Caros Amigos, A prática do esporte há muitas décadas é associada à busca da saúde de seus praticantes, mas no esporte de alto rendimento, as marcas, feitos, recordes parecem sobrepujar o princípio da saúde do praticante.

A Maratona, prova extenuante do atletismo, segundo a lenda, teve como sua origem um fato ocorrido no ano 490 antes de Cristo, quando um soldado chamado Pheidíppides teria corrido 42 quilômetros com o objetivo de chegar em Atenas para dar a notícia da vitória dos gregos sobre os persas na Batalha de Maratona, região grega. Após dar a notícia, Pheidíppides caiu morto! Essa distância foi aumentada para os atuais 42.195 metros (195 metros) na olimpíada de Londres, para a largada se dar em frente ao Castelo de Windsor, residência da família real.

As exigências do esporte sempre foram crescentes, mas os equipamentos (tênis, raquetes, trajes, bolas, trenós, etc.) em geral foram se desenvolvendo para promover um maior rendimento e conforto dos atletas. Em 2022, contudo, estamos vendo uma condição onde “a vestimenta”, ou o equipamento está sendo um ponto questionável pelos desconfortos causados aos atletas. Estes são os atuais carros da Fórmula 1 e os efeitos colaterais do movimento vertical inesperado que a volta do efeito solo do regulamento adotado para essa temporada que está fazendo os carros baterem com o fundo no asfalto em altas velocidades, com grande frequência. Em inglês, o movimento foi chamado de “porpoising”.

O retorno do efeito solo aos carros viu o aparecimento deste movimento onde os carros perdem e recuperam downforce em rápida sucessão, configurando um ciclo do carro subindo e descendo. Após consulta com os seus médicos, a FIA disse ter-se sentido compelida a reagir porque, segundo a própria entidade dirigente, num esporte em que os concorrentes conduzem habitualmente a velocidades superiores a 300 km/h, considera-se que a concentração do piloto precisa estar focada nessa tarefa, e que fadiga excessiva ou dor experimentada por um motorista pode ter consequências significativas caso resulte em perda de concentração, além disso, o impacto físico imediato na saúde dos pilotos tem sido observado e ouvido, onde vários pilotos de diferentes equipes relataram dores nas costas após eventos recentes.

Uma mudança de regras sempre vai gerar contestação de que está em vantagem e a Red Bull não está de todo errada ao argumentar que “basta os concorrentes levantarem mais os carros do solo para eliminarem o problema”. Evidente que com os carros mais distantes do asfalto a perda de velocidade seria considerável e isso ampliaria a vantagem dos carros da equipe austríaca. Entretanto, neste caso a FIA está considerando fatores além da competição.

A entidade está concentrada em introduzir novas medidas na tentativa de combater o 'porpoising' em meio a preocupações com a segurança dos pilotos de Fórmula 1. Depois dos problemas observados no GP do Azerbaijão e da queixa dos pilotos, A diretiva técnica emitida pela FIA antes do GP do Canadá forçará as equipes que lutam com saltos a alterar a configuração de seus carros para proteger seus pilotos, com um limite no nível de “oscilações verticais” sendo introduzido.

O comunicado da FIA disse que após a oitava rodada do Campeonato Mundial de Fórmula 1 deste ano, durante a qual o fenômeno das oscilações aerodinâmicas ('porpoising') da nova geração de carros de Fórmula 1 e o efeito disso durante e após a corrida sobre a condição física dos pilotos foi mais uma vez visível, a FIA, enquanto entidade dirigente da modalidade, decidiu que, no interesse da segurança, é necessário intervir para exigir que as equipas façam os ajustes necessários para reduzir ou para eliminar este fenômeno.

A FIA acrescentou que também iniciará uma investigação - em consulta com as equipes - sobre como reduzir o 'porpoising' no “médio prazo” e que alguma coisa já deveria mudar a partir do GP da Inglaterra, apesar dos protestos da Red Bull e sem a garantia tanto da efetividade imediata das medidas como dos temores de Helmut Marko e Christian Horner quanto a perda do atual domínio da Red Bull.

Um abraço e até a próxima,

Fernando Paiva