A última corrida do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 1973, o GP dos Estados Unidos, na pista de Watkins Glen, foi marcada por uma tragédia. A morte de François Cevert nos treinos, no dia 6 de outubro, abalou a todos no circo. O acidente que vitimou François, um dos mais queridos pilotos por todos, aconteceu de forma brutal.

Um fiscal de pista, na linha de chegada, agitou freneticamente uma bandeira vermelha, evidenciando que algo grave acontecera. Logo depois os carros que participavam da tomada de tempo foram se recolhendo vagarosamente aos boxes. Era um dia ensolarado. Pilotos, chefes de equipe, engenheiros e mecânicos passaram a conferir os carros que se recolhiam. Só um não apareceu: o Tyrrell de Cevert.

Jackie Stewart, que já havia conquistado seu terceiro título mundial naquele ano, caminhou em direção à sua mulher, Helen, fazendo gestos desolados. As mãos de Helen ergueram-se para o rosto, deixando cair o cronômetro e a tabela de tempos. O escocês disputaria seu centésimo GP em Watkins Glen, mas diante da morte do companheiro de equipe e amigo desistiu. Seria a última corrida do escocês, mas ele só anunciaria depois da prova. Cevert herdaria a posição de primeiro piloto da Tyrrell. Só os membros da equipe sabiam disso.

José Carlos Pace, piloto brasileiro da Surtees, permanecia encostado no guard-rail da entrada dos boxes, com as mãos cobrindo o rosto, enquanto seu corpo se contorcia com o choro. Naquele dia Pace, amigo de Cevert, estava completando 29 anos de idade. Depois comentou: — Olha o presente de aniversário que recebi.

Um piloto alto e louro saiu de sua Lotus caminhou pelos boxes, tirou o capacete azul e a balaclava, O sueco Ronnie Peterson chorava intensamente e sentou em um canto. Era o amigo mais próximo de François e foi o primeiro a chegar ao local do acidente, junto com Pace. Especialistas calcularam que o Tyrrell bateu a 250 km/h em um guard rail, atravessou a pista se arrastando, dilacerando o corpo do francês. Foi essa cena que os pilotos assistiram quando chegaram para socorrer. Pace comentou: — Somos loucos por correr nesses carros. Por que continuamos a fazer isso? Peterson, que no dia seguinte venceu a corrida, disse: — Correr é tudo pra mim. Acho que não saberia fazer outra coisa. Mas hoje não senti prazer nenhum em vencer.

A morte de François Cevert foi um dos acontecimentos mais graves da história da Fórmula 1. O francês morreu aos 29 anos de idade, tendo vencido um único GP na carreira de 46 GPs, justamente o dos Estados Unidos, na mesma pista de Watkins Glen, em 1971. Era considerado um dos melhores pilotos. Ao assumir a vaga de Stewart como primeiro piloto da Tyrrell, aumentaria muito suas chances de ser campeão. Era, principalmente, um dos mais simpáticos participantes da categoria. Foi também considerado um dos homens mais bonitos do mundo. Vários livros e documentários sobre a vida do francês foram produzidos, sobretudo na França. A segurança dos carros de Fórmula 1 melhoraria significativamente.

Luiz Carlos Lima

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