Pela primeira vez, nos 74 anos de história da Fórmula 1, todos os pilotos que encerraram a temporada como titulares em um ano mantiveram seus lugares nas equipes para o ano seguinte. Na transição de 2023 para 2024 foi exatamente o que aconteceu.

2023 registrou um Campeonato com vários recordes estabelecidos, especialmente por Max Verstappen e a Red Bull. O holandês chegou à sua 54ª vitória, superando Alain Prost (51) e Sebastian Vettel (53), ficando agora em terceiro da história, ainda distante de Michael Schumacher (91) e Lewis Hamilton (103). Venceu este ano 19 das 22 corridas disputadas, chegando a 86,36% das conquistas. Superou ele mesmo, que em 2022 venceu 15 das 22 provas, ou seja, 68,18%. Aos 26 anos de idade Verstappen tem pela frente pelo menos mais 10 anos na Fórmula 1. Até onde o holandês pode chegar não sabemos. O certo é que será sempre um adversário a ser batido.

O presente ano também reservou algumas curiosidades que merecem uma reflexão. Foi o ano na história em que mais carros completaram a corrida na mesma volta do vencedor. Em 2020, último ano antes das alterações mais radicais no regulamento, a média de carros que concluem um GP na mesma volta do líder foi de 12, melhorou em 2022 para quase 13 carros e para 14 em 2023. As diferenças de tempo entre os 10 primeiros do grid vem diminuindo significativamente. Em cinco oportunidades a diferença foi menor que um segundo. Na Hungria, Lewis Hamilton virou 1m16s609, 0s557 mais rápido que Niko Hulkenberg, o décimo; nos Estados Unidos (Austin), Charles Leclerc marcou 1m34s723, 0s744 à frente de Oscar Piastri, o décimo; no México, Charles Leclerc, ao registrar 1m17s166, foi 0s884 mais rápido que Guanyu Zhou, o décimo e no Reino Unido, Max Verstappen virou em 1m26s720, 0s969 à frente de Pierre Gasly, o décimo. Aqui estão expostos apenas os resultados de Q3. Chegamos a registrar diferenças de 1s2 no Q1, acontecimento bastante animador. Os dados expostos significam que os carros da Fórmula 1 estão cada vez mais próximos e deve melhorar nos próximos anos.

O apaixonado por automobilismo quer assistir disputas acirradas principalmente por vitórias. Se em 2024 algumas concorrentes mais diretos, como Ferrari, Mercedes, McLaren e Aston Martin, não conseguirem alcançar a Red Bull certamente estarão mais próximas. Considerando que não haverá alteração importante no regulamento, o resultado da evolução técnica das equipes ficará evidente. De qualquer forma acreditamos que o “Holandês Voador” não voltará a ser tão dominador.

Comandada por executivos mais ousados que os anteriores, a Liberty Media está provocando uma verdadeira revolução na Fórmula 1. A audiência está aumentando em todo o mundo, as redes sociais ampliam suas participações na dinâmica promocional, pilotos estão cada vez mais famosos e idolatrados, torcidas por equipes se multiplicam, assim como o faturamento de empresas ligadas ao setor. A Fórmula 1 está se tornando, finalmente, um fenômeno global, explorando o potencial que sempre demonstrou, mas que não foi devidamente promovido.

Muita gente criticou a equipe Williams por ter renovado o contrato do piloto estadunidense Logan Sargeant, por absoluta falta de entrega de resultados minimamente satisfatórios. Também estranhamos a atitude incomum da equipe inglesa. A decisão não é uma questão financeira, certamente. Uma vaga na Fórmula 1, mesmo das menores equipes, é negociada a peso de ouro. Existem outros pilotos com suporte para igualar ou cobrir o que Sargeant pagou. A equipe tem, ao alcance dos dedos, a telemetria do piloto, com todos os detalhes de desempenho, pontos fortes e pontos fracos. É bom lembrar do grid para o GP de Las Vegas: 6º) Alexander Albon, primeiro piloto da Williams, com 1m33s323 e 7º) Logan Sargeant, com 1m33s513, menos de dois décimos de segundo de diferença. Ao contrário do que Helmut Marko fez com Nick De Vries, queimando a carreira do jovem piloto, a Williams agiu corretamente, por ter encontrado mais qualidades que defeitos no também jovem piloto.

Luiz Carlos Lima

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