Os três dias da pré-temporada encerraram os preparativos das equipes visando a disputa do 75º Campeonato Mundial de pilotos e o 67º Campeonato Mundial de Construtores da Fórmula 1. No circuito de Sakhir, no Barhein, as equipes apresentaram seus novos carros para o ano de 2024.

Assistimos a um verdadeiro show de microevoluções, criadas por geniais projetistas. Cada um explica em detalhes a opção do caminho de desenvolvimento escolhido, do ponto onde se encontravam e onde pretendem chegar, cada um apostando que tomou decisões melhores às dos concorrentes. Eles mostram que corridas de automóveis começam muito antes de chegarem à pista. É a competição das ideias, envolvendo centenas de técnicos, todos trabalhando na mais fina sintonia, no mesmo caminho extremamente estreito, chegando todos juntos no acerto final.

Que nos perdoem os saudosistas, mas acreditamos que o automobilismo está cada vez mais atraente, envolvendo profissionais cada vez melhor preparados, incluindo os pilotos.

Depois de um ano de trabalho, com dedicação integral e uma razoável quantidade de horas extras, o resultado de tudo o que foi desenvolvido nas fábricas chega à pista, onde acontecerão os autênticos testes. Afinal, carros de corrida disputam em pistas e é nelas que devem superar a concorrência.

No primeiro dia de atividades na pista, achamos que por descuido, já que pretendiam esconder o jogo, Max Verstappen enfiou 1s1 no segundo colocado. A Red Bull deve ter se surpreendido com o desempenho muito superior de seu RB20. Pelo tempo restante da pré-temporada o carro da equipe austríaca não apareceu mais na frente. Eles continuam a ter o melhor carro. Resta saber quanto outras equipes se aproximaram.

A Ferrari parece ter sido a equipe que mais evoluiu entre todas. Tudo indica que o estilo de Frédéric Vasseur esteja agora surtindo seu efeito benéfico. A equipe italiana optou por não correr riscos e buscou evoluir de uma maneira conservadora, o que acreditamos ser o mais prudente, considerando a proximidade entre os carros.

Escolheu um caminho diferente a Mercedes. Executou alterações mais ousadas no W15, modelo da marca alemã para 2024. Hamilton considerou que o novo carro evoluiu muito em relação ao anterior. “É muito melhor para pilotar e suas reações são mais previsíveis. Tem espaço para evoluir”, disse o heptacampeão. O chefe Toto Wolff concordou.

Zak Brown, o mandatário da McLaren, espera conquistar vitórias em 2024, com seus talentosos pilotos Lando Norris e Oscar Piastri. A equipe britânica foi a que mais evoluiu no final de 2023, vem daí a confiança de Brown. A equipe alterou no carro o necessário para acompanhar a evolução das demais. Só no decorrer do Campeonato é que saberemos, já que na pré-temporada os resultados não foram os mais animadores.

A Aston Martin é uma incógnita. Não se sabe com certeza em que posição se encontra entre as equipes. Seus resultados na pré-temporada são inconclusivos. Fernando Alonso tem toda a competência conhecida, mas não pode fazer milagres. Se a equipe inglesa não mostrou evolução até agora deixará de incomodar as grandes, como fez na primeira metade do ano passado.

Surpreendente foi constatar Guanyu Zhou na terceira colocação com seu Sauber e Yuki Tsunoda, com seu RB em quinto, no final da pré-temporada. As duas equipes não demonstraram evolução e tudo indica que vão incomodar eventualmente. A Sauber já está vendida para a alemã Audi, que costuma ser eficiente em corridas de automóveis, e não promete grandes proezas nas mãos do presente dono. A RB continua sendo a equipe B da Red Bull.

A maior decepção da pré-temporada foi a Alpine. A equipe francesa deu sinais de progresso o ano passado, com algumas pontuações interessantes. Neste ano parece ter retrocedido algumas casas. E não é por falta de bons pilotos. Gasly e Ocon merecem melhor sorte.

Williams projeta voltar aos dias de glória da equipe britânica. Se acontecer, vai demorar. Seu pessoal técnico tem melhorado a níveis reais exigidos pela Fórmula 1. Tem como piloto o talentoso Alexander Albon, que vem sendo sondado por equipes maiores. Acreditamos que a Williams alcance alguns resultados de destaque.

Na contramão da evolução da maioria, a Haas parece estagnada, conformada com o último lugar. Dizem boas e más línguas que Gene Haas, o dono da equipe, se nega a fazer novos investimentos em infraestrutura, achando que “assim está bom”. Sendo assim, o melhor que Gene tem a fazer é vender a equipe para a Andretti, muito mais disposta a investir.

O GP do Bahrein, abertura do Campeonato Mundial de Fórmula 1, será disputado no próximo sábado, às 12 horas (horário de Brasília).

Esta semana o automobilismo brasileiro, e o Brasil, perdeu Wilsinho Fittipaldi, aos 80 anos de idade, uma das mais importantes personalidades da história do nosso esporte. A ele nossa mais sincera homenagem.

Luiz Carlos Lima

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