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A ordem, a “não ordem”, a ética e o Barão de Coubertin PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 07 September 2022 19:11

Caros Amigos, A ética no esporte é algo que remete-nos ao século XIX, quando o Barão Pierre de Coubertin conseguiu, a custa de muito esforço, trazer de volta à nossa cultura um exemplo de socialização entre os povos: as Olimpíadas, que foram disputadas na antiguidade e que voltaram a ser disputadas em 1896.

 

Ao longo destes quase 130 anos, o esporte, mesmo o chamado “esporte olímpico”, que nasceu com o princípio do amadorismo (em verdade com a total proibição de relações profissionais e comerciais) na prática do esporte, acabou engolfado pelo profissionalismo e pelas relações comerciais que envolvem não apenas a remuneração de atletas e treinadores, mas também contratos comerciais de patrocínios, marcas de materiais esportivos, entre outros.

 

Nas nossas conversas semanais neste espaço no Site dos Nobres do Grid, o automobilismo é o assunto central e, nas relações do esporte a motor, o envolvimento profissional data desde o início do século XX. Especificamente na Fórmula 1, esta data desde o seu início, indo até a relação dos chamados “pilotos pagantes”, que “compravam um lugar no grid” em um determinado cockpit. No final dos anos 60 e início dos anos 70, uma equipe em particular – a BRM – colocava vários carros no grid, a maioria com pilotos que pagavam para poderem ser inscritos para os GPs e disputarem ao menos uma corrida da categoria.

 

Ainda é viva na memória de muitos fãs do automobilismo as lamentáveis cenas de pilotos que, submetidos por clausulas de seus contratos, eram obrigados a abrir mão da vitória em detrimento de um companheiro de equipe. O que poucas pessoas sabem é que tal prática data desde os anos 70, mas naquela época não tínhamos a internet e as redes sociais para isso ser mais visto. Naquela época a cobertura jornalística não era, nem de longe, a cobertura que passamos ater nas últimas décadas. Não existiam reproduções de rádio para que os telespectadores ouvissem um constrangedor “Felipe, Fernando is faster than you” ou as vezes no GP da Áustria em que Rubens Barrichello precisou “cumprir o contrato” e deixar Michael Schumacher vencer a corrida.

 

Resgato estes momentos tristes do esporte para expor a atitude ética, esportiva e profissional da Equipe de Roger Penske, uma das pessoas mais respeitáveis no meio do esporte a motor, que no último final de semana, podendo “inverter as posições” entre o líder da corrida (praticamente de ponta a ponta, exceção feita aos períodos das paradas nos boxes para reabastecimento e troca de pneus) na corrida da Fórmula Indy em Portland.

 

Will Power pediu à equipe Penske que pedisse ao seu companheiro de equipe Scott McLaughlin para trocar de posição com ele e, com isso, leva-lo à vitória na corrida do último domingo em Portland para ajuda-lo em sua busca pelo campeonato, enquanto o rival Scott Dixon estava na terceira posição. Caso a equipe tivesse atendido o pedido de Will Power a vntagem que o australiano teria sobre os seus concorrentes diretos 25 e não os atuais 20 pontos que ficaram definidos após o resultado da corrida onde a equipe rechaçou a possibilidade de dar esta ordem.

 

A definição do campeonato envolve mais do que a posição dos pilotos ao receberem a bandeirada final. Existem os pontos de bônus – 1 ponto por pole, 1 ponto por liderar uma volta, 2 pontos por liderar o maior número de voltas. Will Power, Josef Newgarden e Scott Dixon estão separados por 20 pontos e a diferença de 1º para o quinto colocado na pontuação da corrida final do campeonato é: 50-40-35-32-30. Um desempate entre Will Power e Josef Newgarden seria a favor deste último, que conquistou cinco vitórias contra uma de Power.

 

No início da noite do próximo domingo, saberemos se a postura ética da equipe Penske custará caro à equipe, ao menos aos olhos daqueles que consideram as “ordens de rádio” (no passado eram as placas, como a que mandava Carlos Reutemann abrir caminho para Alan Jones no GP Brasil de 1981, a qual o argentino ignorou solenemente) algo natural, ressaltando que o adversário de Will Power e da equipe Penske é Scott Dixon. Independente do resultado, devemos parabenizar a atitude da equipe, dentro da filosofia do Capitão Roger Penske.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva