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O Pacto da Discordia entre FIA - Liberty Media - Equipes PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 12 February 2023 22:36

Aposto que muita gente sentiu mina falta nessas férias que tirei (mas não vou estranhar se outros tantos nem tiverem notado). Mas, como bom filho de Deus – apesar nesse caso o “bom” ficar por minha conta – estou de volta e com assunto quente.

 

Aquela coisa de que “briga de marido e mulher ninguém mete a colher” ficou pra trás desde a lei Maria da Penha (em ato falho escrevi Maria da Graça), das câmeras nos celulares e do empodeiramento feminino. Mas e quando a briga envolve três partes, tudo macho e tudo cachorro grande? Pra quem gosta de trem sem freio, é um prato cheio.

 

É justamente um trem sem freio chegando na curva que a gente está vendo nas já em andamento conversas do Pacto da Discórdia (ops, Concórdia) que – na teoria – vai ser assinado antes de 2025 para as regras que vão dizer o que vai ser da Fórmula 1 a partir de 2026, onde um dos pontos mais complexos – pelo menos tecnicamente – parece já estar com seu destino traçado: os motores (ou unidades de potência) que serão usadas a partir de então, o que está atraindo novas fábricas como a Audi e a Porsche da Alemanha e a Ford e a Cadillac (GM) dos Estados Unidos.

 

 

Em 2021, Michael Andretti tentou comprar a Sauber F1 e transformar a equipe suíça na segunda equipe norte americana do grid. De piloto que saiu no meio da temporada por rendimento abaixo do esperado 20 anos atrás, Michael Andretti tornou-se um empresário de sucesso, dono de uma mega empresa – a Andretti Global INC – com equipes na Formula Indy, Indy Lights, Fórmula E, NXT, IMSA e a Fórmula 1 continua como objetivo do grupo.

 

Bolo “pequeno” e equipes “gulosas”.

A Fórmula 1, chamada há muito tempo de “circo” (ao menos aqui no Brasil), estaria fazendo jus ao nome e estamos vendo “o circo pegar fogo” nos últimos anos, desde o manifestado desejo da Andretti em entrar na categoria e o posicionamento praticamente unânime de rejeição à entrada – da Andretti ou qualquer outra – equipe no grid com o argumento de que o dinheiro que a dona da Fórmula 1 (a Liberty Media) distribui para as equipes ao final de cada temporada iria diminuir para todas com a entrada de mais equipes.

 

Mas não parece ser apenas uma questão financeira direta. Foi apontado pelas equipes junto ao Grupo Liberty Media que, qualquer nova equipe teria que “pagar pela entrada” uma salgada taxa de 200 milhões de dólares. Michael Andretti nem piscou e assim que foi informado do valor, respondeu: “sem problemas. Pagamos!” Foram colocados outros “empecilhos” como as equipes terem instalações “compatíveis com a grandeza da Fórmula 1”. Michael Andretti apresentou a sede da Andretti Global, em Indiana, próximo ao Indianápolis Motor Speedway, além de vir estabelecer uma base na Europa.

 

 

Segundo o próprio Andretti, a questão do dinheiro vai mais além: não é apenas “ arrancar 1/10 da premiação anual. O temor seria a Andretti passar a ter canalizado os patrocinadores norte americanos e, com três corridas “em casa”, o apelo para que estes valores vierem a ser direcionados para a equipe novata vai além do bom senso, beirando a ganância estúpida. Quem não vai querer agregar sua marca à Ferrari, Mercedes ou Red Bull? A McLaren fez o cainho contrário e saiu da Europa para se estabelecer como uma equipe vencedora na Fórmula Indy.

 

O objetivo inicial da Andretti era de integrar o grid da F1 já em 2024. Depois do fracasso na tentativa da compra da Sauber, Michael tentou um outro caminho, através de uma operação conjunta com a AlphaTauri, mas as negociações não foram pra frente. Com isso o caminho foi o de partir para um projeto solo e buscar uma forma de ser a 11ª equipe do grid. Assim, no início de 2023 foi apresentada a proposta da operação conjunta com a Cadillac, que já participava do IMSA e neste ano vai participar das 24 Horas de Le Mans com uma equipe de Hypercars.

 

A FIA entra no meio.

Estranhamente, a Liberty Media, que seria – em teoria – a maior interessada em ter um campeonato mais disputado e atraente para o público passou todo o ano de 2022 com “o freio de mão puxado”. Apesar de Stefano Domenicali ter confirmado que “quatro ou cinco montadoras demonstraram interesse em entrar na Fórmula 1, o CEO da categoria não se mostrou muito animado com o crescimento do grid. Porém o interesse não pareceu ser o suficiente o italiano, tendo se mostrado alinhado com os dirigentes das equipes sobre qual a melhor estratégia para o futuro da categoria e para eles, este não considera que uma 11ª equipe seja o caminho.

 

 

O problema é que o presidente da FIA, Mohammed Bin Sulayem, chutou o pau da barraca e bateu de frente com o CEO da Liberty Media quando anunciou, no início do mês que a entidade estava abrindo um processo de candidatura que identificará times em potencial para integrar grupo formado hoje por dez equipes da categoria. Até três vagas podem ser preenchidas, já que o regulamento esportivo da F1 limita o número de times em 13.

 

Apesar do número de “até 13 equipes”, isso não dá garantia alguma de que teremos um “inchaço artificial do grid”, como fez Max ‘Chicotinho’ Mosley em 2009. os critérios deverão ser mais rigorosos, a começar com o pagamento dos 200 milhões de dólares para entrar, além de atender a critérios como possuir os recursos técnicos necessários a se fazerem competitivas, ter uma organização financeira sustentável a longo prazo e uma estrutura operacional a nível das equipes existentes, bem como a exigência de comprometimento com as metas de sustentabilidade e questões sociais da F1. As coisas ficaram ainda mais estranhas quando o presidente da FIA disse na semana passada que não iria mais interferir em assuntos da Fórmula 1, deixando Nikolas Tombazis responsável por esta área.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.  
Last Updated ( Monday, 13 February 2023 22:32 )