como Chico Landi, Ciro Cayres e Celso Lara Barberis. 

 

Na oficina dos irmãos Monarca Toni Bianco revelou-se muito mais do que um aprendiz perspicaz. Ele tinha um dom maravilhoso em suas mãos para fazer algo que jamais pensara um dia fazer. Ali, em 1955, trabalhou na recuperação de um Porsche de um dos grandes pilotos da época: Celso Lara Barberis. O trabalho ficou tão bom que a notícia sobre o novo membro da equipe da oficina do Bexiga começou a se espalhar. Se bem que, antes de adquirir a habilidade com o martelo, Toni se aventurou na solda... e quase destruiu um paralama de um Chevrolet 1949 na primeira vez que manuseou o maçarico. Ele mesmo conta esta passagem da vida com boas risadas. Com o tempo, tornou-se um craque com ele. 

 

Ciro Cayres, outro dos pilotos daquela geração, impressionado com o trabalho de Toni Bianco, convidou-o para trabalhar com carros de corrida... e o primeiro trabalho foi logo o de cortar uma Ferrari ao meio (pobre Comendatore)!!! O objetivo era fazer um carro para a categoria “Mecânica Nacional”. O carro recebeu um motor de um Cadilac. Além deste, Toni também transformou um chassi de uma Masserati, biposto, em um monoposto com motor Corvette para o piloto Luiz Américo Margarido. O sucesso com carros de competição o levaram para um outro emprego, que tinha mais a ver com este novo desafio. 

 

 

No final dos anos 60, a capacidade de Toni Bianco em produzir carros especiais já era conhecida e respeitada no nosso automobilismo. 

 

Pelas mãos de Ciro Cayres, Toni vai trabalhar em outra oficina familiar: a de Victor e Nicola Losacco. Foi dentro da oficina dos Losacco que Toni Bianco “fez nascer” a primeira de suas criações. Usando a técnica da época, de fazer os moldes em arame e dali trabalhar o chapeamento, Toni produziu um chassi monoposto para um motor Corvette. Quando o carro foi para a pista, Ciro Cayres estabeleceu um tempo de volta (3m37s) que levou uma década para ser superado. A média de velocidade acima dos 130 Km/h foi considerada um assombro. 

 

O sucesso como um “encarroçador”, termo usado naquela época para quem fazia carrocerias, já estava consolidado e, no final da década de 50, Toni Bianco vai trabalhar na oficina Tubularte, cujo um dos proprietários era ninguém menos que o grande nome do automobilismo brasileiro até então e que sempre será reverenciado: Francisco Sacco Landi! O ‘seo’ Chico. Os outros sócios eram José Gimenez e Alberto Carraro.  

 

 

Foi a habilidade de Toni Bianco que produziu o nosso primeiro monoposto construído para competição. O F.Jr era muito Versátil. 

 

A Fórmula 1 já era um sucesso consolidado na Europa e por lá começava a surgir uma categoria de monopostos menos potentes, que logo foi chamada de Fórmula Junior. Sem ter os projetos, medidas, nada... saindo do zero e das poucas fotos, Toni Bianco cria um carro de linhas aerodinâmicas, que recebe um motor Porsche de 1.500cc, preparado por outro italiano: Giuseppe Perego (que posteriormente foi parceiro de Emílio Zambello na Equipe Jolly). 

 

Como os motores dos Fórmula Junior, por regulamento, eram de 1.000cc, o monoposto foi enquadrado na categoria “Mecânica Nacional” para a disputa do Grande Prêmio Juscelino Kubitscheck, parte das festividades da inauguração de Brasília, em 1960. Posteriormente o modelo foi readaptado para receber motores de 1 litro, como os feitos para os carros que rodavam no Brasil em particular aquele modelo recebeu um motor de DKW. Contudo, em 1962, Chico Landi “radicalizou” e a Tubularte montou outro carro com um motor de 2 litros da Alfa Romeo Stanguellini – o motor do JK, o “Alfa nacional”. A frente do carro precisou ser refeita por conta dos sistemas de refrigeração. Chico Landi correu os 500Km de Interlagos com ele em 1962, mas não terminou a prova. O carro foi feito em 20 dias. Se tivesse tido mais tempo, certamente o resultado seria outro. 

 

 

Em meados dos anos 60, a união de Luiz Antônio Greco e Toni Bianco foi capaz de manter a equipe na ponta com os Bino Mk I e Mk II.

