Alô galera que lê os Nobres do Grid... Salve Jorge!

Estou em dívida com todo mundo, mas no rodízio de escala no meu trabalho na CSN eu tive alguns finais de semana de trabalho e não pude, por exemplo, acompanhar as etapas finais da FIA Fórmula 4 nos Estados Unidos, com Gabriel Fonseca (que conseguiu um excelente 4º lugar na corrida 2), Lucas Fecury e Daniel Cará, que estreou neste final de ano e foi logo marcando pontos.

Também fiquei devendo a etapa final da FIA Fórmula 4 Espanha, onde correu Ricardo Gracia Filho, que está com grandes – e ambiciosos – planos para a temporada 2023, pensando em migrar para a Fórmula Regional Europeia, uma das categorias mais competitivas do mundo e que, com tantos inscritos e interessados em um lugar para correr, está gerando a criação de uma outra categoria de monopostos no mesmo perfil no velho continente, mas isso a gente fala outro dia.

A grande notícia dos últimos dias, mas especificamente no final de semana do GP Cidade de São Paulo da Fórmula 1, foi o anúncio da entrada de Enzo Fittipaldi para o Programa de Jovens Pilotos da Red Bull. O primeiro efeito dessa mudança foi o anúncio de que ele será piloto da equipe Carlin, vice campeã por equipes neste ano, para 2023, mas o desafio vai ser duro dentro dos boxes com a chegada o francês Isack Hadjar, um dos destaques da FIA Fórmula 3.

FIA Fórmula 2

Abu Dhabi recebia a última etapa do campeonato da categoria de acesso à Fórmula 1 com muitas novidades. Como já mencionei, independente do título (merecidíssimo) conquistado por Felipe Drugovich, Enzo Fittipaldi também pode ser considerado um campeão nessa temporada. Depois de fazer tudo o que fez na pista com um carro da equipe Charouz, alcançou uma pontuação surpreendente e isso o levou à Academia de Jovens Pilotos da Red Bull. Isso já o que levou para a equipe Carlin, onde disputará a temporada 2023.

O treino livre começou precisamente no horário, com seus regulares 45 minutos de duração, mas levaram 10 minutos para aparecerem os primeiros tempos rápidos. Com 30 minutos de treino, o campeão Felipe Drugovich tinha apenas a P9 e Enzo Fittipaldi o P17. Evidentemente os dois continuavam focados, mas aos olhos desse colunista, o campeonato já estava conquistado e eu nem faria questão de entrar na pista.

Com 15 minutos para o final do treino, os brasileiros não conseguiam repetir os resultados da temporada e Felipe Drugovich não estava nem no top-10. Enzpo Fittipaldi era o P17. Faltando 11 minutos, Ralph Boschung bateu e provocou uma bandeira vermelha. Como o relógio não para no treino livre, isso consumiu muito tempo. Nesse momento Enzo Fittipaldi era apenas o P18 e Felipe Drugovich o P8.

Faltando menos de 3 minutos para o final tivemos a bandeira verde e todo mundo (menos Boschung) foi tentar melhorar seus tempos. Alguns conseguiram, mas a rodada de Logan Sargeant, que colocou uma bandeira amarela no setor 3 e o tráfego intenso acabaram atrapalhando nossos pilotos Felipe Drugovich terminou essa sessão na P10 e Enzo Fittipaldi na P20.

Após o treino livre da Fórmula 1 os pilotos da Fórmula 2 voltaram para a pista. Os pneus disponíveis eram  os médios e os macios. Nem todos os pilotos conseguiram dar uma volta rápida cronometrada antes de Marino Sato escapar na sequência de curvas e provocar uma bandeira vermelha com pouco mais de 6 minutos de treino. Felipe Drugovich tinha o 10º tempo e Enzo Fittipaldi não tinha volta rápida.

Depois que tivemos a bandeira verde, todos retornaram a pista e os tempos – assim como o sol no horizonte – foram baixando. Felipe Drugovich conseguiu a P6 e Enzo Fittipaldi conseguiu estabelecer voltas rápidas e foi para aquela parada técnica do meio do treino para fazer um ajuste fino buscando o tempo de classificação para a corrida longa do domingo.

Os pilotos começaram a voltar pra pista quando faltavam pouco menos de 11 minutos. Todos com pneus macios novos e Felipe Drugovich conseguiu estabelecer uma boa volta na primeira tentativa e tinha uma P3 provisória. Enzo Fittipaldi melhorou seu tempo, mas como os outros pilotos também melhoraram o brasileiro estava na P15.

Na segunda passagem Enzo Fittipaldi conseguiu estar provisoriamente na P9, mas as voltas impressionantes de Ayumu Iwasa e um surpreendente Roy Nissany, piloto da DAMS, fazendo a 1ª fila, empurraram Felipe Drugovich para a P4 e Enzo Fittipaldi terminou na P13, também superado por Liam Lawson e Jehan Daruvala. Depois do treino Clement Novalak perdeu sua volta rápida por exceder o limite de pista e isso mudou o grid da corrida do domingo

Depois do treino livre 3 da Fórmula 1. A punição mexeu com o grid na corrida sprint também, mas Felipe Drugovich largava na P7 e Enzo Fittipaldi teria que avançar muito, largando da P13, Apagadas as luzes vermelhas ao por do sol para as 23 voltas Felipe Drugovich largou bem e pulou para a P5, mas um pouco mais atrás, Jehan Daruvala pegou o pneu traseiro esquerdo o carro de Enzo Fittipaldi e ambos saíram da pista e bateram forte na barreira de contenção. Bandeira vermelha e corrida parada e, felizmente, os pilotos estavam bem.

Levou tempo para recuperar a barreira de contenção, mais de 30 minutos e a volta pra pista manteve as posições de pista no último sensor de detecção antes da bandeira vermelha, o que manteve Felipe Drugovich na P5. A relargada foi atrás do safety car, que percorreu uma volta e então veio a bandeira verde. A princípio, para completarem 23 voltas e o brasileiro manteve sua posição. Com Jack Doohan atacando Logan Sargeant pela P6, isso dava uma tranqüilidade para Drugovich.

Felipe Drugovich vinha com dificuldades para se manter a menos de 1 segundo de Dennis Hauger, o P4 enquanto Logan Sargeant passou a se beneficiar de poder abrir a asa móvel para atacar o piloto brasileiro. Mas o campeão da categoria não só resistiu à aproximação de Logan Sargeant como abriu distância para o preseguidor e se aproximou de Dennis Hauger para tentar a P4. Na volta 17 Felipe Drugovich colou, induziu Hauger a tracionar mal e ganhou a posição.

Faltando 6 voltas para o fim, Felipe Drugovich estava a 2 segundos de Amauri Cordeel, mas virava bem mais rápido do piloto da Van Amersfoort. Bastaram 2 voltar para ele colar no P3. Cordeel errou e facilitou a vida do nosso campeão que ganhou a posição e chegou no pódio Faltando duas voltas e meia eram 2,2 segundos para Richard Verschoor... Felipe Drugovich reduziu a distância para 680 milésimos, mas terminou mesmo na P3.

No inicio da tarde em Abu Dhabi, dia de abertura da Copa do Mundo de futebol, os pilotos da FIA Fórmula 2 voltaram à pista para a Feature Race, a corrida longa com troca obrigatória de pneus. Felipe Drugovich se despedindo da categoria largando na P4. Enzo Fittipaldi, depois do acidente poucos metros depois da largada na corrida Sprint no sábado, largava na P13 buscando ganhar posições para se manter bem classificado no campeonato, mesmo já estando garantido na Equipe Carlin em 2023.

Após a volta de apresentação os pilotos realinharam no grid e, apagadas as luzes vermelhas para as 33 voltas, Felipe Drugovich, largando de pneus macios, ganhou a P3 e foi pro ataque. Enzo Fittipaldi, largando de pneus médios, veio na briga do meio de pelotão e caiu para a P15. Com o carro de Ralph Boschung rodou e ficou parado em posição perigosa, levando a direção de prova a acionar o safety car virtual.

Com a volta da bandeira verde, Felipe Drugovich conseguiu se manter próximo dos dois primeiros e agora era perseguido por Theo Pourchaire, que retomou a P4 de Dennis Hauger. Enzo Fittipaldi se manteve na P15. Os 6 primeiros formavam um pelotão separados entre eles por menos de 1s. Na volta 7 estava liberada a parada nos boxes para a troca de pneus obrigatória e uma volta antes disso Felipe Drugovich se aproximou mais de Roy Nissany, que já não podia abrir asa pra se defender e o brasileiro.

Como fez na corrida do sábado sobre Amaury Cordeel, Felipe Drugovich armou e executou a estratégia de passar na segunda abertura de asa pra conquistar a P2. Na volta 8 começaram as paradas de box com os pilotos da Carlin. A briga de Roy Nissany e Theo Pourchaire deu folga para Felipe Drugovich e como Ayumu Iwasa parou na volta 9, Felipe Drugovich assumiu a liderança. De pneus médios era o P11.

Felipe Drugovich parou na volta 11 e a parada foi lenta. O brasileiro voltou na P14, mas Liam Lawson estava colado nos dois. Os demais carros que largaram de pneus macios iam parando e os 3 primeiros dos que trocaram – Iwasa, Drugovich e Lawson – iam subindo. Na volta 12, Enzo Fittipaldi era o P5, mas tinha mais 3 segundos atrás de Jehan Daruvala.

Felipe Drugovich colou em em Ayumu Iwasa enquanto Liam Lawson ficava a mais de 1 segundo dos dois e o brasileiro quase bateu na traseira do japonês, que freou antes do ponto. Drugovich perdeu terreno, mas foi recuperando e se manteve a mais de 1 segundo de Liam Lawson. Enzo Fittipaldi na P5 tinha mais de 4 segundos de vantagem para Clement Novalak. A 15 voltas do fim, Drugovich estava a 1,8s de Iwasa e 1,2s à frente de Lawson. Enzo Fittipaldi se aproximava de Jehan Daruvala.

Faltando 10 voltas pro final os pilotos da frente que estavam de pneus médios começaram a parar e Felipe Drugovich apertou para cima da Ayumu Iwasa. Enzo Fittipaldi era o P2 antes de parar e assim como Jack Doohan ia se segurando na frente... e virando rápido até parar. Na saída dos boxes, o dianteiro esquerdo não foi bem apertado e o líder perdeu o pneu, o controle e a chance de vencer a corrida. Enzo Fittipaldi também parou e voltou na P17.

Faltando 6 voltas para o final, Felipe Drugovich estava a 1,1s de Ayumu Iwasa. Um virtual safety car para tirar o pneu perdido e depois era luta pela ponta. Enzo Fittipaldi, de pneus macios vinha tentando recuperar posições. Felipe Drugovich encostou em no japonês. Na penúltima volta, quando o ataque estava armado, Olli Caldwell ficou parado e a decisão ficou pra última volta. Enzo Fittipaldi era o P14.

Felipe Drugovich usou a mesma estratégia, mas o japonês jogou pesado e espalhou para cima do brasileiro que saiu da pista, mas segurou a P2 para fazer o segundo pódio do final de semana. Os comissários anunciaram que a atitude estava sob investigação enquanto Felipe Drugovich se despedia fazendo zerinhos nas áreas de escape. Enzo Fittipaldi foi o P14, não pontuou na etapa, mas seu lugar na Carlin e na Red Bull estava garantido.

Com 101 pontos na frente de Theo Pourchaire, Felipe Drugovich foi o campeão da Fórmula 2 com a maior vantagem de um P1 para um P2, com 265 pontos. Enzo Fittipaldi, sem marcar pontos na última rodada, caiu para a P8 no final do campeonato, com 126 pontos, empatado com Jehan Daruvala, mas o indiano teve uma vitória para desempatar a seu favor. Ambos ficaram 2 pontos atrás de Jack Doohan.

E assim concluímos assim mais um desafio, acompanhando as categorias de base com os brasileiros buscando uma oportunidade de crescer no automobilismo internacional em qualquer dos continentes pelo mundo e vamos continuar tentando manter o compromisso da coluna semanal. 

Um abraço a todos,

Genilson Santos