Oi amigos, tudo bem? Vocês acreditam se eu contar para vocês que estou escrevendo minha coluna em plena quarta-feira, em Indianapolis, no horário exato em que deveria estar na pista treinando para a Indy 500? Pois é, estou aqui porque lá fora está chovendo e, como vocês sabem, chuva e circuito oval não combinam. A manhã estava nublada, mas sem chuva. Deu até aquela esperança, mas só foi se aproximar da hora de entrar no carro que o “mundo desabou”. No final, tudo foi cancelado e os carros ficaram sequinhos na garagem. Quando isso acontece, obviamente que o planejamento fica comprometido, pois são muitos os itens que precisam ser testados e a perda de um dia faz com que o restante da programação fique apertada. Apesar disso, confesso a vocês que não estou muito preocupado, pois a terça-feira, dia que marcou o início das atividades de pista, foi muito proveitoso. Vocês lembram que sofri um acidente com carro vencedor da Indy 500 do ano passado, durante o Open Test de abril. Depois daquilo, o pessoal técnico da Meyer Shank Racing fez um trabalho perfeito, substituindo tudo aquilo que ficou danificado e aproveitou para uma revisão completa de todos os demais componentes. Por força dessa situação, o primeiro treino foi dedicado a verificar se todos os itens estavam funcionando corretamente. Fiquei muito feliz ao constatar que estava tudo em ordem e o próximo passo foi partir para o acerto. Aqui eu quero me alongar um pouquinho para explicar umas coisas. Podemos dizer que existem dois tipos de acerto para um carro de corrida, principalmente num oval velocíssimo como Indianapolis. O primeiro é aquele acerto básico, que garante aderência, equilíbrio, velocidade, dirigibilidade, previsibilidade etc. De nada adianta ficar inventando soluções mirabolantes se o carro está arisco, com comportamento diferente em cada curva e difícil de guiar. É mais ou menos com um bolo. A decoração pode ser a mais exuberante do mundo, mas se o pão de ló estiver cru ou queimado, não vai prestar. Cumprida a primeira parte, com a base toda em ordem e funcionando, partimos para trabalhar nos detalhes, aqueles pontos nevrálgicos que fazem muita diferença na hora da corrida ou mesmo no Qualifying. Não foi um dia para nos preocupar com tempo, mas sim de cuidar de cada ponto para ter ótima performance na hora que realmente importa. Fomos ticando ponto a ponto incluído na lista de procedimentos, sempre com resultados positivos. Como ficamos sem treino nesta quarta, a partir de quinta vamos ter de acelerar algumas coisas, mas sem perder de vista que nosso objetivo está bem traçado, sabemos o que temos de fazer e o carro, apesar do acidente de abril, está muito próximo do ideal. A classificação mudou um pouco, em relação ao ano passado. No primeiro dia de Qualifying, no sábado, os donos das posições entre a 13ª e 33ª vagas serão conhecidos. No domingo, os 12 mais rápidos voltarão para a pista com o objetivo de disputar a pole position. Sem dúvida, teremos dias de muito trabalho pela frente. Qualifying será transmitido para todo o Brasil nos dois dias, pela TV Cultura e ESPN/Star+. Quero terminar fazendo um apelo aos amigos do Brasil. O país está enfrentando uma onda grave de frio, principalmente no Sul, e esse é um momento de procurar no guarda-roupa aquele agasalho que não usamos mais e destiná-lo para quem precisa. Postos de arrecadações estão espalhados por vários lugares. Mas se não tiver um perto de você, é só passar na igreja, prefeitura, posto policial ou hospital. Há sempre alguém que poderá se aquecer com o calor da solidariedade. Forte abraço e até semana que vem. Helio Castroneves Reprodução autorizada da coluna de Helio Castroneves, originalmente publicada no site www.lance.com.br Olá Amigos, A corrida deste último final de semana da IndyCar Series foi uma verdadeira corrida maluca. Apostas ousadas de estratégias fizeram