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A cobiça para estar na elite tem que ter limites PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 July 2022 20:26

Caros Amigos, Fazer parte de uma elite, do topo de uma pirâmide é uma salutar ambição de todo ser humano e procurar meios dignos e honestos para atingir este objetivo é algo mais do que louvável.

 

No mundo corporativo (acredito que muitos dos meus estimados leitores devem suspirar nessa hora e dizem: lá vem o Fernando novamente com o tal do “mundo corporativo”), este princípio deve seguir a mesma lógica, a mesma métrica. O bom, o correto e o competente devem conseguir chegar ao topo da sua pirâmide específica.

 

É inegável que o topo da pirâmide do automobilismo é a Fórmula 1, sem desmerecer gandes categorias como a NASCAR, Mundial de Endurance ou o Mundial de Rally. A lógica é simples: o montante financeiro investido na categoria-maior do automobilismo é da ordem de mais de um centena de milhões de dólares por equipe... e isso considerando o teto orçamentário, que exclui uma série de itens. Antes do teto, os orçamentos da principais equipes giravam em algumas centenas de milhões de dólares.

 

Caso extrapolemos do universo das equipes para o primeiro círculo de negócios, veremos que os promotores locais de corridas precisam investir milhões de dólares para manterem suas praças em condições de segurança exigidas pelo Grupo Liberty Media e pela FIA, que pagam dezenas de milhões de dólares por ano, todos os anos, para manterem seus autódromos ou circuitos de rua – com governos em algumas esferas – para se manterem no calendário.

 

Este ano tivemos a estreia do do GP de Miami nos Estados Unidos, o 2° GP do ano naquele país que, em 2023 terá uma terceira corrida, em Las Vegas. Estas duas últimas em traçados urbanos, não em circuitos tradicionais. Em ambos os casos os promotores locais são privados e precisam recuperar o investimento que fazem para manter as corridas, algo que o promotor de Miami, Thomas Garfinkel, aprendeu da pior maneira que não é algo tão simples: o GP, apesar de toda a mídia, de lotar as dependências do circuito, deu prejuízo ao promotor local!

 

Existem promotores e promotores. Exemplos: o atual GP de São Paulo está sendo custeado pela prefeitura municipal. Os investimentos são públicos, mas o retorno – com impostos pela ocupação hoteleira, restaurantes, transportes, etc – retorna ao município em uma razão de quase 4 pra 1. Na Russia, Wladimir Putin bancava o GP em Sochi sem preocupações com retorno, assim como é no Azerbaijão. A China só está fora do calendário devido a pandemia e as restrições que o próprio governo anda impondo. Há dois anos, por pouco Monza não saiu do calendário com problemas para a renovação de seu contrato. Spa-Francorchamps tem seu contrato terminando este ano e ainda vem trabalhando para fechamento de um acordo sob risco de ficar fora do calendário, situação semelhante a de Zandvoort, que independente do “mar laranja” nas arquibancadas, estas não garantem o retorno aos promotores locais privados.

 

No último final de semana foi noticiado, inclusive pela equipe de transmissão do GP da França para o Brasil, que Paul Ricard estaria fora do calendário de 2023. A princípio, o próximo campeonato virá com 24 etapas, que é o limite atual após o novo Pacto de Concórdia, que começou a valer em 2021. O calendário prevê as estreias dos GPs de Las Vegas, África do Sul, além do retorno do GP do Catar e da China. Com isso, Bélgica e França ficariam de fora, com Spa no aguardo da não-realização dos GPs sul-africano ou chinês, que ainda enfrenta restrições por causa da pandemia. Com o início programado para 5 de março, com o GP do Bahrein, este também deve ser o local dos testes de pré-temporada.

 

Apesar de ser um negócio de alto risco, existe uma fila de candidatos pleiteando junto à FIA e ao Grupo Liberty Media uma data para sediar um GP de Fórmula 1. Todos tem planos espetaculares para ganhar dinheiro e fazer parte da elite do automobilismo mundial. Mas até onde o status e a cobiça podem, devem e vão tomar o lugar da tradição e da história? Fórmula 1 sem GP na França, Alemanha (essa fora há anos e depois de desfigurarem Hockenheim), Bélgica... para fazerem corridas em centros urbanos? Há que se por um freio nisso e a FIA não pode ser simplesmente conivente.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

 
Last Updated ( Thursday, 28 July 2022 17:31 )