Olá leitores!

Como estão? Na torcida para todos estarem bem. Final de semana de provas noturnas e – em algum momento da programação – conturbadas. Foi com certo espanto que constatei que o “calor” que alguns reclamavam nas noites do Catar era mais ameno que o calor das noites de São Paulo nos últimos tempos. Com o calor que fazia no Catar eu teria conseguido dormir sem maiores problemas, com o calor de São Paulo geralmente o sono vem da pura exaustão física e mental, depois de transpirar insanamente com o ventilador desligado e ser incomodado com o barulho do ventilador funcionando.

E já que começamos falando do Catar, vamos ao final de semana do Mundial de Motovelocidade, realizando sua penúltima etapa antes do encerramento da temporada em Valência. Na Moto3 o espanhol Jaume Masia teve sua primeira chance de definir o título e não a desperdiçou, vencendo uma corrida que seguiu o padrão das provas da Moto3, não sendo recomendada para portadores de moléstias cardíacas. Escalou o pelotão com a competência habitual, dividiu todas as freadas e curvas que foram necessárias e alcançou o degrau mais alto do pódio com a competência de um verdadeiro campeão. O único dos que estavam à frente dele que facilitou a tarefa foi Oncu, que se afobou, queimou a largada e recebeu uma punição de dupla volta longa por conta disso. Ainda assim, Oncu foi guerreiro, mostrando que estava com a moto muito bem acertada, e galgou novamente as posições perdidas com a punição para conquistar o degrau mais baixo do pódio, a míseros 16 centésimos de segundo atrás de Masia. Entre Oncu e Masia chegou o novato do ano, o colombiano David Alonso, a míseros 6 centésimos de segundo de Masia, valorizando ainda mais a conquista antecipada do título. Conquista que foi possível com o resultado abaixo do esperado de Sasaki, que cruzou a bandeirada apenas na 6ª posição, após frequentar quase todas as posições do pelotão dianteiro. Com esse resultado, ele perdeu a chance de alcançar a pontuação de Masia na última etapa. O brasileiro Diogo Moreira, após conquistar uma ótima 2ª posição pra largada, sofreu com a intensidade das batalhas e foi caindo de posições, terminando a prova em 26º, o último dentre os classificados na corrida.

Na Moto2, Fermin Aldeguer mostrou que está terminando a temporada em excelente forma e venceu sua terceira corrida em seguida esse ano, abrindo vantagem dos adversários fazendo algumas vezes seguidas a melhor volta da prova e eliminando os sonhos de quem pretendia alcançar o degrau mais alto do pódio. Em compensação, a luta pelos outros dois degraus foi acirrada entre Manuel Gonzalez e Aron Canet, com Gonzalez se impondo com a monumental vantagem de 9 milésimos de segundo sobre Canet e conquistando de maneira espetacular seu primeiro pódio na Moto2, uma corrida que certamente ficará na memória do espanhol – aliás, um pódio inteiramente espanhol na categoria.

No tocante à categoria principal, a MotoGP, tivemos os dois atores da disputa pelo título se alternando nas atuações abaixo do esperado. Sábado foi a vez de Bagnaia não ficar nem no pódio na Sprint Race (chegou em 5º) enquanto Martin vencia e convencia, ao passo que na corrida principal, se Bagnaia não conseguiu segurar o forte ritmo de Fabio Di Giannantonio e sua Ducati do ano passado da equipe Gresini para obter sua primeira vitória na categoria (muito comemorada não só pelo próprio Diggia como pela equipe também), Martin brigou a corrida inteira com um pneu traseiro que se recusava a fornecer aderência e cruzou a bandeirada em 10º lugar após um verdadeiro MMA contra a moto, tendo inclusive afirmado após a corrida que “perdeu o campeonato por conta desse pneu” mas sem acusar diretamente o fornecedor oficial de pneus. Foram acompanhados no pódio por Luca Marini, fazendo um pódio totalmente Ducati e totalmente italiano. Marini que teve trabalho segurando Viñalez, que tentou conquistar esse degrau mais baixo do pódio e, se tivesse umas 2 votas a mais, talvez fosse bem sucedido. Agora é ver o que a etapa final em Valência nos reserva...

Enquanto isso tivemos o “Saturday Night Fever” em Las Vegas, onde após um começo dos treinos muito abaixo das já baixas expectativas para a etapa, a prova em si acabou sendo até que interessante no circuito do Porco Aranha (favor consultar episódio dos Simpsons para entender a referência). O mau começo veio com tampa de bueiro se soltando e danificando seriamente o carro de Carlos Sainz, provocando não apenas o cancelamento da primeira sessão de treinos como um atraso de mais de 2 horas no começo da segunda sessão, que por ter acontecido tão atrasada teve a bizarra cena dos espectadores sendo retirados das arquibancadas devido ao final do horário para o qual os seguranças foram contratados. Depois do bizarro anúncio da punição de 10 posições pelo fato do Sainz ter sido obrigado a trocar mais peças do que o arcaico regulamento da categoria (redigido ainda quando não existia o teto de custos) permite, e sem a capacidade dos “deuses do Olimpo” (a.k.a. comissários) de contornar esse absurdo (ou falta de vontade, quando eles querem as coisas do regulamento são contornadas), as coisas começaram a entrar nos eixos e a corrida em si até que foi melhor que o esperado. Talvez por conta das baixas expectativas colocadas nela, obvio, mas não podemos deixar de mencionar a ultrapassagem na luta pelo segundo lugar do Leclerc sobre o Pérez na última volta, uma das mais bonitas da temporada. Afinal, já que o Verstappen se esforça pra tornar cada corrida o mais chata possível, os outros pilotos precisam fazer a parte deles para trazer algum atrativo para a corrida. Foi um resultado até que inesperado um Ferrari se intrometendo entre os dois Red Bull, mas esse 3º lugar foi o suficiente para garantir ao mexicano o vice campeonato da temporada. Mesmo largando no meio do pelotão, Sainz ainda conseguiu salvar um 6º lugar na bandeirada, atrás dos surpreendentes Ocon (4º) e Stroll (5º). Uma pena que, após uma classificação excelente, os dois carros da Williams tenham terminado fora da pontuação. Agora é aguardar o fim da temporada no soporífero Yas Marina..

Até a próxima!

Alexandre Bianchini

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.