alguns pilotos se darem bem e outros saírem prejudicados. Com oito bandeiras amarelas e entradas do Safety Car, fruto das batidas e rodadas onde os pilotos tentaram extrair o máximo de aderência possível de pneus slicks na pista úmida e na insistência de alguns pilotos em ficar com pneus de pista seca por mais tempo do que o bom senso mandava. Entre os audazes da estratégia, o prêmio tem que ser dado para Colton Herta e Simon Pagenaud – e as respectivas equipes – que levaram os dois para a frente e conseguiram os melhores resultados. Atrasado pela chuva, o GP de Indy foi declarado uma corrida com pista molhada pela IndyCar, o que significava que todo o grid, que foi obrigado a largar com os pneus de chuva. Dada a largada, Christian Lundgaard saiu reto na curva 1. Will Power caiu para P4 na reta oposta quando Alex Palou tomou a liderança. Power superou o companheiro de equipe Josef Newgarden que foi passear na grama e Pato O'Ward tomou a P1 de Palou no final da primeira volta 1. Newgarden caiu do P3 para o P8. Pato O'Ward, muito à vontade na água (o trocadilho não era dispensável) impôs 2,6sde vantagem em, que não tardou em ser superado por Feilx Rosenqvist, caindo para a P3. Will Power também foi passear na grama e numa estratégia arriscada, Colton Herta parou na volta 3 para colocar pneus macios de pista seca. Graham Rahal, Marcus Ericsson e Christian Lundgaard saíram na grama e/ou rodaram com a pista molhada. Os líderes continuaram virando na casa de 1m26s enquanto Herta lutava para manter o carro na pista fazendo uma volta de 1m39s com pneus slicks frios. Mas parecia que ele tinha achado o timming correto. Logo O'Ward e alguns outros pararam para por pneus slicks e Herta passou por O'Ward. Não demorou para os demais irem aos pits colocar pneus para pist seca. Apesar da pista parecer seca a aderência não era boa. Palou e Kirkwood se perderam no caminho indo passear na grama. Palou parou o carro em um local perigoso e chamou a primeira bandeira amarela. Com ajuda dos fiscais de pista ele voltou a movimentar o carro retornando em último, na P27. Com sua ousadia, Colton saltou de P14 para P1 e no reinício da prova, atrás dele vinham O’Ward na P2, Rosenqvist na P3, Power na P4, Daly na P5 e Newgarden na P6. Dixon subiu da P21 para a P15 e Ilott caiu de P7 para P14. Na volta 11, a vantagem de Herta sobre O’Ward era de 1,1s e de 2,1s sobre Rosenqvist. Volta 12, Newgarden assumiu a P5. depois que Daly caiu para P12 numa estratégia de economia de combustível da equipe. Depois ainda caiu para a P15. a vantagem de Herta subiu para 3,3s e na volta 15 Kirkwood foi passear na grama pela segunda vez. Rossi e Harvey alcaçaram Newgarden na volta 16 e fizeram um belo 3-wide que não deu muito certo no final. O piloto da enske se deu mal e com os pneus traseiro avariados, ficando parado na pista, provocou a segunda bandeira amarela e a volta do Safety Car. A corrida de Newgarden estava acabada! Marcus Ericsson parou para substituir sua asa traseira danificada. A asa dianteira esquerda de Harvey, que fez contato com Newgarden, parecia estar parcialmente quebrada. O reinício se deu na volta 21 viu Takuma Sato tirar a P4 de Will Power entrando na curva 1. Callum Ilott e Rinus VeeKay se tocaram e o holandês foi para a grama. Ele rodou ao retornar à pista e foi atingido na parte traseira direita por Devlin DeFrancesco, um espectador inocente que não conseguiu evitar a batida, o que interrompeu a disputa novamente, mas desta feita, mais rápido. O reinício foi na volta 25 e vimos Colton Herta abrir uma boa vantagem sobre Pato O'Ward e sem mudanças na frente vimos que a chuva se aproximava da pista. Na volta 30, Jack Harvey tirou a P5 de Rossi. O'Ward não estava longe de Herta, tendo reduzido a diferença ficando a 0,7s por volta. Daly caiu para P23. Will Power superou Alexander Rossi e tomou a P6 na volta 32. Colton Herta parou no final da volta, com O'Ward herdando a liderança. O'Ward parou no final da volta seguinte. O'Ward foi prejudicado por ter que segurar sua saída para esperar Rossi parar na frente dele. Rosenqvist assumiu a ponta até parar da volta 34. Herta voltou pra ponta e Rosenqvist acabou na P2 com o atraso de O’Ward. Callum Ilott saiu da pista na volta 36 e continuou enquanto Dixon entrava no pit lane, sem combustível. Kellett saiu da pista e parou. Depois de esperar um bom tempo, a terceira bandeira amarela foi inevitável. Ericsson e Kirkwood, ambos com adversidades para lidar, optaram por se manifestar e passaram para P1 e P2 à frente de Herta, Rosenqvist, O'Ward e Harvey. Palou então parou e pegou pneus de chuva. Rossi se saiu bem quando a chuva começou a cair novamente. A chuva forte estava chegando e a corrida certamente iria mudar. A corrida recomeçou na volta 42 e ocorreu uma confusão quando O'Ward tentou passar Herta na curva 1, não conseguiu, rodou e foi atingido pelo companheiro de equipe Rosenqvist, que parou e perdeu muitas posições. Prejuízo enorme para a McLaren. Takuma Sato também rodou e tivemos bandeira amarela novamente. Pato O'Ward caiu para P11. Kirkwood parou para colocar pneus de chuva na volta 45, entregando o P2. O reinício foi na volta 46. Colton Herta foi logo assumindo a liderança superando Maecus Ericsson. Volta 47, Ericsson caiu para P5. Rossi, no molhado, estava a 24 segundos da liderança e perdeu muito por uma escolha errada de pneus. Grosjean tentou passar por Harvey para P4 e Harvey e Grosjean bateram rodas numa disputa lado a lado um toque mais forte fez o franco-suiço rodar e cair para P12. Ilott subiu para P7. Pagenaud numa estratégia incrível era o P3! Graham Rahal atingiu Kyle Kirkwood por trás e o fez rodar 56. Herta tinha 6,8 segundos de vantagem sobre Scott McLaughlin quando veio mais uma bandeira amarela, esta provocada por Jimmie Johnson. Todos foram para os pitas no final da volta 59 com a dúvuda: pneus de chuva ou slicks? McLaughlin derrotou Herta e saiu do pit lane na P1, ambos com slicks macios, mas a pista foi ficando mais molhada e na volta 61 começaram as rodadas. Primeiro foi Rinus VeeKay, depois Graham Rahal e começaram as trocas para pneus de chuva. Dixon, Rossi e Palou estavam entre os primeiroa a mudar. Colton Herta e quem vinha atrás fizeram o mesmo. McLaughlin, O'Ward, Ilott e Grosjean ficaram na pista, com pneus slicks, . Atrás de McLaughlin, O'Ward e Grosjean veio o grupo com pneus para pista molhada, liderado por Herta, Pagenaud e Power. McLaughlin hesitou quando estavam chegando no ponto de largada e O'Ward assumiu a liderança. A nova ordem de reinício foi: O'Ward, Herta, Pagenaud, Power, Grosjean e Daly. No reinício, na volta 66, Herta tomou a P1 de O'Ward na curva 1. McLaughlin rodou e parou, trazendo outra bandeira amarela. Rossi, Calderon e Dixon foram forçados a sair da pista para evitar. McLaughlin caiu da P1 para a P20. O'Ward, com slicks, rodou, caindo da P2 para a P4. A corrida recomeçou na volta 70, com O'Ward e Grosjean parando e Herta abrindo uma vantagem de 2,0s. Rosenqvist subiu para P8. Ericsson tirou a P4 de Daly na volta 71 com 3m45s restantes para correr e o evidente término da corrida por tempo, Herta aumentou a vantagem para 3,5s à frente de um surpreendente Pagenaud. Juan Pablo Montoya, que foi convidado para essa corrida, bateu e abandonou, abrindo mão de um ótimo final faltando apenas 1m30s restantes. A bandeira amarela foi novamente acionada e a vitória dessa corrida maluca foi para Colton Herta. Essa é uma página virada. A semana após a corrida do traçado misto já tinha todos os competidores e suas equipes voltados para os preparativos para a Indy500. Vamos acelerar! Sam Briggs Fotos: site IndyCar Media Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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