Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Os tortuosos caminhos da Stock Cars PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 01 April 2011 05:51

 

Acompanhei, apreensivo, o desenrolar da semana que culminou com a prova de abertura do campeonato de automobilismo mais badalado do país: a Stock Car.

 

Apreensivo para ver como as equipes e os pilotos iriam se portar diante da “lei da mordaça”, onde o protesto e a reclamação pode gerar até uma expulsão sumária da equipe no campeonato. O site da categoria, ao contrario do site da Fórmula 1 – por exemplo – e de outras categorias que trazem todo o regulamento técnico desportivo. No caso da Stock, não tem uma linha. 

 

A rigidez, aparentemente, pode dar a entender de que os “espertinhos” não serão tolerados. Não apenas pilotos, mas engenheiros e até mesmo chefes de equipe também serão punidos em caso de contravenção do regulamento, caso alguma irregularidade seja encontrada na vistoria do parque fechado, após a prova... podendo ter as credenciais cassadas, inclusive! A multa de 100 mil reais já pode se dizer que é um enorme inibidor e – para o piloto – uma punição de 30 pontos pode ser o adeus às chances de título. Contudo, o mais interessante é que a decisão “não cabe recurso”. Porque? Simples: se a equipe for julgada culpada, pode ser excluída do campeonato!  

 

No ano passado, houve um julgamento de duas situações idênticas com duas decisões distintas. Caso Max Wilson recebesse a mesma punição dada a Felipe Maluhy em Londrina, ou seja, a desclassificação da prova, o título teria ficado com Cacá Bueno, mas a decisão não foi a mesma para as provas de Londrina e Curitiba, apesar da infração ter sido rigorosamente a mesma, Max Wilson teve que fazer “apenas” um drive through.  

 

 

A polêmica do final do ano passado. Pela mesma infração cometida, Felipe Maluhy e Max Wilson sofreram punições distintas. 

 

Acontece, porém, que Cacá Bueno foi um duro crítico da categoria ao longo de todo o ano, chegando a chamar de absurda a corrida em Ribeirão Preto (pelos Deuses da velocidade, o que foi aquilo: um traçado onde mal cabiam dois carros um ao lado do outro, uma entrada de reta que arrancou metade dos retrovisores dos carros e que só passava um carro por vez, espremidos entre dois muros de concreto). A primeira batida séria simplesmente fechou a pista e, como a televisão é quem manda na duração da corrida, para poder encaixá-la na grade de transmissão – apesar de nem sempre transmiti-la – fez com que a corrida fosse curtíssima, provocando a ira do campeão. Depois de tudo que ele falou durante o ano, ainda seria o campeão? 

 

A equipe de Andreas Matheis, um dos grandes pilotos dos anos 80/90 e competentíssimo chefe de equipe ameaçou entrar com um recurso contra a decisão dos comissários da prova em Curitiba por não punir o piloto da RC Eurofarma e ainda a indeferir o recurso que cobrava coerência no julgamento e punição de Max Wilson... contudo, acabou por não fazê-lo? Porque? Será que já havia algo apontando no sentido do que viria para este ano em termos de regulamentos proibitivos de se abrir a boca? Ou seria medo das conseqüências de um aprofundamento na questão do jogo de equipe entre seus quatro carros para colocar Popó Bueno dentro do playoff? Esta pergunta ninguém fez a ele... pelo menos, não tem pergunta e/ ou resposta em lugar algum. E assim terminou o ano da Stock em 2010. 

 

Cacá Bueno seria o beneficiado caso Wilson fosse punido com devia. Contudo, o piloto esteve no epicentro de várias polêmicas. 

 

Em 2011, como se não bastasse o novo regulamento e toda a confusão gerada no ano passado, ao invés de fazer a pré temporada em Interlagos, como no ano passado, este ano foram fazer uma “rodada de verificações” no autódromo de Piracicaba. 

 

A simpática cidade e sua simpática pista costuma receber corridas de carros de categorias regionais, com pouca preparação e potência, provas de arrancadas na reta... nada como carros com 500cv rodando com pé no fundo pelos seus pouco mais de dois mil metros, subidas e descidas, sem áreas de escape apropriadas e – pelo que pareceu – sem muito controle de acesso do pessoal à pista.  

 

As evidências de todas estas deficiências vieram à tona quando, por conta de um problema mecânico, Xandinho Negrão não conseguiu parar no final da reta, “driblou” os fotógrafos que estavam perigosamente na tangente da curva, decolou num barranco (ué, não tinha guard rail e/ou barreira de pneus? Não! E o que os fotógrafos faziam ali? Não tinha controle de acesso? Pelo visto, não) e voou por sobre uma cerca de mais de dois metros de altura. Mais um pouco, caia na rodovia que margeia o circuito. 

 

 

Correndo onde não devia, a Stock Cars quase protagonizou uma "tragédia de pré temporada". Do desastre ela não escapou. 

 

O piloto saiu direto para o hospital (e por sorte foi o único. Se ele não tivesse o reflexo que mostrou ter, tinha feito um “strike” com os fotógrafos) e, no dia seguinte, precisou ser operado por conta da fratura na clavícula. O médico que o operou deu de quatro a seis semanas para o piloto recuperar-se... mas eis que, pouco mais de três semanas depois, lá estava Xandinho, de “uniforme da equipe” sendo examinado e liberado para correr pelo Dr. Dino Altimann. 

 

Seria um milagre da medicina ou uma capacidade fora do normal de recuperação do piloto, mostrando que estes intrépidos ases do volante são verdadeiros super-homens. Os fatos que se seguiram mostraram que nenhuma das assertivas acima era verdadeira: Xandinho estava longe de estar em condições de disputar uma corrida. 

 

 

No PR, Xandinho Negrão foi "liberado para correr" no consultório médico. Na pista o (pouco) que se viu foi um piloto sem condições.

 

Nos treinos livres, que “não valiam nada”, pouparam o piloto e Marcos Gomes fez o “shakedown” dos dois carros da equipe... o que rendeu uma multa para a equipe e para os pilotos e uma pergunta que ninguém publicou: Se o piloto foi liberado para correr, não era o caso de aproveitar justamente o treino livre, que “não valia nada” para ver como ele estava?  

 

A resposta foi dada no dia seguinte, nos treinos classificatórios, quando a diferença entre os dois pilotos da mesma equipe foi de 3,3 segundos... um abismo! Ainda no mesmo dia, no treino livre, Xandinho também não foi para a pista. O piloto definitivamente não tinha a menor condição de correr, sendo um risco para ele e para seus colegas no grid! Na corrida, largando no fundo do pelotão, se por ordem ou por juízo, depois de duas voltas, o piloto recolheu o carro para os boxes e abandonou a prova. Na etapa de Interlagos, duas semanas depois e decorrido o tempo inicialmente estipulado para sua recuperação, andou normalmente e ficou a apenas meio segundo do companheiro de equipe.

 

 

Sob as hostes da empresa que detém os direitos de transmissão, a VICAR - dona da Stock - e a CBA criam regras insanas.  

 

A pergunta que não pode calar é: qual a razão para colocar um rapaz na pista sem que ele tivesse condições? Mesmo andando três segundos mais lento, isso ainda é deveras rápido... caso acontecesse alguma coisa, quem iria assumir a culpa? Do chefe da equipe, o Mauricio Ferreira? Dos patrocinadores? Do Dr. Altimann? Do Carlos Col? Do Carlos Montagner? Do Cleyton Pinteiro? Da TV que transmite ou – ao menos – tem os direitos para transmitir? 

 

Errar é humano... e este erro foi cometido indo para Piracicaba. Insistir no erro, ou é loucura, ou é burrice! 

 

Abraços, 

 

Mauricio Paiva

 

Last Updated ( Monday, 18 April 2011 20:26 )