 

Este carro, contudo, foi marcado pela tragédia: foi com ele que Celso Lara Barberis se acidentou e morreu nos 500 Km de Interlagos de 1963. Toni Bianco levou o carro para casa e o destruiu com um maçarico, cortando-o em pedaços. O chassi era tão versátil que ele foi a base do Carcará, modelo de linhas aerodinâmicas criado por Rino Malzoni e Anísio Campos, que bateu o recorde de velocidade para carros com motor 1.0. Depois, foi a base do Casari A1, protótipo de Norman Casari que tinha um motor Ford V8 de 4,5 litros. 

 

O sucesso do chassi rendeu algumas encomendas. Umas com motor do Gordini, outras com DKW e até uma com um motor do Simca 2.550cc! Em âmbito particular, Toni Bianco montou com Chico Landi, Luiz Antônio Greco e Eugênio Martins a “Indústria de Automóveis Brasil Ltda. Na verdade, um galpão nos fundos da casa de Chico Landi, na Rua Afonso Brás, no bairro de Vila Nova Conceição e a sociedade fez sucesso durante um bom tempo. 

 

Em 1965 Toni Bianco casou-se com Antonieta Di Sora (Bianco), mas aquele não seria o único “casamento” que Toni iria contrair: Convidado por Luiz Greco, um dirigente de visão muito adiante de seu tempo convidou Toni Bianco para trabalhar para a equipe Willys. As corridas de automóveis haviam se tornado as melhores vitrines para as montadoras mostrarem seus produtos e conquistar consumidores ao longo da década e, com o tempo, as principais equipes contavam com grandes ases do design em seus quadros. Toni Bianco estava na Willys, Rino Malzoni na Vemag e Anísio Campos veio a trabalhar o KG-Porsche para a Dacon pouco depois. 

 

 

Além dos Binos - homenagem a Christian Heins - Toni Bianco produziu um Fórmula 3 com o qual Wilsinho Fittipaldi Brilhou na Argentina. 

 

Na Willys, Toni teve como seu primeiro desafio os Alpines A-110 importados. Projetado para climas mais amenos, aqui no Brasil aqueciam demais devido aos radiadores, que eram instalados na traseira do veículo. Toni Bianco trouxe os radiadores para a parte dianteira do Alpine, precisando redesenhar e refazer toda a frente do carro.  

 

Foi neste mesmo período que, valendo-se da experiência adquirida com o projeto dos Fórmula Jr. que ele criou o “Gávea”, o primeiro Fórmula 3 brasileiro. Wilsinho Fittipaldi chamou a atenção dos chefes de equipe europeus e foi convidado a correr no campeonato do velho continente por conta de sua performance na corrida disputada nas ruas de Rosário, na Argentina, junto com Romeu Brizi, que cuidou do motor de 1300cc. 

 

Em 1966, a construção do Mark I foi um projeto diferente, uma vez que tratou-se do aperfeiçoamento (ou seria melhor chamar de reconstrução) do Renault Alpine. Toni Bianco fez, a partir do habitáculo do modelo francês um novo chassi, instalou a mecânica e montou a carroceria. O carro foi apresentado no Salão do Automóvel de 1966, mas tinha um entre-eixos muito curto que o tornava “inguiável”. Chiquinho Lameirão dizia que o carro “rodava até em reta”. Toni resolveu o problema aumentando o entre-eixos. Este carro fez a dobradinha nas Mil Milhas Brasileiras e venceu diversas provas.  

 

 

No final dos anos 70 Toni criou um esporte protótipo revonucionário - o Fúria. Um carro que venceu tudo e teve diversas versões. 

 

Ainda melhor que o Mark I, Toni Bianco, usando o que sobrou da acidentada Lotus dos portugueses na mesma corrida, fez o protótipo Mark II, que foi chamado de Bino Mark II, em homenagem a Christian ‘Bino’ Heins, que chefiou o departamento de competições da Willys até morrer tragicamente em Le Mans, no ano de 1963. O Mark II estreou nos 1000 Km de Brasília...  com vitória! Foi mais um carro vencedor criado pelo grande artífice. 

 

 

A versatilidade do Fúria permitia que ele recebesse diversas motorizações, sendo um sucesso que acabou tendo uma versão urbana.

 

Em 1969, a convite de Vitório Massari, Toni Bianco assumiu outro desafio e criou o mais versátil de todos os seus projetos até hoje: o Fúria! O protótipo foi feito em chassi tubular, dotado de suspensão com braços triangulares, independente, freios Girling e câmbio Hewland (inglês). O carro montado na Camionauto recebeu o motor de um FNM/JK, de 2.150cc e estreou nos 1000 Km de Brasília de 1970, com Jayme Silva e Ugo Galina ao volante. A vitória só foi perdida por um problema no distribuidor, com a dupla terminando a prova em 5º lugar. 

 

 

Em 1970, Toni Bianco rea reconhecido e aclamado por todos os seguimentos ligados ao automobilismo pos sua capacidade... 

 

O sucesso do protótipo animou Toni Bianco a investir em mais uma empreitada e, junto com Ugo Galina e Vitório Massari a “Furia Auto Esporte Ltda”, para montar o Fúria para quem quisesse correr com sua bela obra de arte... obra que rendeu-lhe o Prêmio Victor, das organizações Victor Civita, em 1970 como melhor construtor do ano. O Fúria ainda tinha como “aliada” a versatilidade pois podia receber diversos tipo de motorização. Entre as unidades produzidas na fábrica, saíram unidades com motor BMW, Chevrolet, Ferrari, Lamborghini e até um V8 da Chrysler chegou a ser instalado sem problemas no carro. Camilo Christófaro “aposentou” a famosa carretera e foi correr de Fúria!  

 

 

 

... e a consagração veio com o recebimento do maior prêmio oferecido naquela época: o cobiçadíssimo Prêmio Victor, no mesmo ano. 

 

Em 1971 foi construído, a pedido da FNM, o Fúria GT/FNM. O projeto era o um carro esporte GT de 2+2 lugares. A base do protótipo esportivo foi construída utilizando-se do chassi e mecânica FNM/JK, que tinha um motor de 2.150cc, com as linhas do projeto recebendo a marca registrada de Toni Bianco. A FNM, em processo de venda para a Alfa Romeo, o JK estava com os dias contados. O novo carro de Toni Bianco – que receberia o nome Fúria – seria como uma “Alfa made in Brazil”. O protótipo chegou a ser apresentado no Salão do Automóvel em 1972, mas o projeto não foi pra frente. 

 

 

Toni Bianco por diversas vezes tentou "emplacar" um sucesso urbano com sua capacidade, mas sempre havia algo para atrapalhar. 

 

Findo o sonho do carro nacional para o público em geral – o primeiro deles – Toni instalou-se em um Galpão na avenida Pedroso Cardoso, próximo ao aeroporto de Congonhas. Com seu nome mais do que consolidado no mercado automotivo de competição – de onde tirava o sustento através da produção de componentes para seus carros de pista e da preparação da Alfa T-33 de Afonso Giaffone, equipada com um motor Maverick – Toni tratou de adaptar a estrutura do Fúria para receber a mecânica Volkswagen: a mais econômica e acessível da época.  

 

 

Mas em 1976 o Bianco, baseado no Fúria foi um sucesso no Salão do Automóvel... em São Paulo em 76 e em Nova York em 78. 

 

Para conquistar meios de produzir o carro esporte de rua, com mecânica VW, era preciso conseguir chegar até a pessoa que poderia – ou não – fazer com que ele tivesse este acesso: ninguém menos que o presidente da marca alemã aqui no Brasil, Wolfgang Sauer. Em um evento, Toni Bianco foi apresentado ao executivo, que ficou encantado com o projeto e pediu que ele fosse ao seu escritório no dia seguinte. Tido como um duro negociador, até a secretária do ‘Her’ Sauer surpreendeu-se quando o Próprio Sauer veio até a sala de espera para cumprimentá-lo e convidá-lo para entrar no escritório. 

 

 

Além do Bianco, um outro projeto de Toni Bianco tomou forma: o Dardo, um carro menos arrojado, mas muito funcional. 

 

Com o acordo fechado, Toni partiu para a produção. O Bianco GT foi apresentado ao público no Salão do Automóvel de 1976... e vendeu, ali mesmo, 176 unidades! O carro chamou a atenção no Salão de Nova York, em 1978. Um produto ‘Made in Brazil’ que foi produzido até 1980. 

 

Pouco tempo antes, Toni Bianco havia sido procurado por Bruno Caloi, dono da fábrica de bicicletas Caloi, para um novo projeto: Bruno queria criar um carro esportivo e, ao visitar a Feira de Automóveis de Turim na companhia de Toni Bianco, viu no modelo italiano X1/9 um bom ponto de partida. De volta ao Brasil, Toni criou o Dardo. Um carro com a mecânica do FIAT 147 Rallye, de 1,3 litros e gerando 74cv. O projeto quebrava uma escrita de que todo carro “especial” feito no Brasil tinha que ter a mecânica VW. O carro foi lançado em 1976, pela empresa Corona, que tinha Bruno como um dos sócios. Era bonito, mas vendeu menos do que Bruno Caloi esperava. 

 

 

A van familiar Futura era um carro adiante das concorrentes aqui no Brasil. Mesmo sendo mais cara, teve uma boa aceitação. 

 

Na década de 80, fugindo da linha dos esportivos, Toni criou a Van Futura, um projeto eficiente, moderno e acessível. Baseado na estrutura da Renault Space, mas com a mecânica da Belina, a perua da Ford. Um detalhe do projeto que foi uma das mágicas soluções criadas por ele foi a caixa de direção: feita numa madrugada na garagem de casa. 

 

Com capacidade para 7 pessoas, era um sucesso e não custava barato: o preço era de cerca de 30 mil dólares por unidade, mas as 15 unidades que eram produzidas por mês eram vendidas rapidamente. Foram 159 até o primeiro plano econômico do governo Collor, em 1989, inviabilizar a operação. O Collor chamava os carros produzidos no Brasil de carroças.  

 

 

Após quase uma década parado, convidado por Paulo Trevisan, foi iniciada uma fase extremamente produtiva para Toni Bianco. 

 

Toni, que já não era mais nenhum menino, sentiu o baque e afastou-se do meio por quase uma década... até ser procurado pelo entusiasta gaúcho Paulo Travisan, que chegou com uma proposta capaz de trazer de volta o brilho aos olhos do mestre italiano: fazer uma réplica do Fórmula Jr. dos anos 60 para seu museu, localizado na cidade de Passo Fundo – RS. Toni refez o carro apenas vendo algumas fotos. Disse que os detalhes das dimensões ele sabia de cabeça! 

 

A parceria com Paulo Trevisan rendeu ainda o resgate – pelo menos visual – de um marco do nosso automobilismo: Como não era o caso de se desmanchar o Casari A1, Toni fez uma réplica quase perfeita, talvez até melhorada, do Carcará. Tudo na base do martelo e do alumínio. O carro foi batizado de Carcará II. Toni fez outros carros para o empresário gaúcho ao longo de quase uma década, entre eles um Cisitalia. Foram vários projetos e anos de parceria. 

 

 

Em 2009, o governo italiano concedeu o título de "Cavaleiro" ao seu brilhante filho por tudo que ele realizou ao longo da vida. 

 

Em maio de 2009, Toni Bianco recebeu uma grande honraria: Foi condecorado pela ‘Cavaliere dell' Ordine della Stella della Solidarietà Italiana’ em cerimônia solene no Consulado Italiano de São Paulo. Após mais de 50 anos de muito suor e arte, o talento do rapaz que saiu dos escombros da guerra e chegou no Brasil para tentar ‘fazer a vida’ era oficialmente reconhecido pelas autoridades de sua terra natal. 

 

 

Pai de duas filhas e com quatro netos, Toni recebeu há pouco tempo, de aniversário, um livro feito por eles com toda sua história. 

 

No final de 2010, este Nobre do Grid deu um grande susto em todos nós, seus admiradores, com uma internação às pressas devido a um sério problema cardíaco. Mas quem sobreviveu a tudo que passou pela vida nestes 80 anos, não ia ser uma “rateada no motor” que colocaria Toni Bianco no acostamento por muito tempo (diga-se de passagem, os outros irmãos e irmãs de Toni Bianco estão todos vivos).  

 

O decano artista vem se recuperando bem sob os cuidados da esposa e das duas filhas que lhe deram quatro netos... tão bem que vem até trabalhando a construção de uma réplica de uma Maserati. Em paralelo a isso, o projeto do novo carro esporte para o público já tem suas linhas definidas no computador (ele e a esposa estão estudando informática nos últimos meses! Fantástico, não?), mas – apesar de todas as facilidades das ferramentas virtuais – Toni Bianco continua fazendo seus modelos em escala, com hastes de arame e solda. 

 

 

Simpaticíssimo, este Nobre do Grid nos recebeu em sua casa e nos deu a honra de poder registrar este momento para sempre. 

 

O artista que é artista, nunca perde ou abandona sua arte!

 

LEIA OUTRAS BIOGRAFIAS DA GALERIA DE HERÓIS CLICANDO AQUI.

 

Fontes: Revista Autoesporte, Revista Quatrorodas, Obvio, Depoimentos e fotos de Toni Bianco, CDO.

Last Updated ( Sunday, 10 April 2011 17:15 )