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“Silly Season” de Cartola é mais tensa PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 11 December 2023 21:48

Normalmente a gente tem entre as temporadas da Fórmula 1 (e de outras categorias) aquela coisa de especulações sobre o que vai acontecer na temporada seguinte. Esse período foi “batizado” pelos jornalistas que cobrem o esporte de “Silly Season”, ou “temporada de tolices” – apesar da mesma tratar de muitas coisas sérias – onde as conversas tinham (ou tem) mais especulações do que coisas relevantes (ou verdades).

 

Um dos assuntos principais eram as especulações sobre como ficariam as duplas nas equipes para a temporada seguinte e este ano – ao menos neste aspecto – a temporada foi mais “silly” do que nunca: pouco se falou, quase numa forçada de situação por conta de alguns “especialistas”, mas antes mesmo do final da temporada 2023 ficamos sabendo que os pilotos que terminaram a temporada (que teve a troca de Nick de Vries por Daniel Ricciardo a partir do GP da Hungria) seriam os mesmos a iniciar a temporada de 2024... e nas mesmas equipes! Zero mudanças! Confesso que não lembro de ver isso acontecer.

 

 

Apesar das equipes terem colaborado muito para a “Silly Season” se tornar uma “Bored Season”, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) trabalhou duro para deixar as coisas “bem animadas”. Se desde o início do ano seu presidente, o cabeça de caixote, Mohammed Bin Sulayem, decidiu “compra a briga” de colocar mais equipes na Fórmula 1 – abrindo as portas para a Andretti Global INC. – de Michael Andretti, contrariando os interesses das equipes (praticamente em sua totalidade e de maneira explícita), incomodadas com a “divisão do bolo em fatias menores” do que a promotora da categoria, a Liberty Media, repassa às equipes sobre o que foi ganho ao longo do ano, apesar de ser estranho termos uma empresa norte americana (Liberty Media) trabalhando num processo de popularização da categoria nos Estados Unidos com três corridas a partir de 2023, qual sentido não faria ter uma equipe “local”, forte e bem estruturada? Isso é muito estranho.

 

 

Mas as interferências de Mohammed Bin Sulayem foram muito além neste ano de 2023. Ainda no início do ano uma reportagem da Bloomberg, que diz que um fundo público saudita ofereceu 20 bilhões de dólares para comprar a F1. Em um negócio privado, o que a FIA, uma organização sem fins lucrativos (mas que nada em dinheiro) tem que se envolver? Bem, segundo seu presidente, qualquer potencial comprador é aconselhado a aplicar o bom senso, considerar o bem maior do esporte e vir com um plano claro e sustentável. Ele também alegou ser dever da FIA considerar qual será o impacto futuro para os promotores em termos de aumento das taxas de hospedagem e outros custos comerciais e qualquer impacto adverso que isso possa ter sobre os fãs.

 

Isso enfureceu os diretores da Liberty Media! O problema é que tem um documento assinado em 2001, nos tempos do Bom Velhinho e do Max Chicotinho, respectivamente CEO da Fórmula 1 e Presidente da FIA, com duração de 100 anos (sim, vocês não leram errado) onde qualquer novo proprietário da Fórmula 1 deve ser aprovado pela FIA. Isso acabou provocando a não concretização do negócio e com as outras coisas que foram acontecendo ao longo do ano – entre elas o “sim” para a Andretti – o ambiente estava bem pesado no final da temporada.

 

 

Não bastasse isso, uma investigação aberta pela FIA, que aparentemente, com acusações contra a esposa de Toto Wolff, Susie Wolff (nascida Stoddart, filha do chefão da Ford no WRC como fiquei sabendo pelo nosso colunista Alexandre Gargamel), diretora do programa Fórmula Academy, categoria voltada para pilotas, estaria usando seu cargo para passar informações privilegiadas para o marido e que a investigação era fruto de denúncia vinda de outra equipe. A reação foi quase imediata e uníssona, com todas as equipes da Fórmula 1 emitindo comunicados – com texto praticamente igual – negando ter sido a fonte da “denúncia”. Susie Woff também não deixou barato e usando redes sociais para deixar clara toda sua indignação.

 

A Liberty Media tem que “engolir” um modelo de gestão onde ela lida com os contratos de pista, transmissão, publicidade, entrega de produtos e fornecimento de infraestrutura para os GPs. Já a FIA fica com a questão regulatória e desportiva, emitindo licenças e batendo o martelo em tópicos como calendários e regulamentos. Outros momentos de interferência do dirigente no esporte como a investigação em cima de Wolff e Frédéric Vasseur por xingamentos no GP de Las Vegas e a de Lewis Hamilton no GP do Catar. A investigação contra Susie Wolff jogou um balde de gasolina no fogo e a continuação do ambiente de conflito pode levar a Liberty Media a radicalizar a situação e provocar o rompimento entre os promotores da categoria e a entidade que a regula.

 

 

Se alguém acha isso impossível, basta lembrar que a NASCAR e a Fórmula Indy tem seus regulamentos, gestão, e promoção totalmente independentes da FIA. Essa história toda ainda pode acabar mal.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.