Olá amigos, tudo bem? Em minhas colunas mais recentes, desde o início de maio, o fato comum foi que em todas elas eu comentava sobre alguma atividade de pista já nos dias seguintes. Foram, no total, 14 finais de semana seguidos acelerando, entre corridas e testes. Agora, cumprida a etapa de Nashville, no domingo passado, vamos ter essa semaninha de folga antes de entrar na fase final do campeonato. No dia 20 próximo, teremos a última corrida do ano em oval, em Madison, que fica no estado do Illinois. Depois, nos dias 4 e 11 de setembro, acontecerão as provas finais em Portland (Oregon) e Laguna Seca (Califórnia), respectivamente. Na prova de domingo, em Nashville, que foi pra lá de movimentada, tivemos de alterar nossa estratégia várias vezes, na mesma velocidade em que as coisas aconteciam na pista, e nos mantivemos na disputa até o fim, chegando em 13º, mesmo parando oito vezes nos pits. Esse número excessivo de paradas foi relação direta com a quantidade de bandeiras amarelas, num total e oito. Isso sem contar com a vermelha no final da prova. A dinâmica da corrida foi boa, com um trabalho muito bacana – e até divertido – na tentativa de encontrar aos alternativas mais eficientes para avançar posições. Meu estrategista e eu fizemos um bom trabalho, pois não é fácil avançar 13 posições numa disputa com tantas variáveis. Foi uma pena que no sábado a coisa não funcionou. Era uma prova para largar bem melhor do que o 26º lugar, que foi minha posição no grid. Infelizmente, houve um problema de comunicação interno e o carro que foi para o Qualifying estava um bem diferente daquele que eu havia pedido. E num circuito de rua, com as dificuldades de Nashville, faria uma brutal diferença largar algumas filas na frente. Sei que não adianta chorar sobre o leite derramado, mas numa equipe em constante desenvolvimento, como a Meyer Shank Racing, cada “gotinha desperdiçada” tem de ser analisada. É como no caso de um acidente aéreo, quando as autoridades se debruçam exaustivamente para descobrir as causas e tomar as providências necessárias para que não mais aconteça. A gente não pode se esquecer que até o ano passado a MSR era uma equipe pequena, sem vitórias e que nunca tinha disputado uma temporada inteira com dois carros. Por causa disso, depois da nossa vitória em Indianapolis e a contratação do Simon Pagenaud, a equipe ampliou estrutura e o número de pessoas trabalhando. Como se trata de um processo de transformação muito grande e inédito, as peças desse “quebra-cabeça” não necessariamente se encaixam rapidamente. As pessoas da MSR e as da Andretti que nos assistem, por causa da longa parceria entre os MM (Mike Shank e Michael Andretti), formam um conjunto fabuloso em termos de recursos humanos. Mas só trabalhando no dia a dia é que a gente verifica, na prática, se as pessoas estão efetivamente nas posições certas. É mais ou menos assim. Se o cara é um goleiro formidável e o técnico manda o cara cobrar pênaltis, nem sempre a coisa funciona. Nem todo mundo é um Rogério Ceni, do meu glorioso São Paulo Futebol Clube – “Salve o Tricolor Paulista, Amado Clube Brasileiro, Tu És Forte, Tu És Grande, Entre Os Grandes É O Primeiro” - que pegava tudo, marcava um monte de gols e hoje é um técnico premiado. Acho que deu para entender, né? São acertos como esses que estamos fazendo aos poucos, com serenidade e paciência. A boa notícia é que muita gente já foi de cara para a posição certa e nosso time ganha em qualidade a cada prova. Então, pessoal, é isso. Faz tanto tempo que não passo um domingo em casa que nem sei direito o que vou fazer. Só espero que minha mulher não me mande “pilotar” o cortador de grama. Abraço a todos e até semana que vem. Helio Castroneves Reprodução autorizada da coluna de Helio Castroneves, originalmente publicada no site www.lance.com.br Queridos amigos leitores, O Grande Prêmio de Nashville inaugural do ano passado teve nove advertências e foi lembrado por ser um show selvagem que terminou com um vencedor inesperado Marcus Ericsson, da Chip Ganassi Racing, que envolveu-se num acidente sério no início da corrida, mas se recuperou para alcançar, na pista, uma improvável vitória no que foi apelidado de “Milagre na Cidade da Música.” Para quem pensou que seria impossível para a segunda edição da corrida de rua do em Nashville tão confusa quanto a primeira... errou feio! Tudo começou com um adiamento devido a uma verdadeira tempestade, com raios em profusão e que, pelas normas de segurança nos Estados Unidos, sob raios, não pode haver evento em local aberto. A corrida atrasou sua largada mais de uma hora e depois de largarem, os pilotos protagonizaram oito bandeiras de advertências e quase metade da corrida – 36 de 80 voltas – passadas atrás do Safety Car. A corrida de 2022 teve paralelos significativos com 2021, quando o companheiro de equipe de Ericsson, Scott Dixon, envolveu-se em um acidente e conseguiu superar a adversidade e marcar sua segunda vitória na temporada. Scott Dixon venceu uma corrida de arrancada a fórceps para cruzar a linha de chegada apenas 0,1067s à frente de Scott McLaughlin, do Team Penske, depois que uma bandeira vermelha tardia transformou o evento em um sprint de duas voltas, onde o carro do veterano da Chip Ganassi Racing – com uma parte do difusor traseiro do lado esquerdo quebrado – precisou mostrar todos talentos para segurar o jovem piloto (e seu compatriota). Alex Palou, o excomungado da Chip Ganassi, sobreviveu para ocupar o último lugar do pódio, apesar de passar metade da corrida com a asa dianteira esquerda quebrada, que ele danificou desnecessariamente depois de atingir Will Power quando fez a ultrapassagem sobre o piloto da Penske ao passar na ponte. Ele recebeu a bandeirada 0,6100s atrás de Dixon e fez pontos importantes para se manter na disputa pelo campeonato. A vitória levou Scott Dixon a segunda colocação na classificação e também ao segundo lugar na lista de mais vitoriosos de todos os tempos da IndyCar com 53 conquistas, atrás apenas de A.J. Foyt que tem 67. Para o pole position da corrida, Scott McLaughlin, que vê Dixon como um herói nacional, a “corrida de arrancada” de duas voltas finais foi um sonho tornado realidade, menos a segunda parte final. Largando em quarto, Alex Palou esteve no pelotão da frente durante praticamente toda a prova, liderando mais voltas do que qualquer um com 31 passagens, mas como as intermináveis advertências embaralharam estratégias, ele foi forçado a se contentar com o terceiro lugar. Os incessantes contatos entre os carros, ridadas, escapadas, batidas nos muros e quebras resultaram em apenas 13 dos 26 pilotos chegando ao final. Atrás de Palou, dois pilotos que não esperavam estar lá ficaram em quarto e quinto: Alexander Rossi e Colton Herta, da Andretti Autosport, superaram um encontro com o muro (Herta) na volta 3 e um carro parado (Rossi) na volta 8 que deixou ambos pilotos uma volta atrás apenas alguns minutos na competição. Reparos rápidos e uso inteligente das advertências para destravar-se, juntamente com direção agressiva, salvaram o dia de Andretti depois que o titular Romain Grosjean acabou no muro durante um confronto com Josef Newgarden. Devlin DeFrancesco atraiu a ira de Takuma Sato após um acidente – tentativa de ultrapassagem predestinada colocou os dois pilotos no muro. Quem terminou a corrida bem mal humorado foi Josef Newgarden, que não estava interessado em ouvir o lado de Grosjean (que terminou no muro e dirigiu ao piloto da Penske algumas “gentilezas” quando o pelotão passou pelo local do acidente). Depois do piloto da Penske, algumas performances notáveis foram registradas: Felix Rosenqvist subiu de 15º para sétimo, quando o companheiro de equipe da McLaren, Pato O'Ward, foi atingido por trás por Graham Rahal e perdeu a direção como resultado do contato. Ele caiu para 24º. Rahal, por sua vez, se envolveu em três acidentes, incluindo um ao tentar voltar aos boxes depois de bater na traseira de O'Ward. Ele terminaria em 23º. Para aumentar a diversão, o golpe de Rahal na traseira de O'Ward também levou o carro do mexicano a atingir o carro de Will Power, que saiu mais leve que a batida em O'Ward, mas sofreu problemas de mudança de marcha a partir da volta 26 e isso fez o então líder do campeonato perder tempo com cada mudança. Power terminou na P11 e salvava a liderança. O companheiro de equipe e novato na Rahal, Christian Lundgaard, foi um foguete durante a maior parte da tarde, mas caiu para oitavo no sprint de duas voltas até o final; ele recomeçou em segundo atrás de Dixon, mas não tinha mais tempo de push to pass e ficou sem defesa nos trechos velozes. Nos que colecionaram problemas, as pancadas na caixa de velocidades não pararam com Power e O'Ward. O que parecia ser uma batida relativamente pequena por trás de Herta fez com que Marcus Ericsson, da Ganassi, perdesse no top 10. Ele perdeu a direção, foi reiniciado e perdeu a direção novamente ao terminar em 14º, sendo o último carro a sair da corrida. Jimmie Johnson bateu do mesmo jeito e no mesmo lugar que bateu no ano passado. David Malukas e Kyle Kirkwood estavam no ritmo de seus melhores resultados na IndyCar, mas na disputa pela P7, tentaram fazer uma curva de 90 graus ao mesmo tempo e acabaram no muro. Callum Ilott furou o pneu e acertou Alexander Rossi. Graham Rahal entrou o bico do carro numa barreira de pneus e Rinus VeeKay foi incapaz de evitar esbarrar nele. O grande engarrafamento que prejudicou Power, O’Ward e Rahal, também acabou com os dias de Dalton Kellett e Simona De Silvestro. Nesse congestionamento, Dixon foi enviado voando a uma curta distância quando foi levantado por trás – onde ocorreu seu dano duradouro. Hélio Castroneves rodou sozinho e parou deixando os boxes. Simon Pagenaud bateu na traseira do carro de Palou. Deve ter havido outros 50 incidentes que deixaram narizes, asas, sidepods, pisos, rodas e pneus em péssimo estado. Um total de 46% da corrida foi realizado atrás do Safety Car, acima dos 43% em 2021. No ano passado, 30% do pelotão não conseguiu terminar; este ano, atingiu a impressionante marca de 50%. A única área de melhoria veio com as advertências – de nove para oito – e penalidades, também de nove para oito. Agora é nos prepararmos para a nova corrida no caos em 2023. O campeonato está a três corridas de seu final com os 5 primeiros (Power, Dixon, Ericsson, Newgarden e Palou) separados por 33 pontos McLaughlin e O’Ward ainda não estão “fora do páreo”, mas precisam vencer e pontuar bem para terem chance. Alguém faz alguma aposta? Eu não tenho coragem! Vamos acelerar! Sam Briggs Fotos: site IndyCar Media Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |