Sabem aquele ditado popular que diz, “onde há fumaça, há fogo”? foi assim que eu vi o “passeio” do Bom Velhinho – que de bom e “aposentado” não tem nada – pelos bastidores de dois eventos do automobilismo local no mês passado.

O Bom Velhinho é casado desde 2012 com a brasileira Fabiana Flosi (Ecclestone), que foi eleita vice-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para a América do Sul na última eleição, a do Mohammer Bin Sulayem.

O que teria sido o “objeto da visita”. No início de maio, sem muito alarde e pegando a todos de surpresa, o Bom Velhinho circulou pelos boxes e áreas de hospitalidade em Interlagos durante o evento que reuniu a GT Sprint Race, a Copa Truck e a categoria sulamericana TCR, que tem como promotor Maurício Slaviero, que foi diretor executivo da VICAR por muitos anos e, na Europa, promoveu eventos com carros elétricos.

Trabalhando pra consolidar a categoria de carros de turismo no continente, em São Paulo estiveram presentes Jorge Tomasi, presidente da federação uruguaia (ACU), e Carlos García Remohí, presidente da confederação da América do Sul (CODASUR). Como há anos o Bom Velhinho tem negócios no Brasil e uma fazenda que produz cafés especiais no interior de São Paulo. Reunir dirigentes internacionais no seu evento foi uma ação bem planejada por Maurício Slaviero, que aprendeu muito sobre o que fazer e como fazer desde que deixou de ser piloto da Stock Car e investiu na área administrativa.

Desde que a Fórmula 1 foi para as mãos do grupo Liberty, o Bom Velhinho foi “dispensado” pelo novo chefão do negócio, o bigodudo Chase Carey. Fora da Fórmula 1, sim, mas até onde e até onde fora do automobilismo? Emplacar a esposa como vice-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para a América do Sul foi e é uma maneira de se fazer presente e influente nos assuntos do esporte a motor em esfera global. Apesar dos 91 anos de idade, o Bom Velhinho continua ativo.

Muito curioso foi o fato do antigo mandatário ter circulado e deito fotos com pilotos e dirigentes das categorias de corridas de automóveis e não ter circulado pela parte do grid da categoria que “ancorava” o final de semana em Interlagos, a Copa Truck, que é uma categoria ligada à VICAR pelo fato de ter como promotor(a) a empresa de Carlos Col e a presença física de Vanda Camacho. Isso certamente deixou o pessoal da VICAR bem desconfortável.

Como tem sua propriedade no interior de São Paulo, a VICAR foi rápida e tratou de convidar o casal para conhecer o seu evento no apertado Velocittà, que reuniu quatro categorias (Stock Car, Stock Series, Copa HB20 e Fórmula 4 Brasil) sabe-se lá Deus como e fez o Bom Velhinho circular por entre os carros de todas elas e, quem acha que ele fez isso “apenas a passeio”, pode ter certeza que ele vai fazer – se já não estiver fazendo – render alguma coisa além das fotos e das notícias que circularam pela mídia.

Como não aproveitar um “arroz de festa” com tamanho peso? Todo mundo quis tirar uma foto com “Bom Velhinho” e entre flashes diversos, com pilotos, chefes de equipe e – claro – que os cartolas nacionais iriam aparecer. O presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Giovanni Guerra, foi ao Velocittà no evento da VICAR e, fazendo algo ao qual os ingleses não são muito chegados, deu um abraço caloroso – e constrangedor – no convidado VIP.

As estadas do “Bom Velhinho” no Brasil não são raras e são bem extensas. Ele não chama atenção quando vem por aqui, entrando e saindo pelos aeroportos discretamente em seu avião privado. Ele também esteve em Brasília vendo as obras de recuperação do autódromo que leva o nome do seu piloto dos tempos que era proprietário da Brabham, Nelson Piquet, que dá nome ao circuito. Teria sido isso também um “passeio aleatório”? Duvido!

Mas dessa vez a passagem do “Bom Velhinho” terminou de maneira um tanto conturbada: mesmo viajando em um avião particular, os passageiros tem que passar pelos procedimentos aduaneiros e de controle da Polícia Federal... e aí o trem descarrilou! Ele foi detido no Aeroporto de Viracopos, em São Paulo, por porte ilegal de arma de fogo. Segundo as autoridades, uma arma de calibre 32 que não tinha documentação regular foi detectada no bolso de uma camisa que estava na sua bagagem, sendo detectada no Raio X do aeroporto. A pistola estava sem carregador e não tinha munição.

Ele encaminhado à Delegacia de Atendimento Turista (Deatur) e o fato foi à Polícia Federal, que tem plantão nos aeroportos. Um auto foi lavrado, mas não citou o nome do “Bom Velhinho”. Em nota emitida, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo cita o fato de “um empresário foi preso por porte de arma, que tinha a mesma descrição dada pela polícia civil e que ele foi solto após o pagamento de fiança no valor de cinco salários mínimos”, totalizando R$ 6.060,00. A  pistola foi apreendida e o dono da arma foi colocado em liberdade provisória.

Saia justa das boas para o “Bom Velhinho”, que possivelmente pensava – e pensa – que vivemos na “casa da Mãe Joana”... algo que pelo que vemos no noticiário nacional, não deixa de ser verdade, mas independente disso, os tentáculos do “Bom Velhinho” continuarão se movendo em busca de alcançar seus interesses por aqui, ou alguém acha que ele estava só visitando as categorias? Com negócios no Brasil há décadas, ele nunca havia comparecido em uma das categorias nacionais ou regionais.

Abraços,

Mauricio Paiva

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.