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A inacreditável ressurreição e (nova) “morte” de J.R. Pereira e seu autódromo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 12 January 2022 21:24

O ano que terminou foi um ano complicado. Foi mais um ano de pandemia e quando as coisas pareciam estar indo bem, vem uma nova variante do vírus pra desencadear mais uma rodada de internações, mesmo com praticamente todo mundo vacinado.

 

Perdemos dois Nobres do Grid – Eduardo Celidônio e Graziela Fernandes – para a posteridade e, fora do Brasil, o tetra campeão das 500 Milhas de Indianápolis, Al Unser. Nas pistas, uma decisão de campeonato mundial de Fórmula 1 foi estragada pelos homens da torre de controle, que enlamearam a justa e emocionante disputa na pista. Foi muito trem descarilando!

 

Mas o ano de 2021 teve algo que, enquanto o meio do automobilismo contava os dias para o retorno da Fórmula 1 no Brasil, nos subterrâneos da política do Rio de Janeiro, a ideia surreal (como diria meu companheiro de site, Paulo Shrek, a palavra não era bem essa...) com cara de prosa ruim, daquele projeto de autódromo apresentado por um empresário envolvido em negócios mal sucedidos – JR Pereira, na verdade, José Antônio Soares Pereira Junior – voltou a tramitar, sem chamar muita atenção, na Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro.

 

Lembram daquele autódromo que seria construído sem dinheiro? ao longo de 2021, na surdina, tentaram continuar com o engodo. 

 

Apesar do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) ter negado um requerimento de licença prévia para erguer a estrutura, um mês depois aceitou um novo pedido ainda no início do ano. Depois, em setembro, o próprio Inea determinou (e isso foi publicado no Diário Oficial) a criação de um grupo de trabalho para elaborar um estudo de impacto ambiental, além de um relatório sobre a construção do autódromo, atendendo um pedido da empresa de JR Pereira, a Rio Motorpark.

 

O empresário que andou transitando entre 2019 e 2020, contando com total apoio de políticos estabelecidos no estado do Rio de Janeiro, em particular do Presidente da República e seus filhos, além dos governantes locais – Governador e Prefeito – com a desenvoltura de um desses bonecos de posto de combustível. Apesar de estar presente nas fotos, ele sempre parecia ser um elemento estranho naquela imagem.

 

 Com apoio dos políticos estabelecidos no RJ e apoio presidencial, tentaram convencer o Liberty Media que aquilo iria acontecer.

 

Com um projeto fantasioso e sem dinheiro para impulsioná-lo, mas com muita conversa fiada e o apoio político em três esferas governamentais, JR Pereira conseguiu chegar até a nata do esporte a motor, reunindo-se com o então CEO da Liberty Media – a dona da Fórmula 1 – Chase Carey e o dirigente norte americano chegou a vir ao Brasil várias vezes, tendo reuniões com representantes dos governos municipal e estadual no Rio de Janeiro e até com o Presidente Jair Bolsonaro, que chegou a “anunciar o GP Brasil de Fórmula 1 no novo autódromo”.

 

Mas as coisas eram mais complexas. No nível estadual, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), um projeto do deputado estadual Carlos Minc (PSB), ex-ministro do Meio Ambiente, pretendendo integrar a área ao Parque Estadual do Gericinó-Mendanha, transformando a área onde seria construído o autódromo parte integrante de uma área de proteção ambiental estava em tramitação.

 

 Além de tentar convencer o CEO da maior categoria do automobilismo mundial, tentaram convencer a DORNA também.

 

Mesmo assim, JR Pereira não se limitou a buscar a principal categoria do automobilismo mundial: foi também atrás da mais importante categoria das competições de motociclismo – a DORNA, promotora da Moto GP – com o mesmo “pacote de promessas” para Carmelo Ezpeleta, que também veio ao Brasil para ser cortejado, paparicado e convencido de que aquele projeto, sem sustentação financeira e sem viabilidade ambiental sairia do papel.

 

Como era evidente que iria acontecer, o autódromo de Deodoro não saiu do papel e a Liberty Media assinou com os políticos paulistas, liderados por João Doria, que queria privatizar e vender o autódromo, depois criar “coisas” dentro do autódromo e que colocavam em risco o traçado atual, mas que fez da disputa pela chance de sediar a Fórmula 1 uma disputa política contra o Presidente da República para manter uma etapa do campeonato no país. Com um autódromo existente e real, apto a receber a categoria, tivemos este ano o primeiro GP São Paulo de Fórmula 1.

 

 O projeto de preservação da floresta do Camboatá segue tramitando na ALERJ e câmara dos vereadores para acabar com o delírio.

 

Pior que isso – para os cariocas – foi ver no mesmo mês de novembro da volta da Fórmula 1 no Brasil, a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro darem um passo importante para enterrar o projeto de construção do autódromo na Floresta do Camboatá, em Deodoro, com uma votação quase unânime (37 a 1) na tarde da quarta-feira, dia 3 – onze dias antes do GP São Paulo – aprovando em primeiro turno um projeto de lei que cria o Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) no terreno. O único voto contrário foi do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do Presidente da República.

 

Projeto apresentado em 2019, mas que – coisas da política Tapuia como diria meu colega de site, Alexandre Gargamel – só foi levado a plenário em 2021, com respaldo dos partidos que fazem parte do governo Eduardo Paes, da esquerda e mesmo de antigos aliados do antigo prefeito, Marcelo Crivella. Em seu retorno depois dessas férias maravilhosas que os políticos tem, o martelo deverá ser batido e o assunto encerrado.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.  
Last Updated ( Wednesday, 12 January 2022 22:19 )