Olá fãs do esporte a motor,

Enquanto aí no Brasil as pessoas (as que podem, claro) estão aproveitando as férias de verão e entrando no clima pré-carnaval pós-pandemia, eu estou trabalhando como uma alucinada para dar conta da “agenda de pré-temporada” dos meus pacientes do automobilismo e motociclismo.

No colégio onde eu estudei, no interior do Paraná, tínhamos uma inscrição em nosso ginásio de esportes que dizia: ‘Men Sana; Corpore Sano ’. Escrita no Latim e que significa Mente Sã e Corpo São.

Sabemos bem que, desde os tempos de Ayrton Senna, os pilotos passaram a trabalhar fisicamente com dedicação para melhorar suas condições atléticas e a resistência aos esforços nas corridas, cada vez mais intensos com o passar dos anos. Contudo, cuidar da mente e estar forte mentalmente é fundamental para o sucesso no esporte e isso está cada vez ais evidente.

A Fórmula 1 está recebendo há alguns anos uma brilhante geração de jovens pilotos que não chegaram apenas para enriquecer o grid (embora alguns tenham chegado para enriquecer os donos das equipes). Entre os grandes talentos certamente o destaque de 2022 foi George Russell. Enfrentando as dificuldades de um carro mal nascido e com sérios problemas, ele foi capaz de vencer duas corridas (a sprint e a principal) em Interlagos e superar o hepta campeão Lewis Hamilton na classificação do campeonato.

Quem acompanhou a carreira de George Russell nos anos que antecederam sua chegada a Fòrmula 1 viram nele um potencial campeão do mundo e quem o viu “comendo o pão que o diabo amassou” nos anos em que participou das corridas com a Williams, em um acordo com a Mercedes, fornecedora de motores, mas se tem algo que todos certamente lembram – e que ele não gosta de lembrar – foi da “não vitória” em Sarkir quando substituiu Lewis em uma corrida pela Mercedes e numa seqüência de erros que a Mercedes não costuma cometer, ele deixou de vencer a prova.

Independente disso, seu sonho se tornou realidade no final de 2021 quando foi anunciado para ser piloto titular da equipe Mercedes e correr ao lado de seu ídolo, Lewis. Com respeito, claro, mas com o foco no desafio de superar aquele que foi sua referência por praticamente toda a vida. George só não esperava ter um ano tão difícil tendo que enfrentar os problemas técnicos do projeto revolucionário que não funcionou.

Foi um ano de muita superação, de muito trabalho, de muitas frustrações, mas como ele disse algumas vezes em nossas sessões, um grande piloto não pode ser feito apenas de carros perfeitos e vencedores. É preciso enfrentar desafios, adversidades e buscar caminhos de superação. Foi essa busca que levou a Mercedes a vencer em Interlagos no ano passado e que, depois de todas as dificuldades passadas ao longo da temporada 2022, aquele final de semana premiou todo esforço da equipe para superar as enormes dificuldades do ano.

Se em 2022 George terminou o campeonato com a única vitória da equipe e à frente de Lewis na classificação final, repetir o feito de superar o sete vezes campeão do mundo é o primeiro – e talvez maior – desafio da temporada, independente de como a equipe Mercedes vai corrigir os erros cometidos na temporada passada e poder voltar a brigar pelo título de pilotos e construtores. Por maior que possa parecer, George não considera algo tão inalcançável.

Apesar de não ter sido um ano fácil para os pilotos da equipe das três pontas, as dificuldades se impuseram sobre os dois pilotos de forma igual e na maioria dos casos, George conseguiu lidar melhor com as situações impostas e não apenas na pista, mas igualmente fora delas, demonstrando uma força interior que possivelmente surpreendeu Lewis. Contudo, o “efeito surpresa” não vai se repetir em 2023 e o primeiro piloto da equipe vai trabalhar para recolocar as coisas “no devido lugar”.

O desafio vai estar lançado ainda este mês, quando os carros forem para a pista após o carnaval, nos testes pré-temporada no Bahrein.

Beijos do meu divã,