Quem é apaixonado por automobilismo e assistiu ao GP de Singapura, teve a oportunidade de testemunhar um show generalizado de pilotagem, proporcionado por uma das mais notáveis safras de pilotos de Fórmula 1 da história. Foi sensacional do começo ao fim, causada principalmente pelo clima instável.

O espetáculo começou na qualificação, com a disputa pela pole position. Os carros mais rápidos estavam virando na faixa de 1m50s. No final da tomada, alguns carros entraram na faixa de 1m49s e foram alternando posições, até Charles Leclerc (Ferrari) cravar 1m49s412, um tempo que parecia inacreditável. Os outros tempos a seguir no grid: Sergio Perez (Red Bull) com 1m49s434, Louis Hamilton (Mercedes) com 1m49s466, Carlos Sainz (Ferrari) com 1m49s583 e Fernando Alonso (Alpine) com 1m49s966. Um erro operacional nos boxes da Red Bull jogou Max Verstappen para o oitavo lugar, com o tempo de 1m51s395. As grandes também erram!

Na manhã de domingo, dia da corrida, uma forte chuva se abateu sobre o circuito, deixando a pista encharcada. O procedimento de largada foi atrasado em mais de uma hora, foram feitas várias tentativas de retirada de poças da pista. A largada foi autorizada com piso muito molhado, todas as equipes optaram pelos pneus intermediários, escolha que se mostrou acertada. Se não voltasse a chover a pista fatalmente secaria. Normalmente esse processo acontece entre meia hora e 40 minutos, como nos mostra fatos passados. Mas não em Singapura. Na metade da prova todos estavam em dúvida sobre a troca para pneus slick. Precisava alguém criar coragem e trocar para slicks. O corajoso foi George Russell (Mercedes). Logo o britânico percebeu que a ideia não foi boa. Passou a virar tempos bem mais altos. Foram mais quatro ou cinco voltas para que começasse a baixar os tempos. Todo mundo trocou pneus.

O grau de dificuldade para guiar de forma eficiente um carro de Fórmula 1 em Singapura ocorreu em altíssimo nível. A pista apresentava características incomuns. Alternava trechos muito molhados, partes totalmente secas, outras apenas úmidas. Os pilotos tinham que guiar recorrendo a técnicas diferentes de acordo com cada trecho da pista. É uma das maiores provas da qualidade dos pilotos. Tanto que alguns não escaparam de sair de pista e bater. Tsunoda, Latifi e Zhou que o digam.

A vitória de Sergio Perez foi um prêmio ao talento desse mexicano que soube resistir às investidas de Leclerc, que desejava tanto roubar sua vitória. Carlos Sainz foi impecável na condução de seu Ferrari e completou o pódio.

Próximo encontro: dia 9 de outubro, GP do Japão, corrida que dará o tíulo de campeão a Max Verstappen.

Luiz Carlos Lima