Bernie Ecclestone é seguramente a personalidade mais controversa da história da Fórmula 1. Muito mais para o lado positivo do que para o lado negativo.

Nascido em uma modesta aldeia na região de Suffolk, Inglaterra, a 28 de outubro de 1930, Bernie ainda muito novo mostrou incomum interesse pelos veículos, principalmente motocicletas. Depois de deixar seu emprego em uma das empresas de gás da localidade, passou a mostrar muita habilidade nas negociações de compra e venda de veículos usados, chegando a ser sócio em uma loja de motocicletas. Descobriu sua vocação de negociador.

Começou a ter contato com as corridas de automóveis em 1951, quando adquiriu um Cooper e participou de algumas corridas de Fórmula 3, conseguindo razoável destaque. Tentou se classificar para o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 de 1958. Não conseguiu. Desistiu definitivamente da carreira de piloto após um sério acidente em Brands Hatch, sofrendo sequelas mínimas, mas se convencendo de que o cockpit não era seu habitat.

No final da década de 1950 foi empresário de Stuart Lewis-Evans, que sofreu um acidente fatal no GP de Marrocos de 1958. Abalado, Bernie ficou afastado das corridas por alguns anos, voltando para ser empresário de Jochen Rindt, que também sofreria um acidente fatal em Monza, em 1970. Rindt conquistou o título do ano postumamente.

Em 1972 comprou a equipe de Fórmula 1 Brabham Racing Developments e iniciou sua carreira de dono de equipe. Nessa mesma década de 1970 convenceu outros chefes de equipe a formar uma associação em defesa de interesses comuns a todos. Estava criada a Formula One Constructors Association (FOCA). Começou a maior revolução da história da categoria. A princípio a FOCA exigiu negociar os direitos de transmissão de TV, bem como cotas de participação maior em cada evento. Enfim, melhorar as condições das equipes.

O faturamento das equipes cresceu exponencialmente. As corridas foram ampliando seu público, especialmente o televisivo. O número de Grandes Prêmios foi aumentando ano a ano. A Fórmula 1 atingiu o mais alto nível estrutural de promoção de evento esportivo do mundo. Nada pode ser comparado no mundo dos esportes. Obra principalmente de Bernie Ecclestone. Até 2017, quando os direitos da Fórmula 1 foram adquiridos pela Liberty Media, ele foi o homem forte da categoria. E lucrou muito com isso, se tornando um dos homens mais ricos do Reino Unido.

Alguns aspectos importantes da passagem de Bernie Ecclestone pela Fórmula 1 costumam ser pouco lembrados. Por iniciativa dele, a partir de 1978, quando contratou o neurocirurgião britânico Sid Watkins para implantar uma nova estrutura de atendimento de emergência médica para pilotos, pessoal de apoio e público, nova revolução aconteceu. O melhoramento da segurança nos autódromos, em todos os seus aspectos, a melhoria das transmissões, a evolução tecnológica dos carros e equipes. Tudo teve o toque de Ecclestone.

Hoje afastado do automobilismo, aos 92 anos de idade, Bernie Ecclestone pode olhar com orgulho para sua obra. Ele pode ter ficado bilionário, mas foi fundamental para a evolução da Fórmula 1 e , por consequência, de todas as outras categorias.

Luiz Carlos Lima

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.