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Entrevista: Mauricio Slaviero PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 23 December 2010 19:38

 

 

Maurício Slaviero é um jovem empresário que teve uma boa passagem pelas pistas, disputando as categorias nacionais e internacionais como a F. Chevrolet, a F 3 sulamericana e a Indy Lights, nos EUA. Depois de deixar as pistas, passou a trabalhar com o ramo esportivo com uma empresa própria até ser convidado por Carlos Col para ingressar na Vicar em 2009. Hoje, Maurício é o Diretor Geral da empresa e gentilmente nos recebeu para esta entrevista. 

 

NdG: Quais as maiores dificuldades que quem quer fazer automobilismo no Brasil encontra e como a VICAR faz para lidar com isso? 

 

Mauricio Slaviero: Na verdade existem uma série de questões que dificultam um pouco o trabalho com o automobilismo aqui no Brasil... mas as coisas estão melhorando muito. Eu diria que uma das coisas que ainda precisam ser trabalhadas pela CBA e pelos promotores são os autódromos. Salvo alguns autódromos muito bons que temos, Curitiba, Interlagos, Velopark, todos os outros autódromos necessitam de alguma adaptação, de alguma melhoria e nem sempre os governos locais demonstram um interesse em desenvolver este trabalho. Este é o ponto mais crítico de tudo: ter um apoio maior das cidades, das prefeituras, dos governos, para que melhorem a estrutura de alguns autódromos. 

 

NdG: O Brasil tem hoje 15 autódromos, se incluirmos Piracicaba, mas – pelos padrões da categoria – provavelmente menos de 10 tem condições de receber a Stock, seria isso? 

 

 

"A Stock Cars, em uma cidade, movimenta algo em torno de 10 milhões de reais. Os governantes deveriam participar mais". 

 

Mauricio Slaviero: Este é um outro fator importante: a construção de novos autódromos. Locais onde não temos provas e que seriam, certamente, locais que o público se interessaria em comparecer, como Minas Gerais, por exemplo. Um estado, grande, importante, rico e que não temos corrida da Stock.  

 

NdG: Ouvimos sempre muitas queixas com reação aos custos das categorias no automobilismo. Isto não é apenas na Stock Cars, mas em todo o meio automobilístico de uma forma geral.O que a VICAR tem feito no sentido de reduzir custos? 

 

Mauricio Slaviero: O primeiro ponto é o seguinte: automobilismo é caro! Qualquer pessoa que queira fazer automobilismo e pensar que é uma coisa barata, vai se frustrar. O que nós aqui na VICAR procuramos fazer é minimizar estes custos, buscando parcerias. Nós temos, por exemplo, parcerias com fornecedores de pastilhas e disco de freios, de combustível... coisa que reduzem os custos de uma equipe. Temos também a questão das premiações, que faz com que as equipes e pilotos com melhor desempenho tenham um extra e assim buscamos reduzir os custos de cada equipe. Além disso, estamos constantemente buscando conversar com equipes e pilotos para encontrarmos formas de melhorar esta questão de custos, buscarmos alternativas, mas sempre com a preocupação de não perdermos a visibilidade da categoria, o interesse do público e o dinamismo que caracteriza a Stock Cars. 

 

NdG: Quando da extinção da Stock Light e da antiga Pickup Racing para a criação da nova categoria, a Copa Montana, havia uma expectativa de uma lista de inscrição com pelo menos 40 carros. Isso não aconteceu. Porque?

 

Mauricio Slaviero: Foi uma questão técnica. Nós limitamos em 34 posições para a categoria e, na época, havia mais uns 15 a 20 carros buscando um lugar no novo formato da categoria. Contudo, era preciso sermos realistas: logisticamente falando, os autódromos onde a Stock realiza suas etapas, em sua maioria, não teriam como comportar a infraestrutura necessária para a categoria, além da categoria principal e da Mini, além de ter a questão de número de carros no grid, caso chegássemos a 50 carros. Daí, para aceitarmos esta quantidade de inscrições e termos um grid com 34 carros, muitos iriam apenas treinar, não classificar, voltar para seus locais de origem... nós achamos que isso não seria interessante. 

 

NdG: E qual foi o critério de seleção destas equipes que hoje fazem a Copa Montana? 

 

 

"Para levar público aos eventos de automobilismo é preciso melhorar os autódromos e promover melhor os eventos".

 

Mauricio Slaviero: Foram dois: o primeiro, foram as equipes que tiveram o melhor desempenho na temporada anterior, quem fez mais pontos e o segundo, para fechar o grid, foi a ordem de inscrição. Quem foi mais rápido conseguiu um lugar! 

 

NdG: Após 1 ano de Copa Montana, qual o balanço que o senhor faz da categoria? 

 

Mauricio Slaviero: Para nós da VICAR a categoria foi um sucesso! Foi o primeiro ano que a Chevrolet investiu na categoria, utilizando um produto dela, a pickup Montana e que no ano que vem terá a nova carroceria da Montana nova. Este ano já tivemos um campeonato disputadíssimo, com provas incríveis, com pilotos agressivos e que querem mostrar trabalho, o que beneficia o espetáculo. As transmissões da Rede TV foram super elogiadas, com uma audiência muito boa, especialmente por eles não terem uma penetração tão grande quanto outras emissoras e apostamos que a tendência da categoria é crescer ainda mais, melhorar ainda mais. 

 

NdG: Na crise financeira de 2008/2009 ocorreram profundas mudanças em alguns setores da economia mundial. Uma delas foi a venda da Opel por parte da GM nos EUA. A Montana nova está com a base do Agile, que é um projeto da GM americana, mas o Astra, que é um projeto da antiga “parte européia” da montadora, não mudou para 2011. A GM tem conversado com a VICAR sobre o futuro dos carros que usam uma ‘bolha’ da GM na categoria principal? 

 

Mauricio Slaviero: Esta questão de estratégia da Chevrolet é uma coisa deles e que a gente não tem acesso a isso, mas por enquanto, o que eu posso dizer, é que a Chevrolet continua muito empenhada em apoiar a categoria e que o nosso contrato com eles já foi renovado. Por enquanto a bolha continuará sendo a mesma deste ano de 2010. Temos uma relação muito boa com eles, de muitos anos e que acreditamos que assim será por mais muitos anos. Agora, qual será a estratégia deles para o futuro isso nós vamos ter que aguardar. Por enquanto, na categoria principal, fica como está. 

 

NdG: Em 2009 a VICAR investiu pela primeira vez no modelo de corridas de rua para a Stock Cars e categorias conjuntas com a prova de Salvador. Neste ano de 2010, foram duas provas, com a entrada de Ribeirão Preto. Quais os pontos mais complexos/críticos para a realização de um evento urbano para a VICAR? 

 

Mauricio Slaviero: A logística do evento, como um todo, a organização do evento como é feito um evento da VICAR foi e é um grande desafio. A gente tem que montar um autódromo, construir uma pista para um evento de três dias. É um trabalho que demanda toda uma preparação e que começa com dois meses de antecedência para que, naquele final de semana tudo funcione e seja o sucesso que foram as etapas até agora. O mais complicado é manter uma estrutura trabalhando para que este evento aconteça quando há também outros eventos em andamento, provas que acontecem antes desta em circuito de rua. O outro ponto é a logística no local. É a gente conseguir cercar todos os pontos onde pode haver um problema. É trabalhar de formas a que a segurança de todos (profissionais envolvidos, público e pilotos) seja total. 

 

NdG: A VICAR baseou-se em que formato para fazer estas provas? Os senhores foram buscar modelos/consultores em outros países? 

 

 

"A exceção de Interlagos, do Velopark e de Curitiba, todos os outros autódromo do Brasil precisam melhorar no quesito segurança".

 

Mauricio Slaviero: A estrutura que nós utilizamos segue o padrão da FIA. A FIA tem um modelo com os requisitos que tem que ser atendidos para a realização e uma prova em circuito urbano. Este padrão diz respeito a telas, muros, defensas, itens de segurança necessários. Outras coisas a gente foi vendo o que os outros fazem fora do Brasil e dá certo e fomos introduzindo. A metodologia de trabalho, as ações periféricas e, claro, vendo as questões que são de características do local e nossas que precisavam ser colocadas também. 

 

NdG: Nosso site tem como sem maior foco a história do nosso automobilismo e, quando pesquisamos sobre os eventos brasileiros no passado, vemos fotos de autódromos tomados fosse qual fosse a corrida. Atualmente, apenas a Stock e a Truck conseguem fazer isso. As demais categorias correm para autódromos praticamente vazios. O que se pode fazer para resgatar o público que se tinha no passado? 

 

Mauricio Slaviero: Acho que precisamos considerar diversos fatores. Primeiro a gente precisa analisar a mudança cultural que o povo brasileiro teve como um todo. Hoje, no Brasil, as pessoas tem tido muito mais opções de eventos, de entretenimento, como shows musicais e mesmo a concorrência de outros esportes como o vôlei, por exemplo. Isso acabou diluindo o público. O que precisa existir é um trabalho forte de divulgação dos eventos para trazer público para os autódromos. A média de público da Stock, com 36 mil por evento, foi maior do que a do campeonato brasileiro de futebol e as outras categorias precisam fazer um trabalho como este que fazemos. Isso também passa um pouco pelo que falei no início: os autódromos precisam melhorar suas estruturas para que o público também se sinta confortável indo até lá assistir uma corrida.  

 

NdG: Em 2010 tivemos o retorno de Londrina ao calendário e, nas visitas que estamos fazendo aos autódromos pelo país, vimos um forte movimento no intuito de aparelhar as praças para receber categorias no porte da Stock Car. Caruaru, Fortaleza e Cascavel já tem projetos prontos, Guaporé foi recapeado... qual a viabilidade de se ter uma ampliação do calendário da categoria em mais algumas provas? 14 talvez? 

 

Mauricio Slaviero: O número de etapas da Stock depende de uma série de fatores: depende do interesse dos patrocinadores, do orçamento das equipes, dos pilotos... obviamente a VICAR gostaria de poder, no futuro, aumentar o número de etapas. Quando? Não podemos afirmar ainda. Quanto a esta movimentação dos administradores dos autódromos para melhorar as condições lá existentes, temos acompanhado os acontecimentos, mas acho que este movimento deveria ser muito mais intenso do que está sendo. Deveria ser mais rápido e mais intenso. Não adianta apenas se recapear a pista para se deixar um autódromo em condições de receber um evento de grande porte. Muitas outras coisas tem que ser feitas. Londrina, para onde retornamos este ano, sofreu diversas obras para poder receber a Stock... e o asfalto não foi recapeado. As outras obras, em áreas de escape, paddock, instalações de apoio eram mais importantes. A prefeitura nos prometeu que o asfalto será recapeado. Isso é condição para o retorno em 2011. Existe um conjunto de aspectos que precisam ser levados em conta para que possamos levar uma etapa da Stock a um determinado autódromo. Isso vai desde o conforto para convidados e público em geral, condições de trabalho para as equipes e pilotos, questões de segurança... as áreas de escapa dos nossos autódromos precisam melhorar bastante, a exceção de Interlagos, Velopark e Curitiba... deveria haver um acompanhamento e um trabalho mais intenso dos governos locais e as federações quanto a isso.  

 

NdG: A justificativa quase sempre recai na questão custo para fazer isso... 

 

 

"Até poderemos aumentar o número de etapas no futuro, desde que tenhamos autódromos com estrutura para receber a Stock". 

 

Mauricio Slaviero: A VICAR tem uma estimativa de que, uma etapa da Stock Cars movimenta algo em torno de 10 milhões de reais em um final de semana e que o retorno em giro de capital, arrecadação de imposto, paga e sobra os investimentos que precisariam ser feitos nos autódromos. Com certeza, a cidade que investir em modernizar e fazer do seu autódromo um local de primeira linha vai ter argumento para levar uma prova da Stock Cars para lá e nós levaremos.  

 

NdG: A crise de 2008/2009 afastou algumas montadoras que eram parceiras da categoria. No meio do ano surgiram rumores sobre uma possível entrada da Renault na categoria. Existe alguma negociação com alguma montadora para 2011 ou 2012? 

 

Mauricio Slaviero: Não. Não existe nada neste sentido. Foi um boato totalmente infundado. Nós mantemos sim, contato com todas as montadoras, mas não houve nenhuma conversa no sentido de ter a Renault como parceira na Stock Cars. No ano que vem teremos as mesmas montadoras, a Chevrolet e a Peugeot. 

 

NdG: Nestas horas é impossível não olharmos para o “quintal do vizinho” e vermos na Argentina as montadoras com equipes oficiais nas categorias de lá. Porque é que eles conseguem e nós não? 

 

Mauricio Slaviero: Eu acho que são duas culturas diferentes. Lá na Argentina se você vai num autódromo, tem muita gente, no futebol, tem muita gente, no basquete, idem... e você tem campos de golfe lotados em torneios, tem gente praticando iatismo no rio da prata, tem hóquei de quadra, de grama... eles tem uma cultura de prática de esporte muito diferente da nossa. Aqui no Brasil, sei lá... talvez por o país ser muito grande... a gente não tem isso. Agora, nós estamos trabalhando um projeto para que possamos ter o envolvimento das montadoras aqui no Brasil também, que é o brasileiro de marcas. 

 

NdG: Era exatamente sobre isso que íamos dar continuidade: há algumas semanas a VICAR e a CBA assinaram um compromisso para a realização do Campeonato Brasileiro de Marcas. Em que estágio do processo se encontra o projeto? Alguma montadora já demonstrou interesse e/ou assumiu compromisso?  

 

 

"Estamos trabalhando junto às montadoras para fazermos um grande campeonato de marcas no Brasil e independente da Stock". 

 

Mauricio Slaviero: Estamos fazendo um trabalho junto as montadoras para que possamos realizar um campeonato em que a visibilidade e o equilíbrio de todos seja a tônica da competição. Inclusive, o calendário que queremos montar será um calendário distinto em relação ao da Stock Cars, ou seja, o brasileiro de marcas não vai ser uma categoria satélite, vai ter vida própria. O que poderemos fazer é, buscar junto a outros promotores de outras categorias, fazendo eventos conjuntos e também fazendo eventos conjuntos com os regionais de marcas dos estados. Esperamos no final de janeiro, início de fevereiro poder apresentar um panorama mais definido relativo a montadoras, calendário e todas as informações mais detalhadas para a mídia. 

 

NdG: Agora no final do ano foi anunciado a abertura do campeonato da Stock Cars em 2011 em um evento conjunto com o WTCC. Inclusive a abertura do campeonato saiu de Curitiba para Interlagos. O que podemos esperar desta empreitada conjunta com a KSO de Marcello Lotti ? 

 

Mauricio Slaviero: É um projeto novo, que pode render bons frutos para ambas as partes e que esperamos que seja um sucesso de público e mídia. O WTCC é uma categoria FIA, é um campeonato mundial e que nas provas que realizou em Curitiba levou um grande público ao autódromo e esperamos que o mesmo se repita quando da abertura do campeonato. Acredito que será algo muito positivo. 

 

NdG: Não sei até onde você sabe sobre o nosso trabalho, o site dos Nobres do Grid é feito por voluntários, em sua maioria amadores, que tem o esporte a motor como paixão e que quer ver o automobilismo forte, com público nos autódromos, com grandes pilotos nas pistas e com emoção, segurança, profissionalismo e a VICAR tem feito um trabalho excelente no caminho de chegarmos a este platamar de excelência. 

 

 

No final da entrevista, agradecemos à direção da VICAR por terem aberto um espaço na atribulada agenda de final de ano.

 

Mauricio Slaviero: Nosso trabalho é este e é isso que buscamos sempre. Temos, claro, um empecilho aqui ou ali, mas temos tido êxito no que estamos fazendo. A Stock Cars é um sucesso absoluto tanto tecnicamente como comercialmente, com os parceiros que temos, e a perspectiva é de que continuemos crescendo.

 

 

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Last Updated ( Monday, 06 June 2011 01:36 )