 Caros Amigos, Acredito que ao menos uma parte dos meus estimados leitores já ouviu falar nos Arquivos Secretos do Vaticano.
Os arquivos secretos do Vaticano deixam qualquer pesquisador de olhos brilhando, pois possuem documentos, artigos e informações de personalidades famosas, como Abraham Lincoln. Além disso, há escrituras de Mary Queen of Scots e bulas papais excomungando Martinho Lutero. A verdade, entretanto, é sombria: nesses arquivos pode haver documentos que provam a ligação da Igreja com o terror propagado pelo Estado de Mussolini. Inclusive, provavelmente existem registros da ‘cumplicidade’ entre o Vaticano e as atrocidades de Hitler. Os arquivos secretos do Vaticano são compostos por registros históricos e cartas particulares de papas dos últimos quatro séculos, começando por Paulo V. A partir de 1881, o Vaticano permitiu que pesquisadores acessem os documentos, mas a burocracia em torno dessa ‘liberação’ é tão grande, que muitos desistem. Mas o Vaticano não é o único lugar a esconder segredos. Há um lugar, em Paris, mais especificamente na Praça da Concórdia. A sede da Federação Internacional de Automobilismo também esconde segredos. O mais recente deles foi a decisão sobre a unidade de potência da Ferrari, que se mostrou o melhor durante a temporada de 2019. A FIA passou parte do ano de 2020 monitorando e averiguando se existia alguma irregularidade na unidade de potência produzida em Maranello. O resultado – eficaz – da investigação da FIA não foi condizente com o comunicado da entidade sobre as constatações e as conseqüências para a equipe italiana. De uma forma evasiva – e questionável – o relatório final informou que havia sido concluída a investigação sobre o propulsor da Ferrari e que, FIA e Ferrari haviam chegado a um acordo com a equipe sobre um “número de compromissos técnicos que irão melhorar a monitorização de todas unidades de potência da F1 nas próximas temporadas”. De uma forma que surpreendeu a comunidade do automobilismo, o comunicado da FIA informou que os detalhes do acordo ficaria restrito às partes. Ou seja, ninguém além da FIA e da Ferrari, sabem o que foi investigado, o que foi encontrado e quais foram as concessões feitas por ambos os lados. Decidi resgatar esta nebulosa e recente passagem na história da FIA para tratar do assunto que vem ocupado este espaço semanal que divido com vocês, estimados leitores. O inevitável acabou sendo anunciado um dia após a minha última coluna, com o ‘mea culpa’ da FIA e o afastamento de Michael Masi do cargo de diretor de corridas da F1. Apesar disso, os danos causados pelas decisões erradas em Abu Dhabi não tem como serem reparados. A entidade divulgou a existência de um relatório utilizado como base para a tomada de decisões recentemente anunciadas, entretanto não sinalizou aos meios de imprensa se este relatório será divulgado ao público, algo que seria minimamente decente. Contudo, diante de situações como a dos motores da Ferrari, o que podemos esperar em relação ao conteúdo da investigação – que arrastou-se por praticamente dois meses – podemos esperar que o resultado das investigações sobre o que levou Michael Masi a tomar as decisões que tomou? Esta semana Lewis Hamilton declarou que o relatório resultante da investigação da FIA deveria ser de conhecimento público, para que a razão das decisões de Masi no GP de Abu Dhabi sejam completamente esclarecidas. A reunião do Conselho Mundial de Automobilismo, que acontece em março, poucos dias antes da abertura da temporada deste ano poderia ser um momento propício para que este relatório seja completamente divulgado. Embora seja essa uma ação que poderia marcar uma verdadeira mudança do modelo de gestão da entidade, agora presidida por Mohammed bin Sulayem, estou propenso a pensar que este será mais um dos segredos a serem enterrados nos porões daquele prédio na Praça da Concórdia. Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva | 
