Francisco Castejon do Couto Rosa, ou simplesmente Chico Rosa, era um engenheiro muito ligado ao automobilismo brasileiro. Grande conhecedor de carros de corrida, pilotos e pistas, começou trabalhando na equipe Willys, como auxiliar mais direto de Luis Antonio Greco, o chefe da equipe da fábrica.

Nos anos 1960 Chico Rosa consolidou a imagem de conselheiro de pilotos e apoiava aqueles que julgava mais talentosos e com futuro promissor. Quando Emerson Fittipaldi iniciou sua tentativa de carreira na Europa, em 1969, Chico partiu para a Inglaterra, a fim de ajudar o nosso futuro campeão mundial em tudo o que fosse necessário. Para o piloto a presença de Chico Rosa nos boxes era a certeza de que tudo correria bem, sem sobressaltos. Ele planejava tudo, conhecia fabricantes de carros de corrida e preparadores de motores e outros prestadores de serviços. Falava calmamente e em tom suave, nunca ficava nervoso, não subia o tom da voz e tudo o que fazia em geral dava certo, com raríssimas exceções.

Estando Emerson encaminhado na Fórmula 1, passou a apoiar Wilsinho Fittipaldi e José Carlos Pace, a partir de 1970, nas disputas da Fórmula 3 inglesa. De novo foi fundamental na carreira de ambos, que também chegaram à Fórmula 1. Quando Pace, depois de uma vitória espetacular na Fórmula 2 em Ímola, foi convidado pelo comendador Enzo Ferrari, que havia assistido a corrida, para visitar a fábrica italiana, Chico Rosa o acompanhou e depois contou: — Enzo Ferrari perguntou sobre Chico Landi, piloto brasileiro que primeiro guiou carros da Ferrari. Pace foi contratado para guiar o carro italiano no Mundial de Marcas.

Outro piloto que contou com o apoio de Chico Rosa foi Nelson Piquet. Os dois tiveram um primeiro contato quando Piquet participava da Fórmula Super Vê no Brasil, provavelmente em 1974, primeiro ano da categoria. Chico, com sua sensibilidade apurada, enxergou no piloto brasiliense um campeão mundial. Na Europa, Piquet contou com Chico para tudo, principalmente informações sobre carros e motores. Boas escolhas eram fundamentais para o sucesso. Chico Rosa ajudou Piquet a chegar na Fórmula 1, inclusive o apresentando a Bernie Ecclestone, de quem se tornou amigo.

Chico apoiou vários outros pilotos brasileiros ao longo dos anos. Contribuiu para o sucesso de muitos.

Marcante na carreira de Chico Rosa no automobilismo foi sua passagem como administrador de Interlagos. Dirigiu o autódromo de 1990 a 2015, introduzindo diversas melhorias nesse templo do automobilismo mundial.

Chico Rosa faleceu no dia 8 de janeiro de 2023, aos 80 anos de idade. Prestamos aqui uma muito sincera homenagem a esse gigante do automobilismo, que contribuiu decisivamente para o sucesso de pilotos brasileiros e na modernização do autódromo de Interlagos.

Luiz Carlos Lima