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Fernando não desistiu dele mesmo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 13 September 2022 22:12

Olá fãs do esporte a motor,

 

Entender a complexidade da personalidade humana é uma aventura com um começo nebuloso e um fim que é, na melhor das hipóteses, imprevisível. Inúmeras ciências e formas sistematizadas de saber lidam com a questão há séculos e é bastante discutível a afirmação de que qualquer uma delas tenha chegado a uma definição conclusiva.

 

Nós, os humanos, a parte fraca e forte ao mesmo tempo de todo este turbilhão chamado vida, somos os mais interessados em desvendar os mistérios da natureza humana. E essa vontade, claro, não é nada desinteressada, ela se dá em assumida causa própria. Afinal, somos os maiores beneficiados e vítimas de tudo o que é essencialmente humano.

 

Cada paciente que tenho aqui em meu consultório tem uma personalidade única, uma visão da vida própria, reagem de forma particular àquilo que lhes é apresentado e, sobretudo desafiam profissionais como eu a sermos melhores, mais sensíveis e perspicazes e assim tentarmos atende-los em suas respectivas buscas dentro do que são suas personalidades e psiques (um dia falarei sobre isso com vocês. Sim, há uma diferença enorme e importante).

 

O atleta de alto rendimento, caso dos pilotos de corrida (com qualquer número de rodas) é tido pelo público que acompanha o esporte como uma pessoa de “personalidade forte”. Será? Também é dito que eles são “fortalezas”, que não se abalam por maior que seja a pressão que lhes é imposta. Será? Pessoas assim “não costumam precisar ‘fazer terapia’, resolvem suas vidas elas mesmas”! Será? A minha clientela mostra que pessoas de “personalidade forte” também fazem terapia, que “fortalezas” não são inexpugnáveis e que o ser humano não é uma ilha.

 

  

Entre meus pacientes, uma das personalidades mais desafiadoras é a de Fernando Alonso. Fernando é um dos meus primeiros pacientes estrangeiros. Trabalhamos desde quando eu ainda morava no Brasil e ao longo de quase 10 anos as mudanças que ele fez em sua maneira de ser e agir (terapeuta não “muda” ninguém, é a pessoa que evolui) foram enormes e eu sinto um enorme sentido de realização em ver como Fernando cresceu como ser humano.

 

Foi esta evolução que permitiu que ele reabrisse uma porta que parecia estar irremediavelmente fechada: o grid da Fórmula 1. Fernando não apenas retornou, indo mais além, conseguiu se restabelecer e ter olhos de outras equipes voltados para ele como profissional de valor. Tornou-se um melhor companheiro de equipe, reagiu positivamente à vitória de Esteban Ocon na Hungria no ano passado, ficou bem mais comedido no rádio com a equipe (apesar das palavras destinadas a Lewis este ano na Bélgica... anos atrás seria algo bem pior, acreditem).

 

Apesar dos 41 anos de idade, Fernando tem nos olhos o brilho de um jovem piloto como tem Charles Leclerc ou Lando Norris, por exemplo e ele não desistiu dele mesmo tampouco de grandes ambições. Foi esta ambição que o levou a deixar a Alpine para assinar co a Aston Martin. Este foi o assunto da nossa última sessão aqui em San Diego, antes das três corridas em finais de semana consecutivos após as férias (tivemos uma online entre Zandvoort e Monza). Ou seja, eu já sabia! Só não podia revelar.

 

 

Falamos sobre isso nas sessões anteriores e ele estava seguro de que iria fazer, mesmo – na época – deixando equipe atualmente competindo em quarto lugar no campeonato de construtores para uma que está em nono. Mesmo consciente do risco na decisão, olhando o momento, de forma bem prática, ele afirmou que não importa ser quarto, nono ou 13º, você é o primeiro ou não está ganhando. Falei pra ele daquela frase do Nelson Piquet que dizia ser o 2° o primeiro perdedor. Ele riu e concordou.

 

Fernando foi muito racional diante das possibilidades que tinha na mesa para o próximo ano. A Alpine não pensava nele em um projeto de “alguns anos”, mas algo de “ano a ano” e isso não lhe interessava. Evidentemente ele não foi atrás apenas de um contrato longo ou de dinheiro (isso ele não precisa), mas buscar um caminho que pode ser o certo e o projeto da Aston Martin, segundo ele, tem alguns ingredientes para o futuro e que normalmente são sinônimos de sucesso na F1 – quando você investe e você tem as melhores pessoas. Agora é encurtar esse tempo o máximo possível e colocar a Aston Martin no topo.

 

 

Para quem pensar em julgar Fernando de ter traído a Alpine, isso não é verdade. Apesar de não ter falado em um primeiro momento com Otmar Szafnauer e mesmo este tendo ficado sabendo da sua ida para a Aston Martin no comunicado oficial. Mas o CEO da Alpine, Laurent Rossi e o presidente do Grupo Renault, Luca de Meo, foram informados. Se eles não entraram em contato com Otmar Szafnauer isso é assunto deles.

 

Fernando vai substituir Sebastian na equipe, tendo Lance Stroll como companheiro de equipe e (notícia inserida quando a coluna já estava pronta), Felipe Drugovich como piloto de desenvolvimento, testes, treinos livres, etc. Um piloto que Fernando falou muito bem e que gostaria de ajudar em sua carreira. Ele tem consciência sobre quanto anos mais conseguirá competir em alto nível e olha para Felipe Drugovich como futuro.

 

 

Se vermos o quanto a Alpine evoluiu depois que Fernando chegou à equipe, podemos afirmar que houve um ganho considerável. Alguém duvida que ele não será capaz de fazer algo semelhante na Aston Martin? Eu não duvido!

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares