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Sebastian, você vai deixar saudades. Obrigado por tudo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 13 August 2022 17:16

Olá fãs do esporte a motor,

 

As chamadas férias de verão da Fórmula 1 é um período de quatro semanas no qual, as três primeiras semanas a coisa funciona meio no estilo “férias coletivas”, com as sedes ficando fechadas e – na teoria – todo mundo indo pra praia (como se não existisse home office).

 

No meu caso, que moro nos Estados Unidos e o mês de agosto é como se fosse o nosso mês de janeiro, onde todo mundo – pelo menos quem pode – vai pra praia. Além de ser branquíssima e andar de bloqueador solar fator 100 nesta época do ano aqui em San Diego, essa é uma época onde temos a reta final da temporada da Fórmula Indy (que está demais este ano) e uma movimentação – de certa forma – inesperada na Fórmula 1.

 

O de certa forma – não vou repetir aqueles cartazes que eu via na TV aí no Brasil dizendo “eu já sabia”, algo que ficou famoso com as histórias do Galvão Bueno com o título do Ayrton Senna em 1991 (que eu só vi bem depois. Tinha apenas 4 anos na época)... mas se eu não podia afirmar, todos os caminhos levavam nesta direção: o anúncio de Sebastian Vettel de que ele deixaria a Fórmula 1 no final desta temporada (pelo menos até o momento, após o GP em Abu Dhabi).

 

Nós conversamos longamente por vídeo chamada na véspera dele comunicar oficialmente algo que ele vinha colocando como possibilidade desde o final de abril, mas que eu – evidentemente – não podia expor aqui na coluna (eu só falo aquilo que eles me autorizam falar), mas Sebastian não estava feliz e isso estava ficando a cada sessão mais evidente e, como ele mesmo sempre disse, “ir para o autódromo e acelerar tem que ser algo que te deixa feliz, que te faça sorrir”.

 

 

Pergunto a vocês queridos leitores, quando foi a última vez que nós vimos Sebastian sorrindo no autódromo? Que eu me lembre, foi depois da pole position para o GP da Alemanha de 2018, quando ele fez a melhor volta, largou na frente e Lewis Hamilton largava apenas em 14º. Foi aquela corrida onde ele bateu sozinho quando liderava em frente as arquibancadas lotadas. Lewis ganhou a corrida e no final do ano o campeonato. Sebastian nunca mais foi o mesmo.

 

Depois do GP da Hungria ele veio para mais uma sessão aqui no meu consultório, foi na terça-feira, 09 de agosto. Vi no seu rosto uma expressão de serenidade que há muito eu não via. Sebastian parecia ter tirado o peso do mundo de suas costas e estava incrivelmente relaxado. O sorriso? Bom, este ainda vai demorar para vermos como víamos naquele menino que encantou o mundo quando venceu praticamente todas as corridas na F. BMW na Alemanha.

 

 

Sebastian era um prodígio e a BMW sabia disso. Bancou sua ascensão a condição de piloto de testes na na Sauber e foi lá que conseguiu correr provas, substituindo os pilotos titulares. Na segunda corrida, marcou seu primeiro ponto como piloto na Fórmula 1, sendo o mais jovem a fazer isso em 2007, ano que em um acordo entre corporações, Sebastian assinou com a Red Bull – que já o patrocinava desde o kart – e que estava assumindo a operação das equipes Jaguar e Minardi, rebatizadas Red Bull e Toro Rosso, indo para a segunda, para ganhar quilometragem.

 

Foi na Toro Rosso que ele fez – para mim – sua maior façanha, ao vencer o GP de Monza em 2008 com um carro de uma equipe média, fazendo aquilo que Ayrton Senna não conseguiu fazer (e eu lembro que este assunto gerou polêmicas no Brasil). Uma vez contei pra ele que isso tinha acontecido e ele riu bastante, disse que as circunstâncias eram um pouco diferentes, mas que ficava honrado em ter esse feito visto desta forma por pessoas no Brasil.

 

 

Uma coisa que sempre entristeceu Sebastian foi rotularem ele de “piloto de um carro só”, de que se ele não estivesse na Red Bull, jamais teria ganho quatro títulos mundiais. Ele disse que nunca ninguém teve coragem de confronta-lo e perguntar ou afirmar isso em uma entrevista ou mesmo uma conversa. “Ninguém faz um carro vencedor sozinho”, ele diz. Para a Red Bull chegar onde chegou, evidente que os engenheiros e Adrian Newey fizeram grandes trabalhos, mas os pilotos – e nisso ele elogiou diversas vezes Mark Webber – trabalharam muito para isso acontecer.

 

Sebastian sabia que ia ser muito difícil levar a Aston Martin ao platamar que a fábrica e Lawrence Stroll desejariam estar hoje, mas a verdade é que as coisas não fluíram como deveriam na equipe e se perdeu terreno ao invés de ganhar. Essa está sendo a segunda grande frustração de Sebastian na Fórmula 1, maior até do que sua saída da Red Bull, onde ele foi “apostar em um sonho”. Afinal, quem não sonha em pilotar pela Ferrari?

 

Depois daquela infelicidade no GP da Alemanha de 2018, Sebastian sempre fica melancólico ao falar sobre a Ferrari. Ele tem plena consciência de que aquele erro mudou muito mais do que o campeonato: mudou sua vida, mudou a forma como ele era visto na equipe, mudou o mundo. O esporte de alta performance é um verdadeiro moedor de almas, mentes e corpos. E naquele dia Sebastian foi tragado pelas engrenagens.

 

 

Agora Sebastian está em paz. Vai correr, vai buscar o seu melhor, está abraçando novos projetos de dedicação à família e às causas ambientais, mas que, independente daqueles que não tem por ele o respeito que ele merece, não vão poder apagar suas 53 vitórias e seus 4 títulos mundiais, que colocam seu nome – em letras maiúsculas – na história do automobilismo mundial.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares 
Last Updated ( Monday, 15 August 2022 18:25 )