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Daniel Ricciardo ainda tem muito a oferecer para a Fórmula 1 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 12 October 2022 20:17

Olá fãs do automobilismo,

 

Desde quando comecei a escrever no site Nobres do Grid, sempre tive o consentimento dos meus pacientes (eles lêem as colunas antes da publicação e alteram qualquer coisa que não desejem ver exposta) sabia que esse seria um enorme desafio.

 

Algumas coisa que gostaria de partilhar com meus amados leitores eu não posso por sigilo e ética profissional na relação terapeuta-paciente, que tenho o dever de respeitar e cumprir. Isso diz, diretamente, ao conteúdo desta semana, algo que eu vim guardando há muito tempo e que só agora, após o GP do Japão, fui autorizada a escrever sobre o assunto.

 

Após a corrida que definiu o campeão da temporada e com duas semanas de intervalo até o segundo GP dos Estados Unidos, no Texas, Muitos pilotos vieram à San Diego para fazer suas sessões de forma presencial (eles adoram meu Divã! Hahaha) e entre eles, veio Daniel Ricciardo, que praticamente “anunciou” (ou “foi anunciado”) como entrando em 2023 fazendo um “ano sabático”, ficando fora do grid para buscar um retorno como piloto titular à Fórmula 1 em 2024.

 

 

Muito falamos sobre esta possibilidade e sobre os riscos desta decisão. E embora as opções na Alpine, Williams e Haas permaneçam potencialmente na mesa, Ricciardo está mais do que disposto a passar um ano à margem. É muito difícil para um piloto com sua trajetória e seu potencial ter que “optar pelas sobras”, abrindo mão de qualquer possibilidade de vitórias ou mesmo conquistar um pódio sem ser algo fortuito.

 

Resiliente, Daniel admite que não vai fazer tudo, ou minha equipe [de gestão] não vai fazer tudo, apenas para me colocar no grid se não estiver certo ou não fizer sentido. Assim como sair da McLaren de forma precoce e desconfortável não estava nos planos, mas se havia um cumprimento de clausulas contratuais, e não havia mais interesse na sua permanência, nada mais havia a ser feito, embora afirme, de forma bastante que “o jogo não acabou” e que ele é Piloto de Fórmula 1.

 

Entre maio e setembro, Daniel esteve envolvido em muitos rumores e alguns fatos. Um retorno para a Alpine parecia ser algo possível. No entanto, a equipe apoiada pela Renault tinha reservas sobre a recontratação do australiano após sua súbita decisão de deixar a equipe para assinar com a McLaren em 2020, e a equipe anunciou no sábado que havia contratado Pierre Gasly da AlphaTauri em um contrato de vários anos.

 

Daniel tem consciência de que entre as possibilidades de continuar como piloto titular no grid para 023, a equipe francesa era a melhor opção, mas assim como perdeu seu lugar na McLaren para um jovem – e compatriota – que também deixou a Alpine (Oscar Piastri), ele acabou preterido por um piloto dessa nova e avassaladora geração de talentos – Pierre Gasly, finalmente livre dos grilhões da Red Bull e da nefasta tutela de Helmut Marko.

 

A maturidade e experiência de Daniel são igualadas por poucos no grid; agora mais do que nunca. Um projeto onde sua experiência pode ser aplicada. Um processo onde ele possa “ressetar” e mostrar seu conhecimento técnico e liderança para mostrar ao mundo do que ele é capaz, caso tenha a chance. É importante lembrar que Daniel venceu corridas improváveis em diversas situações. É preciso ser um piloto vencedor para conseguir fazer isso.

 

 

As circunstâncias que estão levando Daniel a enfrentar um ano sabático em 2023 é algo muito arriscado e ele tem consciência disso. Um lugar competitivo em tempo integral para a temporada de 2024 não vai ser um desafio simples. Não deve haver uma grande abertura de vagas no grid, com apenas quatro a sete pilotos prontos para sair do contrato no final da próxima temporada por força do final de alguns contratos.

 

Humilde, Daniel reconhece que se precipitou em sair da Red Bull. Ali ele tinha uma trajetória parecia certa de levá-lo à glória do título, mas a Red Bull Racing não conseguiu capturar suas vitórias no campeonato nos primeiros anos do turbo-híbrido, apesar dele ter aniquilado a concorrência de Sebastian Vettel dentro da equipe. A chegada de Max Verstappen e a aposta da equipe em seu talento vinha sendo “anulada” com corridas consistentes e vitórias incontestáveis. Até o GP da Hungria de 2018 – depois de derrotar Verstappen na temporada anterior – com duas vitórias, ele estava à frente do holandês na pontuação quando entrou de vez “em rota de colisão” com Helmut Marko.

 

Caso tivesse sido mais político, poderia ter incomodado mais do que Mark Webber fazia com Sebastian Vettel e, quem sabe, competir de igual para igual. Afinal, talento não lhe falta. O acidente no Grande Prêmio do Azerbaijão daquele ano, geralmente atribuído a Verstappen, mas pelo qual a equipe forçou os dois pilotos a se desculparem, foi um fator importante para Daniel ter tomado a decisão de sair. Naquela altura ele tinha 37x19 no campeonato.

 

 

Daniel pode vir a ser piloto de testes e reserva no próximo ano. Como disse Lewis – e eu concordo com ele – um desperdício de talento e ele é muito maior que isso. Que Daniel não perca seu sorriso e continue focado (ele não quer correr em outro lugar) para voltar a ser titular na Fórmula 1.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares