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A vida na Ferrari: Charles sob pressão PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 13 October 2021 21:48

Olá fãs do esporte a motor,

 

A vida de um esportista de elite, aqueles que são cobrados para sempre dar resultados, trabalhar sempre no máximo, quase como se fossem máquinas é algo que os leva a uma carga de stress emocional muito maior do que o esgotamento físico.

 

O grande problema é que o esgotamento físico aparece na forma de contusões, lesões, erros técnicos, mas e o stress emocional, como ele se manifesta? Como identificar que é o aspecto emocional e não o físico que pode estar interferindo na performance do esportista e afetando os seus resultados?

 

Meu trabalho como terapeuta tem como um dos principais focos trabalhar com estas cargas de stress sobre meus pacientes e encontrarmos as melhores formas de como lidar com isso, encontrando maneiras de se trabalhar com o paciente, mesmo nos momentos mais difíceis, algo que alguns deles passam com mais frequência do que posso relatar uma vez que só publico o que me autorizam a publicar.

 

Há algum tempo venho tentando apresentar a situação que vem se desenrolando dentro da Ferrari. Tenho os dois pilotos como meus pacientes e, até maio deste ano, eles tinham consulta no mesmo dia, as vezes – uma vez que eram online – em sequência e de dentro da fábrica em Maranello ou de um dos motorhome da equipe. Isso mudou porque o ambiente dentro da Ferrari foi mudando e as coisas que eu não revelei acabaram vindo a público desde setembro.

 

 

Charles fez um caminho brilhante dentro do programa de pilotos da Ferrari, contou com todo o apoio ao longo de cada um dos passos até assumir um lugar na equipe substituindo Kimi Raikkonen em 2019. Ao longo do ano, conquistou a admiração de toda a equipe, o respeito do grid, começou a andar na frente de Sebastian Vettel e conseguiu a preferência do chefe da equipe, Mattia Binotto.

 

No ano seguinte, conquistou a primazia de primeiro piloto da Scuderia, enquanto Sebastian Vettel – em quem a equipe apostou por anos para voltar a conquistar um campeonato – recebia um “aviso prévio”, com a informação pública de que seu contrato não seria renovado para 2021. Não demorou muito para fazerem o anúncio de seu substituto: o espanhol Carlos Sainz Jr. piloto do programa da Red Bull (assim como foi Sebastian Vettel) e que não teria espaço para crescer com a equipe austríaca voltada para Max Verstappen.

 

 

Charles mostrou-se bastante angustiado nas últimas três sessões e na segunda, já no final, revelou que estava se sentindo em segundo plano no desenvolvimento da equipe. Segundo ele, Mattia Binotto vinha preferindo basear o trabalho de desenvolvimento do carro deste ano e do ano que vem no simulador nas avaliações de Carlos Sainz Jr. e na semana do GP de Monza, fez isso na pista, com carros, o que teria provocado um mal estar físico e uma discussão ríspida.

 

Este ambiente negativo aparentemente não afetou diretamente o desempenho de Charles na pista, mas deixou o ambiente pesado a tal ponto dentro da equipe que Nicolas Todt, empresário de Charles, precisou interferir e tentar acalmar as coisas nos bastidores em Monza. Para colocar lenha na fogueira, ao longo desta temporada, Binotto sempre elogiou os desenvolvimentos do carro e da unidade de potência, mas os resultados não acontecem. E é aqui que Charles se opõe.

 

 

A discussão começa por aí e enquanto Binotto elogiava a evolução do carro, Charles não via isso se mostrar na prática. A Ferrari continua atrás de Mercedes e Red Bull, além de não acompanhar as McLaren e em alguns casos as Alpha Tauri. Charles confrontou Binotto dizendo que, se o carro estava melhorando – sem as suas referências – porque eles não estavam conquistando pódios ou brigando pelas vitórias?

 

Charles não está satisfeito com a condição do carro nesta altura do campeonato, mesmo com a equipe se recusando a aceitar ou reconhecer que se trata de um carro insatisfatório que induz a erros em excesso dos dois pilotos. Some-se a isso ele ter perdido o “status de principal piloto da equipe”, ao menos no desenvolvimento, ter um contrato assinado até 2024 pode não ser mais a situação confortável que se mostrou ser quando ele dominou a disputa com Sebastian no ano passado.

 

Carlos Sainz Jr. é um piloto competente, rápido e ambicioso. Ele já deixou bem claro que não chegou à Ferrari para ser um segundo piloto e isso criou, inclusive, alguns problemas com a imprensa brasileira. Além de toda a sua capacidade tão elogiada, ele tem a seu favor os conselhos e o acompanhamento do seu pai, um dos maiores pilotos de Rally da história e que tem trabalhado bem nos bastidores da equipe. Carlos conquistou um espaço importante em Maranello.

 

 

Charles tem tentado fazer as coisas de forma diferente e isso nem sempre dá certo. O que aconteceu na Russia é um bom exemplo disso. Ele e Max largaram na última fila. Ele confrontou as propostas de estratégia da equipe. Max seguiu o script... e chegou em 2°. Carlos, que também seguiu, foi o 3° enquanto Charles ficou fora dos pontos, em 15°.

 

Depois do GP da Turquia, Charles veio para os Estados Unidos e fizemos esta sessão presencial. Ele sabe que a busca do equilíbrio será fundamental para ele se sair bem nesta disputa interna na Ferrari e vamos trabalhar para isso. Juntos.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares