Olá fãs do esporte a motor,

Este período de “férias” da Fórmula 1 pode ser de férias nas telas de TV e dos que acompanham as corridas pelo streaming. Para mim, é trabalho dobrado e junta com a reta final da Fórmula Indy. Agenda lotada de segunda a sexta pra gravidinha.

Não são raros os pilotos que, mesmo depois de deixar as competições continuam como meus pacientes. Nesses casos o grande desafio – para eles e para mim – é lidar com a mudança de vida que eles passam e como fazer esta mudança de vida ser absorvida da melhor maneira.

Deixar a atividade esportiva é algo que todo atleta – cedo ou tarde – vai precisar enfrentar. Não é um processo fácil, especialmente quando a saída não é uma coisa preparada e as vezes é até abrupta, como a troca na Alpha Tauri, com a saída de Nyck De Vries e o retorno de Daniel Ricciardo (último paciente da terça-feira, dia 8), que após sua antecipação de rescisão de contrato com a McLaren, voltou a ser parte do grupo de pilotos da Red Bull, que o patrocinou até chegar à Fórmula 1 para trabalhar no simulador da equipe e realizando trabalhos promocionais para a marca.

Todos viram o “processo de demolição pessoal” pelo qual passou Nyck De Vries ao longo deste ano e com sua dispensa, Daniel Ricciardo foi o escolhido para tomar seu lugar no GP da Hungria, mas isso não foi um simples movimento de troca. Durante os testes de pneus realizados em Silverstone, ele surpreendeu positivamente a quem o considerava uma figura decorativa conseguindo virar muito rápido, inclusive com um tempo que o colocaria na primeira fila dogrid de largada do GP recém disputado.

O plano de Daniel era conseguir voltar numa equipe que lhe desse condições de brigar por bons resultados, mas a oportunidade que recebeu foi a de assumir um lugar numa equipe que não vem tendo um bom desempenho nessa temporada. Depois de duas temporadas ruins na McLaren em 2021 e 2022, o que foi um golpe em sua confiança e a equipe o dispensou, levando-o a assumir a vaga de piloto reserva na Red Bull, este retorno pela Alpha Tauri é um desafio redobrado.

Os holofotes sobre o desempenho de Ricciardo aqui serão intensos. Sérgio Perez passou por uma série de dificuldades, não conseguindo chegar à última sessão da qualificação em várias das últimas corridas e com Max Verstappen colecionando vitórias, esse retorno acaba sendo uma ameaça para o segundo piloto da Red Bull  e uma vaga na equipe principal é considerado o passo para ser dado e Daniel não esconde que substituir Sérgio Perez, e um retorno à Red Bull seria o resultado mais desejado.

Daniel Ricciardo é realista e diz, embora não haja metas específicas que ele deva alcançar nas próximas corridas até o final da temporada para defender a manutenção do assento ou uma mudança para a Red Bull, mas ele sabe que precisa apresentar desempenhos fortes, superar o companheiro de equipe, Yuki Tsunoda e mostrar que pode oferecer mais que o “primeiro da fila” dos pilotos do programa de jovens talentos, Liam Lawson, atualmente correndo na Super Fórmula japonesa.

Não é segredo para ninguém, e Daniel não faz a menor questão de esconder que, obviamente, o objetivo e voltar a ter um carro da Red Bull nas mãos e ele não faz a menor cerimônia em lembrar o fato de que até entrar em conflito com Helmut Marko e dizer que não ficaria na equipe, ele tinha mais pontos e mais consistência nos resultados do que Max Verstappen – ainda muito novo e inconstante. Ele sabe que a realidade será bem diferente em um retorno e que Max não é mais o piloto inconstante do passado.

A realidade é que Daniel Ricciardo está se sentindo renascido para a Fórmula 1 e as pessoas podem ter certeza que ele vai agarrar esta oportunidade com todas as forças e mesmo não tendo recebido nenhuma garantia sobre seu futuro da administração da Red Bull, ele reconhece a necessidade de encarar esta metade final de temporada como “a chance da vida” para ser considerado em um retorno à equipe campeã mundial.

Beijos do meu Divã,