No GP da Austrália tivemos a oportunidade de assistir a uma corrida diferente, que nos desobrigou de testemunhar, mais uma vez, o domínio evidente e tedioso do conjunto Verstappen-Red Bull. O superaquecimento do freio da roda traseira direita, foi a razão da retirada da competição do holandês logo no início da prova. Poderia ser o início de uma queda no desempenho da equipe austríaca? Longe disso. A Red Bull teve seus contratempos, que também prejudicaram Sergio Perez. Não estavam no seu dia de bom astral. Continuam firmes, fortes e favoritos.

A Ferrari e a McLaren nos proporcionaram a alegria de acompanhar uma corrida de olho no cronômetro, observando atentamente cada décimo de segundo ganho ou perdido entre os quatro líderes: Sainz e Leclerc (Ferrari) e Norris e Piastri (McLaren). Os quatro guiaram no limite extremo, querendo vencer, correndo sério risco de uma saída de pista.

Tudo foi muito bom no evento de Melbourne. A Ferrari mostrou que tinha um dos carros mais rápidos, marcando tempos muito próximos da Red Bull. Na qualificação essa situação se confirmou. Assim ficou definido o grid: 1º) Max Verstappen com 1m15s915, 2º) Carlos Sainz com 1m16s185, 3º) Sergio Perez com 1m16s274, 4º) Lando Norris com 1m16s315, 5º) Charles Leclerc com 1m16s435, 6º) Oscar Piastri com 1m16s572, 7º) George Russell com 1m16s724, 8º) Yuki Tsunoda com 1m16s788, 9º) Lance Stroll com 1m17s072, 10º) Fernando Alonso com 1m17s552. Tivemos um acontecimento curioso na pista australiana. Nos treinos, Alexander Albon bateu muito forte, destruindo seu Williams, de tal maneira que seria impossível ser recuperado antes da corrida. A equipe inglesa decidiu passar o carro de Logan Sargeant ao tailandês Albon. Dessa forma, o estadunidense não largou no GP australiano.

Ninguém esperava nada mais ou nada menos que uma nova vitória de Verstappen na prova de Melbourne. O holandês largou na frente, seguido perto por Sainz. Rapidamente ambos abriram distância dos demais. Inesperadamente, o espanhol superou Max na segunda volta. Mais uma volta e o freio traseiro direito do carro do holandês superaqueceu e pegou fogo, o obrigando a entrar nos boxes e desistir da corrida. Inacreditável! O dia era mesmo de Carlos Sainz. O espanhol estava “com o carro na mão”, como os pilotos costumam dizer quando tem o total e absoluto controle sobre sua máquina. Sainz soube controlar as tentativas de aproximação de seu companheiro Leclerc e administrou a vantagem até o final. A McLaren mostrou grande evolução, ao colocar Norris no pódio, em terceiro e Piastri em quarto. Para a Mercedes foi um dia a ser esquecido. Russell largou em sétimo e Hamilton em 11º. George se envolveu em uma batida com Alonso na última volta e Lewis abandonou na volta 15 por quebra do motor. Depois da Ferrari e da McLaren chegaram, de quinto a décimo, Sergio Perez (Red Bull), Lance Stroll (Aston Martin), Yuki Tsunoda (RB), Fernando Alonso (Aston Martin), Nico Hulkenberg (Haas) e Kevin Magnussen (Haas). Sem marcar nenhum ponto até agora, Williams, Sauber e Alpine lutam para saber quem será a menos pior.

No final de 2023 projetávamos que cada carro evoluiria em média 0,5 segundo, o que veio a se confirmar em Sakhir, apenas com o aperfeiçoamento dos projetos que já haviam sido adotados por cada grupo de projetistas. A Mercedes resolveu dar “o pulo do gato” e conseguiu com isso uma cruz pesada a carregar. O W15 apresenta sérios problemas de dirigibilidade, que será resolvido no decorrer da competição. Enquanto isso Red Bull, Mercedes e McLaren estarão concentradas nas normais atualizações e se dedicarão ao aperfeiçoamento de seus projetos bem nascidos. Na Fórmula 1 atual cada detalhe na evolução do carro precisa ser meticulosamente planejado. Mudanças radicais, como a Mercedes tentou, levam a equipe diretamente ao céu ou ao inferno, com maior probabilidade para a segunda opção. A direção da Mercedes não conseguiu conter o ímpeto de seus competentes – que não fique dúvida disso – projetistas, que se empolgaram com as novas soluções que encontravam pelo caminho. Situação possível a qualquer envolvido em disputa de altíssimo nível técnico.

Próximo encontro: GP do Japão, dia 7 de abril.

Luiz Carlos Lima

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