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Um ‘Hors Concours’ sempre fará história; quanto mais, dois PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 26 January 2022 20:23

Caros Amigos, antes das grandes reformas que o ensino começou a passar no Brasil após a instalação do governo militar, uma das mudanças foi a perda de espaço e importância do idioma francês no currículo dos colégios.

 

Lembro do meu pai, uma pessoa extremamente culta, lendo livros em francês e ele dizia que esse foi um dos grandes presentes dados por uma professora sua “no ginásio” (hoje é a segunda metade do ensino fundamental... precisei pesquisar para isso), responsável pelo ensino do idioma clássico da diplomacia: a leitura de livros no idioma que ela ensinava.

 

Na língua portuguesa temos vários “estrangeirismos”, termos e palavras originárias de outros idiomas. Com o dinamismo evolucionário da linguagem, os termos em inglês tomaram um espaço considerável entre os “estrangeirismos”, mas muitos – oriundos de outras origens – continuam sendo usados. Um deles, de origem francesa, é o “Hors Concours”, que significa literalmente “fora do concurso” ou “fora de competição”, um referência dada para aquela personalidade que é tão boa no que faz que não existe qualquer tipo de comparação com outras pessoas.

 

No último final de semana, os fãs da velocidade tiveram a oportunidade de acompanhar um duelo de dois ‘Hors Concours’ durante o Rally de Monte-Carlo, etapa de abertura da temporada 2022 (algo digno de parabéns à organização do Campeonato Mundial de Rally: disponibilizar o seu streaming para os que acompanham a categoria), na qual estivemos presentes com nossa equipe parceira italiana, com quatro enviados e com o compromisso de continuarmos fazendo a melhor cobertura do WRC na internet. Recomendo a leitura da nossa coluna (Pé no Porão), escrita diretamente da Itália.

 

O WRC mudou para 2022, com a adoção de carros com motores híbridos, mas foram dois veteranos os pilotos a protagonizar a disputa pela vitória, decidida apenas no domingo. O enea campeão, Sébastien Loeb, e o octa campeão, Sébastien Ogier não apenas monopolizaram a disputa ao longo 17 especiais cronometradas e três horas em tempo somado, onde se alternaram na liderança da competição. Eles simplesmente aniquilaram a concorrência, com o terceiro colocado terminando um minuto e meio atrás do vencedor.

 

Evidentemente, precisamos considerar que as competições de Rally tem mais vaiáveis e riscos do que uma competição em autódromo, por exemplo. Enquanto os circuitos atuais, especialmente os da Fórmula 1, tem generosas áreas escape asfaltadas, que “permitem o erro, nos rallies, quem sair do caminho nas sinuosas especiais pode resultar em um “encontro” com uma árvore ou uma ravina. Adrien Fourmaux e Oliver Solberg que o digam: ambos terminaram suas participações em Monte Carlo – literalmente – morro abaixo. Mesmo os adversários mais experientes não conseguiram fazer frente a estes dois pilotos fora de série e seus respectivos navegadores.

 

Tivemos ao longo da história do automobilismo vários exemplos de pilotos que deveriam ser ‘Hors Concours’ em suas categorias. Juan Manuel Fangio, Michael Schumacher, Lewis Hamilton, Tom Kristensen, Valentino Rossi, Stéphane Peterhansel… todos eles tiveram adversários e, evidentemente, perderam corridas e disputas, mas escreveram seus nomes na história como poucos conseguiram fazê-lo. Entretanto, o que aconteceu em Monte Carlo foi diferente: eram dois desses ‘Hors Concours’ em um confronto direto, sem comparativos, estatísticas ou análises. Sébastien Loeb e Sébastien Ogier foram dominadores, cada um a seu tempo, por anos no WRC e diante de uma nova realidade, a dos carros híbridos, com respostas diferenciadas em relação aos modelos dos anos anteriores e perante uma geração ambiciosa e veloz.

 

Sem dúvidas, fomos privilegiados por podermos assistir o que assistimos. Disputas intensas entre contendores titânicos a história nos trouxe ao longo de décadas. Seria maravilhoso vê-los disputar esta primeira temporada com os modelos chamados “Rally 1”.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva