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A gente perdeu o Mojo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 11 August 2022 19:49

Nas minhas poucas horas de folga, tenho dado cada vez mais atenção para minha esposa e meus filhos. Por incrível que pareça, essa praga da pandemia do Coronavírus fez uma coisa boa na vida das pessoas: elas ficaram mais em casa, deram mais valor ao ambiente familiar e interagiram mais.

 

Família é coisa importante e a gente tem que dar valor a isso. Na minha casa, temos usado muito do tempo para jogos de tabuleiro, prosa com assuntos variados (todo bom mineiro gosta de prosear) e também assistir filmes. Como aqui todo mundo tem senso de humor escancarado, a escolha dos filmes costuma recair no gênero ‘comédia’.

 

Foi numa das comédias desta semana que veio a inspiração para coluna deste mês que juntou com uma outra comédia, que são as colunas do nosso colega aqui do site, Rodrigo Botana, que o impagável Paulo, vulgo Shrek recebe e – como ele mesmo diz – “traduz do “bonequês” (ele chama o Botana de “Boneco de Olinda”) para o português. Brincadeiras à parte, o Rodrigo faz um bom trabalho cobrindo as categorias de kart e a partir deste ano, a Fórmula 4 brasileira.

 

 

Eu assisti as corridas da Fórmula 4 pelo youtube e, como também leio as colunas do vascaíno Genilson Santos (que não é Fluminense!), com as categorias de Fórmula 4 e outras na Europa, confesso que estou preocupado (e onde está o tal do trem do filme de comédia?). O filme que vi em família era um do Austin Powers, personagem do Mike Meyers, que em uma das cenas ele diz que “perdeu o ‘mojo’”! Mojo, no caso, seria seu charme, encanto, sex appeal.

 

Depois de ver seis corridas em Interlagos, minha conclusão foi: nossos pilotos perderam o ‘mojo’! Dos pilotos que tem andado na frente entre os 16 competidores, alguns fizeram corridas na Europa na Itália, Espanha e Alemanha, que tem fortes campeonatos da mesma categoria e com o mesmo carro. Os pilotos que estão aqui no Brasil, enfrentando pilotos europeus (e alguns de outros países da Ásia, America do Norte e Oceania) não conseguiram ficar nem entre os 20 primeiros!

 

 

Comentei isso com meu primo, Fernando, que é o gerente aqui no site. Ele falou para eu ter cuidado na abordagem, que bastava o Paulo para “criar confusão”, mas lembrou-me de um episódio ocorrido há quase de 20 anos: Robert Kubica tinha se destacado em um dos campeonatos europeus de Fórmula Renault em 2002 e foi convidado para participar da etapa de encerramento do campeonato brasileiro em Interlagos. Ele não conhecia a pista e no grid, tínhamos uma geração respeitável: Marcos Gomes, Daniel Serra, Lucas Di Grassi, Sergio Jimenez, Allam Khodair, Alan Helmeister... O Polonês “aprendeu a pista” no primeiro dia, fez a pole no segundo, e enfiou uma distância enorme nos nossos pilotos no terceiro, quando foi disputada a corrida.

 

A última geração de pilotos brasileiros que chegou na Europa e passou por cima dos concorrentes foi a que tinha Ricardo Maurício, Max Wilson, Bruno Junqueira, Mario Haberfeld, vencendo tudo que podiam, mas que acabaram não chegando à Fórmula 1 por falta de “combustível financeiro”. As pessoas nem lembram quando foi isso... foi há quase 25 anos! O automobilismo brasileiro tinha tanta força que até a F3000 (a Fórmula 2 da época), vinha pro Brasil.

 

 

O problema não é o fato de não termos talentos. Temos! Mas eles estão cada vez mais raros e em alguns casos, foram fazer sua formação, ainda como kartistas, na Europa, coo foram os casos de Caio Collet, Gianluca Petecof e Rafael Câmara. Mesmo fazendo esse caminho, a garantia de sucesso é nenhuma. Petecof foi campeão em sua categoria e não conseguiu se manter no caminho da Fórmula 1 por falta de apoio financeiro.

 

Quando havia a revista Grid nas bancas de revistas, lembro-me das páginas que traziam nossas vitórias pelas categorias do automobilismo mundial. Todas as semanas tínhamos nossos pilotos no alto do pódio e hino nacional tocando. Esses tempos ficaram no passado. As vitórias rarearam e mesmo a quantidade de pilotos em condições de irem para a Europa chegar e vencer está cada vez mais difícil.

 

 

Tomara que a VICAR não invente de convidar algum piloto da Fórmula 4 lá da Europa pra participar, por exemplo, da etapa de encerramento do campeonato nacional da categoria. Agora, com rodada tripla, o gringo vai fazer barba, cabelo e bigode.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.