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Se felicidade tem um nome, seu nome é Fernando PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 12 March 2023 17:06

Olá fãs do esporte a motor,

 

Depois de meses entre o final da temporada 2022 e a abertura da temporada 2023, a Fórmula 1 e a Fórmula Indy escolheram o mesmo final de semana para dar início a seus campeonatos deste ano e com duas corridas para fazer minha agenda ficar uma loucura.

 

Felizmente o intervalo entre a primeira e a segunda corrida das duas categorias foi de mais de um final de semana. Isso permitiu conseguir acomodar todos que procuraram antecipar as suas consultas (especialmente os meus pacientes da Fórmula Indy depois da corrida repleta de acidentes em St. Petersburgo).

 

As consultas da primeira semana, ainda com o calor da disputa flamejando nos olhos dos meus pacientes, entre todas a mais empolgante (por mais estranho que isso possa parecer para uma profissional com doutorado) foi a com Fernando Alonso que as emoções floresceram como um jardim na primavera. Ele estava radiante como um novato e eu nunca o vi assim em oito anos de vindas quinzenais ao mau consultório.

 

 

Fernando tomou uma decisão ousada antes do final da temporada de 2022 quando trocou a potencialmente mais estruturada equipe Alpine, com suporte da Renault, que não apenas esteve por trás das suas duas conquistas mundiais como foi a equipe que o acolheu após a desastrosa passagem pela McLaren em 2007 e novamente após praticamente deixar a Fórmula 1 pela porta dos fundos depois da segunda passagem pela McLaren.

 

Por muitas vezes eu cheguei a pensar que ele fazia terapia apenas para tirar a pressão dos seus ombros e a cobrança daqueles que o criticavam por ser uma pessoa difícil de lidar. Apesar de todo trabalho que fiz, tem um fator externo ao meu consultório que considero o ponto de mudança na curva evolutiva de Fernando como pessoa e como piloto. Na verdade, uma pessoa: Zak Brown. Ele o entendeu como nenhum dirigente, nem Flávio Briatore, conseguiu entendê-lo.

 

 

Evidentemente que eu também tenho a minha parcela de responsabilidade na evolução de Fernando como pessoa e como profissional. Fazer com que o paciente desarme-se e interaja com seu terapeuta é um trabalho que requer a conquista da confiança do paciente pelo profissional e este processo não se dá do dia para a noite. Enquanto ainda piloto da Ferrari, Fernando era uma pessoa “difícil de ser acessada”. Seu prefil só começou a mudar após o encerramento antecipado de seu contrato com a equipe italiana onde ele começou a entender que “o mundo não girava em torno dele”, como ele achava que Michael fazia o mundo girar, quando na verdade, Michael era um agregador de talentos. Fernando demorou para aprender esta lição e neste aspecto, eu só vi resultados práticos em seu retorno à Alpine.

 

A decisão de “repetir o movimento” feito em 2006, quando no meio da temporada ele anunciou estar de contrato assinado com a McLaren para a temporada sequinte, mas desta vez, haviam vários aspectos diferentes: Fernando não era mais o campeão do mundo, embora estar claro que ele ainda era um piloto diferenciado no grid. Ele não teria como impor cláusulas que campeões tem poder para usar como barganha, mas oferecia a quem o contratasse um “pacote de benefícios” que poucos poderiam oferecer... e Lawrence Stroll aceitou! Principalmente a questão do contrato plurianual, que a Alpine talvez tenha cometido o erro de não aceitar e, com isso, deixou Fernando livre no mercado.

 

 

Evidentemente que todo piloto necessita de uma dose de sorte para, por exemplo, ter um carro bem nascido e um projeto eficiente, que propicie desenvolvimento e conquista de resultados. Este foi, certamente, o grande lance de sorte de Fernando para 2023. o carro da Aston Martin mostrou-se rápido estável e confiável. Os resultados nos testes pré-temporada foram mais que animadores. Nos treinos para a corrida, era imagem recorrente os sorridos de todos nos boxes e a conquista do pódio ao final da corria foi um enorme prêmio a tudo isso.

 

Fernando chegou ao meu consultório com o mesmo sorriso que estava após a corrida. Uma expressão que, como ele mesmo disse, traduzia uma sensação que ele tinha dos seus tempos de kartista. Mais que isso, a resposta do público, que votou nele – em peso – para “piloto do dia” durante a transmissão da corrida e a maneira como ele dividiu o sucesso com a equipe (tento lembrar de algum ‘novato’ com um troféu de 3º lugar comemorando “mais que o vencedor da corrida” como Fernando celebrou).

 

 

Esse Fernando Alonso certamente terá vida longa na Fórmula 1 e, quem sabe, não acabe por merecer um terceiro título.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares