Olá leitores! Como estão? Posto que o planeta completou mais um ciclo de translação em torno do Sol, desejo a todos um feliz 2022 pelo calendário utilizado no Ocidente. Espero sinceramente que a luz que enxerguemos no fim do túnel não seja o farol de um trem de carga transportando minério como foi a luz de 2020 e 2021... acho que a perspectiva em termos globais deve ser melhor, mas não acredito que algo evolua na República Sebastianista da Banânia, posto que 2022 será um ano eleitoral e aqui, nesse país tropical amaldiçoado por Deus, a política apenas serve para mostrar o pior lado de cada ser humano. Juntando a isso as redes sociais, que deram a oportunidade do elemento que sempre era desprezado na escola ou no trabalho por sua absoluta falta de capacidade cognitiva de expressar livremente sua opinião e – pior – encontra outros incapacitados cognitivamente que concordam com ele, e nenhum traço de otimismo consegue se sobrepor à minha tendência realista de encarar o mundo. Mas vamos de retrospectiva, que é para isso que aqui estamos. 2021 foi o ano em que na Fórmula Barbie finalmente a Mercedes encontrou uma equipe que conseguisse fazer o seu piloto disputar o título contra a supremacia absoluta que a equipe alemã sediada na Inglaterra demonstrou na última década inteira. E lutando não apenas contra Lewis Hamilton, mas também contra as decisões – no mínimo – equivocadas e parciais da direção de prova (na pessoa do Michael Masi) e do corpo de comissários da FIA, o que valoriza ainda mais o título conquistado pelo jovem holandês, Max Verstappen, o primeiro de um piloto desse país na categoria. Agora que a FIA está nas mãos de um saudita (Mohammed bin Sulayen), espero que as coisas comecem a entrar nos eixos para um tratamento mais igualitário nas punições recebidas pelos pilotos, nem que seja para cortar a mão de quem andou criando resultados artificiais no passado (como a infeliz e desastrada punição ao Vettel por se defender de uma tentativa de ultrapassagem do Lewis no Canadá, onde o “corpo técnico” da FIA não teve a capacidade de diferenciar uma manobra proposital de um piloto tentando recobrar o controle do carro). Não quero criar grandes expectativas, mas a esperança, assim como gente feia em filme de terror, é a última que morre. Na “categoria B” tivemos grandes disputas entre McLaren, Ferrari e Alpine, com a Alpha Tauri correndo por fora nessa disputa. E lá na “categoria C” a Williams deixou de ser a pior equipe, posto esse ocupado em 2021 pela Haas, que preferiu investir seu orçamento no carro para o novo regulamento a estrear nessa temporada de 2022 e não gastou dinheiro com atualizações fora do script durante a temporada. Gostaria de estar com mais expectativa para o começo da temporada, mas a politicagem na categoria foi TÃO acentuada nas últimas temporadas que estou com um pé atrás. Pior de tudo foi o papelão protagonizado por Toto Wolff e Lewis Hamilton ao final da temporada, reclamando de um suposto favorecimento à Red Bull que existiu apenas na cabeça deles, quando a equipe que eles representam foi diversas vezes favorecida em decisões para lá de suspeitas nas últimas temporadas. Enfim, esqueceram a regra básica do automobilismo: o resultado da pista é soberano. Se você não concorda com alguma decisão, mas permanece na pista, você está legitimando essa decisão. Não concordou, recolhe o carro e discute depois. Inclusive a força de uma retirada do carro em protesto é bem maior do que ficar reclamando em guerrinhas de bastidores. Reclamaram por serem maus perdedores e não aceitarem que alguém fez o trabalho melhor do que eles. Em total contraponto, a NASCAR teve uma temporada estupenda, mesmo que majoritariamente dominada por duas grandes equipes (Hendrick e Joe Gibbs, com a Penske tentando atrapalhar o domínio das duas com sucesso relativo) e que teve um campeão que mostrou ao mundo como dar a volta por cima: em 2020, no auge da pandemia, quando o automobilismo virtual era a válvula de escape para o esporte não ficar completamente parado, Kyle Larson recebeu uma merecida suspensão por conta de incontinência verbal e sua presença nas pistas em 2021 foi uma aposta do dono da equipe, que colocou ele para correr com o patrocínio da própria rede de revenda de automóveis... e o retorno propiciado por Kyle Larson foi muito maior do que se poderia imaginar no começo da temporada. Talvez o campeão com mais merecimento pelo título conquistado dos últimos 10 anos, foi realmente uma temporada épica. O campeão de 2020 (Chase Elliott) esteve a postos para defender seu título, mas não teve como parar a ascenção de Larson. O vice campeonato ficou com Martin Truex Jr., que veio num crescendo na parte final da temporada muito bom e fez muito por merecer a posição. Confesso estar na expectativa para a temporada 2022 da NASCAR, com as modificações técnicas da nova geração de carros que irá estrear. Sinceramente, gostei muito da temporada 2021, mas gostaria de ver mais equipes se revezando na liderança das corridas. Na MotoGP 2021 foi um ano marcado por grandes emoções; da despedida (ainda que como piloto oficialmente inscrito em todas as corridas) de Valentino Rossi ao retorno às pistas de Marc Márquez após o longo período de convalescença de uma fratura cujo início de recuperação foi cercado de todos os erros possíveis e imagináveis, passando pelo campeonato obtido com antecipação por Fabio Quartararo, levando a Yamaha para um título que a marca não conquistava a muitos anos, o que não deu foi para ficar indiferente assistindo as corridas da categoria mestra da motovelocidade. O esquadrão Ducati bem que tentou, mas o talentoso Francesco Bagnaia teve de se contentar com o vice campeonato; justiça seja feita, os italianos não podem reclamar, já que ficaram com o título de construtores. E graças a uma decisão altamente arriscada tomada quando as comportas do céu se abriram no Red Bull Ring, Brad Binder conseguiu ir com sua KTM até o 6º lugar no campeonato de pilotos. Sim, ele teve outras boas atuações, mas a vitória na “casa” da KTM foi realmente algo especial. O ponto baixo da temporada, realmente, foi Maverick “iFood” Viñalez, que após ficar acelerando a moto depois da corrida no corte de giro exatamente como fazem os entregadores de pizza e demais alimentos com suas CG 125, foi mais do que justamente demitido da Yamaha e, aproveitando que já estava acertado para 2022 com a Aprilia, mudou-se para lá para continuar andando lá atrás, só que com moto diferente. O DTM teve uma temporada de renascimento, abandonando os caríssimos silhouette e adotando o regulamento GT3 da FIA para os carros de corrida. Desta maneira, além dos tradicionais Mercedes, BMW e Audi tivemos carros da Ferrari e da Lamborghini na disputa também. E se o título ficou com um piloto da Mercedes (Maximilian Götz), o vice campeão (Liam Lawson) terminou a temporada apenas 3 pontos atrás com seu Ferrari da equipe AF Corse, longa conhecida das disputas de longa duração. Aliás, o 3º colocado no campeonato pilotou um Audi e o 4º um BMW, 4 fábricas diferentes nas 4 primeiras posições. Se isso não é um indício de acerto na escolha do regulamento, eu não sei o que poderá ser. No mundo das corridas de longa duração, a primeira marca a levar o título do regulamento Hypercar substituindo o LMP1 foi a Toyota, que fez campeão e vice, mas ela pode se preparar, pois devem aparecer concorrentes mais preparados. O brasileiro André Negrão conseguiu terminar o campeonato de pilotos da Hypercar na 3ª posição com o seu Alpine, ao passo que Daniel Serra, com o segundo carro da AF Corse, terminou o campeonato de pilotos da LMGTE-Pro na 4ª posição, com o sabor levemente amargo de ver o outro carro da equipe levar o título do campeonato de pilotos. Na LMGTE-Am, tivemos Felipe Fraga como parte do trio que terminou a temporada como vice campeão, um excelente resultado em uma categoria tão disputada. Já na IMSA, o título da categoria principal (DPi) ficou com uma dupla formada por dois dos melhores pilotos brasileiros em atividade, Pipo Derani e Felipe Nasr. Na GTLM os Corvette ficaram na frente dos Porsche, com a BMW assistindo lá de trás de vez em quando, já que a marca dos dentes de castor não fez a temporada completa, e apesar dos esforços das equipes com Lamborghini e Aston Martin o título da GTD ficou com quem tem mais expertise no assunto, a Porsche. No WRC, dobradinha da Toyota, com o título nas mãos de Sebastien Ogier e o vice com Elfyn Evans. Thierry Neuville e seu Hyundai fizeram um bom trabalho de defesa do título de 2020, mas desta vez tiveram de se contentar com o 3º lugar na classificação final. Assim como no caso da NASCAR e da Fórmula Barbie, último ano do atual regulamento, que em 2022 aderirá à moda híbrida. Vamos ver como os componentes híbridos se comportam atravessando riachos ou batendo em bancos de neve na borda da pista... Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |