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Carlos Sainz não é segundo piloto de ninguém PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 17 September 2023 19:00

Olá fãs do esporte a motor,

 

Uma das grandes dificuldades quando se trabalha com dois pilotos da mesma equipe há sempre a possibilidade de que alguém questione de o terapeuta está “dando o máximo” com ambos ou mesmo se há algum tipo de predileção.

 

Durante as férias de verão da Fórmula 1 no mês de agosto, recebi um telefonema do atual chefe da equipe Ferrari, Frederic Vasseur. Ele tentou me questionar sobre eu poder estar agindo de alguma forma a interferir – negativamente – no desempenho de seus pilotos. Digo tentou porque quando ele começou a insinuar isso eu o interrompi e perguntei se ele conhecia o Toto Wolff. Quando ele disse que sim falei pra ele ligar para o Toto e perguntar como foram os anos em que cuidei do Lewis e do Nico. Como uma grávida surtada, bati o telefone na cara dele!

 

Uma semana depois ele ligou novamente e o tom da conversa foi totalmente diferente (acho que ele conversou com o Toto...). Em todo caso, entendo a preocupação dele e como a abordagem foi diferente, procurei passar à ele minhas impressões, até mesmo com alguma orientação de como abordar determinados assuntos com seus pilotos. Será que isso teve alguma influência no que veio acontecendo na equipe no retorno das férias?

 

 

As sessões que tive com Carlos Sainz Jr. foram extremamente positivas durante as férias de verão e na sessão que tivemos antes do GP de Singapura só confirmou os efeitos de certas tomadas de decisão sobre coisas que o vinham incomodando. Ao contrário do que sempre recomendo, alguns dos meus pacientes costumam dar uma atenção maior do que deveriam aos que circula na imprensa e nas redes sociais sobre suas vidas e particularmente sobre as coisas referentes ao seu trabalho como esportista.

 

Ao longo deste ano muito se falou sobre uma possível saída de Carlos da Ferrari, aumentando o volume das críticas que já haviam começado no ano passado. Numa atitude dele, claro, Carlos tomou uma nova direção nesse retorno das férias e o retorno disso foi extremamente positivo. Com a cabeça mais leve, Carlos ficou mais próximo do piloto que o levou a ser contratado pela Ferrari para formar dupla com Charles Leclerc.

 

 

Errando menos, performando mais e fazendo seu perfil técnico minimalista, Carlos começou a reverter uma tendência de que Charles era o primeiro piloto da equipe e ele era o segundo, algo que – ao menos oficialmente ou contratualmente – não foi estabelecido na equipe italiana, mas que era colocado desta forma pela imprensa local, por boa parte dos ‘tifosi’ e até mesmo algumas posturas de pessoas dentro da equipe.

 

Se na cabeça de Carlos a mudança já havia acontecido, faltava acontecer na pista e foi justamente em Monza que ele se fez impor de forma indiscutível, não apenas fazendo a pole position e liderando a corrida por 14 voltas, segurando Max e a super Red Bull atrás dele. Depois foram 13 voltas segurando Sergio Perez e fazer isso em um circuito que tem grandes possibilidades de ultrapassagem é algo a ser respeitado.

 

 

Mas foram as últimas voltas, com uma condição de pneus mais desgastados, tendo seu companheiro de equipe tentando superá-lo que Carlos deixou claro que não é – nem nunca será – um segundo piloto e ele foi buscar uma memória antiga de quando era piloto da então Toro Rosso e seu companheiro de equipe era Max Verstappen e, em um GP de Singapura, ele abriu caminho para o companheiro atacar o carro da frente e na hora de “destrocar” as posições Max Verstappen falou um sonoro “não” para a equipe pelo rádio.

 

Carlos seguiu para Singapura e eu decidi aguardar o final da corrida para publicar esta coluna (coisa de sexto sentido feminino que as entendedoras entenderão) e eu estava afiada (será efeito da gravidez?). Carlos repetiu a pole position e, em um circuito onde ultrapassar não era tarefa das mais fáceis e com a Red Bull longe de seus melhores dias, fez uma corrida cerebral, liderando as 62 voltas, controlando a posição dos adversários atrás dele, impedindo tentativas de mudanças de estratégia para conseguir algum benefício.

 

 

Após a corrida, as fotos, as reuniões pós-corrida, Carlos me telefonou quando estava voltando para o hotel, perguntando se eu tinha assistido a corrida (é claro que assisti) e entre as coisas que ele falou, uma me deixou muito feliz: “não vim para a Ferrari para ser segundo piloto”. Mais do que palavras, as atitudes que ele tem tomado falam por si.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares