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A W Series (com esse ou outro nome) tem futuro? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 05 November 2022 22:29

Quando fizeram o anúncio da criação de uma categoria de monopostos, com reconhecimento da FIA, para promover a entrada de mulheres (jovens no caso) no automobilismo de competição, que eu chamei de “Fórmula Girls” (usando o método do Shrek, o adjetivo não era tão educado, mas com duas editoras mulheres e meu primo ultraconservador na gerência, não tinha como usar o que eu havia pensado), escrevi aqui na minha coluna: isso não vai dar certo.

 

Não que o projeto não fosse sério. Uma das pessoas responsáveis pelo projeto era ninguém menos que a grande campeã de Rally, Michelle Mouton, a quem o automobilismo mundial deve todas as reverências e respeito, ela que venceu no WRC competindo contra homens. A questão era se haveria quantidade – e principalmente qualidade – para se montar um grid. Poucos dias após o anuncio da categoria, eram mais de 100 inscritas de todas as partes do mundo. Queimei a língua!

 

 

O campeonato teve início em 2019 e logo descobrimos Jamie Chadwick. A inglesa que, com o passar dos anos iria dominar a categoria, que não foi para a pista no ano seguinte por conta da pandemia, mas que voltou em 2021 e desta vez com a presença de uma piloto brasileira, Bruna Tomaselli, que já havia corrida nos Estados Unidos e for, naquele ano, companheira de equipe de Jamie Chadwick. Tomou um passeio da inglesa!

 

Apesar do destaque de Jamie Chadwick e algumas outras competidoras estarem “mostrando serviço”, como Alice Powell e Emma Kimilainen, por exemplo, a inglesa “sobrava” na turma. Ele chegou a disputar a Fórmula Regional Ásia, competindo contra Pietro Fittipaldi, bem como fez testes e tentou correr nas categorias FIA européias para fazer o caminho da Fórmula 1, mas não conseguiu performance nem patrocínios suficientes.

 

 

Em 2021 a categoria já encontrou dificuldades com dinheiro (no caso, a falta dele) e a coisa piorou em 2022. Se no início a W Series estava fazendo parte da programação de eventos das categorias européias de turismo, a partir de 2021 a FIA resolveu ser mais participativa, colocando a categoria em preliminares de suas categorias. Nem assim a questão financeira melhorou para o lado dos promotores.

 

Durante o fim de semana da corrida de Cingapura, surgiu a W Series que pode não ser capaz de completar sua campanha planejada depois que um acordo contratado com um investidor americano entrou em colapso. Um prazo de uma semana foi estabelecido para decidir se as corridas finais nos Estados Unidos e uma rodada dupla no México em apoio à Fórmula 1 seguiriam adiante, antes que a W Series anunciasse na segunda-feira antes do GP em Austin que a temporada havia sido reduzida e assim, não ocorreram as três últimas corridas de sua temporada de 2022.

 

 

A CEO da W Series, Catherine Bond Muir, disse a meios de comunicação, na segunda-feira, que houve um interesse significativo de potenciais investidores desde que surgiram as notícias das dificuldades financeiras, dando-lhe confiança de que a série retornaria em 2023. Será? A executiva ainda afirmou que o campeonato continua comprometido em manter sua estrutura existente no futuro para garantir que os pilotos não precisem financiar seus próprios assentos.

 

O problema – evidente – é que faltaram fundos para bancar o final da temporada e também para o pagamento do prêmio em dinheiro para os pilotos com base em sua posição final, apesar da temporada encurtada. A tricampeã Jamie Chadwick deveria receber o prêmio principal de US$ 500.000, com mais US$ 1 milhão a serem distribuídos pela demais pilotos participantes. Apesar de não ter como fazer o pagamento das premiações, Bond Muir ainda acredita em conseguir não só fazer isso, mas como garantir que haja uma temporada 2023.

 

 

Ainda nos Estados Unidos, durante a semana do Grande Prêmio disputado no COTA, o presidete da FIA, Mohammed Ben Sulayem deixou claro que ele e a entidade estão fazendo todo o possível para aumentar a participação feminina na F1 e no automobilismo mais amplo daqui para frente e procurou o apoio de Stefano Domenicali, CEO da Liberty Media. A resposta não foi a melhor. O italiano disse não ver uma mulher conseguindo chegar à Fórmula 1 nos próximos 5 anos.

 

Apesar do balde de água fria, Bem Sulayem reafirmou que continuará a a incentivar ativamente a participação das mulheres, seja através do nosso programa FIA Girls On Track Rising Stars, a presença de mulheres em nossas equipes de Controle de Corrida, Operações e Técnicas e outros departamentos em toda a organização ou em parceria com Federações nacionais, Automóveis Clube e – no caso do Brasil – a CBA.

 

 

Há um trabalho concreta da FIA com a Fórmula 1, depois do que foi em 2022 a inclusão da categoria na programação dos finais de semana da Fórmula 1, para que o modelo seja seguido em 2023, com um promotor que tenha capital a investir, mas tudo aponta que pilotos e equipes também precisarão custear parte do investimento. Isso vai colocar as pilotos no mundo real e criar interesse para gerar oportunidades. Esperemos os próximos capítulos e que as coisas funcionem.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.  
Last Updated ( Friday, 18 November 2022 17:12 )