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A cultura do ódio nas redes sociais e o reflexo no autombilismo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 05 January 2022 22:08

Caros Amigos, A internet é um advento da comunicação que permitiu encolhermos o mundo a um smartphone na palma de nossas mãos. Nos dias de hoje conseguimos conversar com pessoas, fazer pesquisas, ler notícias, ter momentos de lazer com a leitura de livros, ver filmes ou assistir televisão de uma forma praticamente impensável há 30 anos, quando eu era adolescente.

 

Hoje, com dois filhos saindo da adolescência, vejo o quanto ele podem ir longe mesmo quando estão aparentemente serenos no silêncio dos seus quartos. Esta “capacidade de viajar a lugares nunca d’antes alcançados certamente tornou-se uma preocupação a mais para pais e responsáveis. Antes, era mais fácil mantermos nossos filhos distantes das más companhias e influências controlando seus passos. Hoje, é difícil saber por onde eles andam na World Wide Web.

 

Além dos conteúdos contatos que eram possíveis de ser controlados no mundo físico, o mundo virtual criou, entre benefícios e malefícios algo que chama de “cultura do ódio”. Os discursos de ódio, nas redes sociais, tornaram-se uma prática recorrente para a disseminação do racismo, xenofobia, homofobia, dentre tantos. É possível afirmar que esse tem sido, talvez, o pior dos cenários nas redes sociais hoje. Albert Einstein afirmou: “É possível afirmar que esse tem sido o cenário nas redes sociais hoje” após ver seus estudos levarem à criação da bomba atômica. Hoje, temos bombas atômicas explodindo todos os dias na internet e nem sempre temos a noção da devastação provocada por estes discursos de ódio.

 

O assunto é muito extenso – mais do que meus preâmbulos podem ir até o estimado leitor cansar de se perguntar aonde pretendo chegar – por isso, vamos concentrar o assunto naquela que é a real finalidade destes nossos encontros às quintas-feiras. Rivalidades e disputas sempre existiram nos esportes, com ou sem rodas e motores. Para nós, brasileiros, a primeira delas foi entre Emerson Fittipaldi e Jackie Stewart. Eles disputaram três campeonatos mundiais completos (de 1971 a 1973) Stewart venceu dois, Fittipaldi um, mas no ano seguinte, sagrou-se campeão... e foi efusivamente abraçado pelo antigo rival após sair do carro em Watkins Glen. A rivalidade era uma disputa limpa e justa na pista e os dois são amigos desde aqueles anos.

 

Outras rivalidades vieram, mas entre elas, tivemos uma que dura até hoje: Nelson Piquet x Ayrton Senna! Ambos foram campeões mundiais de Fórmula 1 três vezes. A rivalidade entre eles ultrapassou os limites de pista, chegando até os tribunais e, depois do surgimento da internet e posteriormente das redes sociais, as rivalidades foram expostas por fãs que sequer viram ambos correrem, mas ainda assim, defendem um e outro, criticam um e outro de formas que vão do cômico ao ofensivo, tendendo mais para o segundo.

 

Contudo, as coisas que chegaram a mim em relação a rivalidade estabelecida este ano entre Lewis Hamilton e Max Verstappen foi além de tudo que já tinha visto em termos de discurso de ódio. De forma impressionante, este discurso bradou mais alto aqui no Brasil do que no Reino Unido ou na Holanda, país de nascimento dos pilotos. A intensidade da batalha na pista se espalhou para a mídia com bastante frequência neste ano, inclusive gerando uma polarização em um círculo que deveria ser profissional e imparcial.

 

Se Hamilton não escondeu o que pensava da abordagem de Verstappen, afirmando que seu rival achava que as regras da F1 não se aplicavam a ele e que ele estava sempre correndo "além do limite". Verstappen, custumazmente pode ser irritadiço com a mídia em assuntos polêmicos, mas teve uma postura consideravelmente contida em relação as declarações de Hamilton. Entretanto demonstrou não ter medo ao criticar os administradores da F1, afirmando que o Grande Prêmio da Arábia Saudita “não era a Fórmula 1” e um exemplo do que ele sente é a natureza excessivamente regulamentada do esporte.

 

Declarações como estas, que foram potencializadas pelos respectivos chefes de equipe Hamilton e Verstappen – Toto Wolff e Christian Horner – serviram também como combustível para o conflito entre os admiradores de um e outro quando se confrontaram em algumas ocasiões. A animosidade entre os dois é muito real e em uma escala muito maior do que qualquer animosidade que existe entre Hamilton e Verstappen.

 

Este cenário vai ser retomado nos testes pré-temporada, quando as equipes levarem os novos carros para a pista e tivermos a primeira noção de como estará o equilíbrio de forças no campeonato de 2022. Infelizmente, sei que irei lamentar a postura dos admiradores de parte a parte, que continuarão com seus discursos de ódio nas redes sociais.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva