Não há nada pior que aquele chato da festa ou do grupo de whatsapp que depois de um fato consumado vem com aquela coisa do “eu não disse?” do “eu bem que avisei!”

Eu sou aquele tipo de pessoa que tem fé, que acredita na boa vontade e no esforço das pessoas em fazer as coisas do jeito certo, mesmo quando essas coisas partem do poder público, de uma de uma forma geral, e brasileira em particular, a gente tem quase a certeza de que não vai dar certo.

Como todo mundo que lê minha coluna sabe, eu sou corretor de imóveis e faço parte da Associação Brasileira de Corretores de Imóveis, com sedes em todo o país e com gente com que quem troco muitas ideias sobre o mercado em outras regiões que não as da grande BH, onde atuo.

Algumas pessoas do meu meio sabem que escrevo para o Nobres do Grid e com algumas deles venho acompanhando as obras no Autódromo de Brasília. Com essas pessoas, já há alguns meses, vinha tendo a sinalização de que as obras – apesar de pequenas e relativamente simples – para recolocar o circuito em condições de receber corridas não estavam cumprindo o cronograma e, com isso, a etapa final da Stock Car e outras categorias estavam sob risco de não acontecer.

Não deu outra! A VICAR foi obrigada a anunciar que não seria possível realizar a etapa no local marcado devido ao atraso (oh, que surpresa) nas obras. O que ficou ruim pra VICAR foi o fato de não haver um “Plano B”, no caso um “Autódromo B” para realizar o encerramento de sua temporada antes do inicio da Copa do Mundo de Futebol, que tem seu jogo inaugural (uma pelada que ninguém vai parar pra assistir entre a equipe local, o Catar, contra o Equador).

O problema do adiamento “em cima da hora” (a nota oficial da VICAR foi divulgada no último dia 5 de outubro) começa com o fato de que, para cumprir o calendário e honrar os compromissos com os patrocinadores, não restou opção que não fazer as corridas durante o andamento da Copa do Mundo de Futebol. Para “salvação da lavoura” a data marcada, dia 11 de dezembro, um domingo, não teremos jogo (a fase de quartas de final acontecem na sexta-feira dia 9 e no sábado dia 10).

Mas a questão do “quando” não estava sozinha nesse trem. Ainda tinha a questão do “onde”. Entre as poucas opções, que o país oferece, a recorrente escolha recaiu sobre Interlagos. Só que a data de 20 de novembro não poderia ser mantida, pois não haveria tempo hábil para desmontar a estrutura da Fórmula 1 (que corre no dia 13 de novembro) e montar a estrutura da VICAR. Para a data de 11 de dezembro, o circuito já estava reservado neste final de semana para o encerramento da temporada da Posrche Cup, algo que a VICAR deve ter precisado negociar com o promotor da outra categoria, que normalmente faz corridas aos sábados e domingos.

Dificilmente haveria um problema de entendimento entre os dois promotores como não era o caso dos tempos da Fórmula Truck da Família Felix com a VICAR em contrato com a TV Globo, que tinha na categoria dos brutos um enorme calo no pé e fazia questão de provocar o encavalamento de datas entre a Stock Car e a Fórmula Truck, que era transmitida pela TV Bandeirantes. Como no caso da Porsche não há uma concorrência, inclusive com vários pilotos participando das corridas de endurance em parceria com os pilotos dos carros alemães e também fazendo “coaching” para outros tantos, está tudo bem entendido.

O que não vai continuar havendo entendimento é a ideia de cum calendário anual para todas as categorias nacionais se organizarem e além de permitirem uma melhor cobertura jornalística nas respectivas corridas, facilitarem a escala de comissários e diretores de prova para os locais dos eventos. Até onde fiquei sabendo, o Presidente da CBA, Giovanni Guerra, tentou reunir os promotores das categorias nacionais para que se chegasse a um bom entendimento, o que deveria ser fácil uma vez que tudo está praticamente nas mãos de Carlos Col (VICAR e Copa Truck), com as outras categorias fazendo parte das programações, e Dener Pires (Porsche). Mas como a VICAR já adiantou um calendário de 12 datas (sem os locais de corridas ainda definidos) para 2023, não sei como serão encaixadas as categorias de suporte para fazer o programa nos finais de semana.

Será que é pedir muito algum bom senso e racionalidade? Tomara que não! Felizmente em 2023 não tem eleições e Copa do Mundo para atrapalhar ainda mais o que já é atrapalhado.

Abraços,

Mauricio Paiva