Alô galera que lê os Nobres do Grid... Salve Jorge!

Nesse final de semana não tivemos corridas envolvendo os pilotos brasileiros, aspirantes ao topo da carreira nas categorias mais importantes do automobilismo mundial. Apesar de não termos corrida, ficamos com recuperação da rodada tripla de encerramento da FIA Fórmula 4 Alemã, disputada há duas semanas.

Com a temporada europeia praticamente encerrada (ainda falta o encerramento da FIA Fórmula 4 espanhola), começaram os testes pós-temporada para pilotos que já correram este ano e a chegada de alguns novatos de todo o mundo que buscam dar os primeiros passos no velho continente de olho na Fórmula 1.

Estes foram o caso de Pedro Clerot e de Fernando Barrichello. Ambos estão correndo a temporada regular da FIA Fórmula 4 no Brasil. Clerot chegou a fazer algumas corridas na Europa este ano e, para 2023, tem os olhos voltados para o mais competitivo dos campeonatos da categoria, o italiano. Por dois dias os dois se juntaram a outros 26 pilotos de diversas nacionalidades para a categoria no autódromo de Mugello após o encerramento da temporada.

Pedro Clerot, que foi pra pista com um carro da Van Amersfoort Racing, conseguiu andar no Top 10 no primeiro dos dois dias, mas terminou como 11º no somatório dos tempos. Já Fernando Barrichello, mesmo tendo feito os dois dias de treinos com um carro da Prema, equipe dominante da categoria, não conseguiu grandes tempos e terminou o somatório dos dois dias na P27.

Aqui, do nosso lado do oceano atlântico, quem também acelerou foi Francisco ‘Kiko’ Porto. A programação de testes intertemporada do “Road to Indy” reuniu pilotos que disputaram a categoria PRO2000 em 2022 e alguns pilotos que vieram da USF2000, categoria anterior, para alguns dias de testes no circuito misto de Indianápolis. Muito confortável com o carro que era de Nolan Siegel na temporada 2022, Kiko Porto foi o mais rápido entre os que estiveram na pista.

No último final de semana tivemos a disputa de uma competição da FIA em Paul Ricard que pode ganhar uma projeção muito interessante nos próximos anos. É como se fosse uma olimpíada, mas de motorsport! Diversos pilotos de diversas categorias competem entre si em uma determinada categoria. Entre elas tivemos a Fórmula 4 e nosso representante foi Pedro Clerot. Depois de duas corridas, a classificatória e a semifinal, onde ficou ambas em 4°, na final o brasileiro terminou na 7ª colocação. O vencedor – que surpresa – foi Andrea Kimi Antonelli.

FIA Fórmula 4 Alemanha

Cumprindo meu compromisso com os leitores esta semana de pouca atividade para nossos pilotos, apresento a etapa final, a rodada tripla da FIA Fórmula 4 alemã, realizada no circuito de Nurburgring, no traçado modificado nos anos 90, com a volta dos principais pilotos da Prema, entre eles Rafael Câmara, que ficou de fora duas rodadas triplas. No retorno, o brasileiro conquistou a pole position para as duas primeiras corridas, uma vez que a terceira tem o grid formado pela inversão dos 8 primeiros da corrida 1. Emerson Fittipaldi Jr. não participou dada a ausência de sua equipe, que correu apenas as rodadas 2 e 3.

Para a corrida 1, na manhã do sábado, tínhamos pista úmida os pilotos calçaram pneus de chuva em seus carros dada a possibilidade de chuva intermitente. Após a volta de apresentação os pilotos alinharam no grid (um grid muito pequeno, com apenas 11 carros) e, apagadas as luzes vermelhas, Rafael Câmara largou bem e se manteve à frente de Kimi Antonelli, liderando o 1-2-3 da Prema. James Wharton tinha tomado a P2 de Antonelli, mas o italiano recuperou a posição ainda na primeira volta.

Na metade da corrida os pilotos já procuravam água para conservar os pneus de chuva e Rafael Câmara procurava Andrea Kimi Antonelli, que diminuia a distância entre eles volta a volta. Com um trilho seco bem definido e o restante do asfalto molhado, era muito arriscado frear mais dentro da curva no molhado e com isso o brasileiro ia conseguindo se manter na liderança, mas uma batida entre Ramus Joutsimies e Jonas Ried provocou a entrada do safety car.

Antes do safety car deixar a pista os pilotos andavam completamente fora do trilho para manter os pneus molhados e tentar conservar alguma performance para os minutos finais. Na relargada, com 8 minutos para o fim, Rafael Câmara não conseguiu se livrar de Kimi Antonelli, que mergulhou no final da reta para tomar a ponta, mas foi traído pelo asfalto molhado e o brasileiro aplicou um belo X para recuperar a liderança.

Não demorou para Rafael Câmara ficar novamente sob ataque e toda a pressão do companheiro de equipe. As imagens (poucas câmaras e uma imagem bem longe do padrão de excelência alemão) não mostrou o momento da ultrapassagem de Kimi Antonelli sobre Rafael Câmara nos minutos finais da corrida. O brasileiro não conseguiu uma situação de tentativa para recuperar a ponta, terminando a corrida na P2.

Na tarde do sábado tivemos a corrida 2 e desta vez estavam todos sob chuva e novamente estavam todos com pneus para pista molhada. Não teve nada de largada atrás de safety car. Depois da volta de apresentação os carros realinharam e, apagadas as luzes vermelhas para 30 minutos +1 volta, Rafael Câmar largou mal, perdeu a ponta na reta, antes do contorno da curva 1 e, na saída da curva, tocou rodas com Taylor Barnard, atravessou na pista e perdeu muitas posições.

Com a frente do carro avariada (o toque afetou a suspensão dianteira direita do carro do nosso representante), Rafael Câmara chegou lento aos boxes. A equipe trabalhou no carro para recoloca-lo na pista. Com 11 carros na corrida, com a pontuação da FIA, ele precisaria estar entre os 10 primeiros para marcar algum ponto. Depois de muito tempo perdido, o brasileiro voltou para a pista e contou com o abandono de Michael Sauter para marcar 1 ponto com a P10.

No domingo tivemos a última corrida do campeonato, mais curta e com a inversão dos 8 primeiros do grid. Com isso, Rafael Câmara largava na 4ª fila e, diferente do dia anterior, o comingo estava ensolarado e os pilotos foram para a pista com pneus slick. Após a volta de apresentação os pilotos realinharam e, apagadas as luzes vermelhas, Rafael Câmara evitou problemas, mas conseguiu subir para a P6 ainda na primeira volta.

Os carros da Prema continuaram se mostrando os mais e Rafael Câmara pressionava Rasmus Joutsimies. Um pelotão que ia do P3 ao P6. O brasileiro precisou jogar duro para ganhar a P5 e continuar perseguindo o título de Rookie do ano na categoria alemã. Por pouco o brasileiro não danificou a asa dianteira quando subiu a zebra interna no ataque para ganhar a posição.

Não demorou e Rafael Câmara estava colado em James Wharton, mas ali era Prema contra Prema e o piloto australiano se mostou muito bom e muito técnico. Os dois primeiros estavam longe do segundo pelotão e Valentin Kluss estava também sob pressão de Wharton, mas segurando os dois pilotos da Prema, afastando-os da briga pela vitória e trouxe pro pelotão Kimi Antonelli.

James Wharton tentou o ataque, mas errou e a disputa ficou ainda mais acirrada. Kluss não resistiu a pressão e foi superado por Wharton, dando também a chance pra Rafael Câmara tomar a P4. Os dois escaparam de Kluss, que segurava agora Antonelli e Bedrin. Rafael Câmara continuou na perseguição à James Wharton até conseguir superá-lo e ganhar a P3, fazendo seu segundo pódio no final de semana e conquistando o 3° lugar geral e o título entre os Rookies.

E assim concluímos assim mais um desafio, acompanhando as categorias de base com os brasileiros buscando uma oportunidade de crescer no automobilismo internacional em qualquer dos continentes pelo mundo e vamos continuar tentando manter o compromisso da coluna semanal. 

Um abraço a todos,

Genilson Santos

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.