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Fórmula E: o risco de entrar em curto PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 10 September 2021 19:47

Na minha profissão, como corretor de imóveis, eu faço plantões de venda em apartamentos, condomínios e muitos deles ainda estão em construção quando é colocado o stand de vendas, com painéis de como podem ficar os espaços nos interiores ou mesmo, em alguns, as construtoras fazem uma “apartamento decorado” para os compradores visitar.

 

Longe disso, a obra corre solta e rápido para ser entregue o quanto antes e alguns compradores dão sorte de encontrar com os arquitetos(as) ou engenheiros(as) para perguntar coisas. Quando falam de coisas da planta baixa, eu até entendo o desenho, mas quando eles abrem as plantas de hidráulica e principalmente a de elétrica, eu não entendo nada. Meu cérebro entra em curto!

 

Quem parece estar em risco de entrar em curto é a categoria dos carros elétricos, ou como o nosso amigo, Alexandre Bianchini, vulgo Gargamel, chama, a “Fórmula Furadeira”. Depois de vermos as principais montadoras alemãs entrarem com tudo, de pé no fundo, na categoria, eis que não demorou muito tempo para uma debandada geral acontecer. Este ano saem BMW e Audi – essa, presente desde o início da categoria – e no final de 2022 a Mercedes também bate retirada, justamente às vésperas da apresentação da terceira geração de carros da categoria.

 

 Uma proposta inovadora, com a "tecnologia do futuro", Alejandro Agag chefia a F-E, mas sofreu grandes perdas para 2022.

 

Enquanto as equipes e pilotos avançam para a próxima fase de preparação para voltar à pista no final do verão, o futuro a longo prazo da Fórmula E está sendo mapeado e delineado. Seja uma reunião da Comissão do Campeonato de Energia Elétrica e Nova (ENECC) da FIA, um desgastante Grupo de Trabalho Técnico Zoom-athon ou apenas fabricantes e FIA ​​trocando notas entre si, o quadro geral não é simples.

 

Do ponto de vista da FIA, a Fórmula E tem tanta importância quanto a Fórmula 1. Talvez em alguns aspectos ainda mais. Isso não é uma opinião, é o fato delineado pelo diretor de corrida da Fórmula E. O problema é: com o mundo entrando provavelmente em seu maior período de recessão em décadas, é que a Fórmula E tem que estar completamente segura de si. E não está!

 

 Contando com total apoio da FIA, a categoria dos carros elétricos tem o status de campeonato mundial.

 

Os fabricantes não têm um bolso infinito de dinheiro para continuar alimentando suas equipes, e os membros do conselho são notoriamente brutais e decisivos se mudanças precisam ser feitas e programas cortados. O custo da categoria entrou numa espiral de alta que as equipes não queriam e em tempos de crise, cada euro de despesa está sendo contado. Algumas medidas de redução de custos já foram acordadas, mas alguns detalhes ainda estão indefinidos e indefinição nunca é bom.

 

Os custos da Fórmula E aumentaram à medida que o campeonato cresceu, o que é aparentemente uma parte natural de qualquer esporte baseado na tecnologia que atrai fabricantes, que são obviamente cúmplices. Orçamentos de 6 a 10 milhões Euros na primeira temporada foram quadruplicados em alguns casos, com rumores circulando de que pelo menos dois fabricantes estiveram operando com um gasto total aproximado de 45 milhões de Euros na temporada de 2021.

 

Para a próxima geração a categoria está  buscando formas de aumentar a dinâmica das corridas, inclusive “criando um pit stop”, que seria para se dar uma “carga rápida” no carro (imaginem um choque elétrico numa operação dessas?). Novamente, há um custo associado, já que alguma infraestrutura será necessária e isso, sem dúvida, será repassado para as equipes de alguma forma. A “desculpa” é que isso é algo que os carros elétricos de rua farão uso desta tecnologia.

 

 A categoria segue para sua oitava temporada buscando novidades, competitividade e mais visibilidade.

 

Essa debandada alemã, com certeza, não estava nos planos de Alejandro Agag, que talvez nutrisse “sonhos ecclestonianos” para fazer de sua categoria, surgida como “a categoria do futuro” em uma “categoria do presente”... e as coisas pareciam estar indo no caminho certo, apesar daquelas corridas em circuitos urbanos estreitos e chatos, onde ultrapassagens são impossíveis, além de uns carros simplesmente horrorosos.

 

Mas o que aconteceu? Primeiro foi a Audi, que já está trabalhando no seu projeto para retornar às corridas de carros esportivos e protótipos com um projeto para a classe LMDh. A escolha aumenta a perspectiva de a Audi retornar às 24 Horas de Le Mans, nas novas regras da classe LMDh, que farão sua estreia em 2022 no Campeonato Mundial de Endurance (WEC) e em 2023 na IMSA, campeonato de endurance dos Estados Unidos, atraíram a marca alemã de volta às corridas de carros esportivos.

 

 A Audi começõ na F-E apoioando a equipe ABT. Depois assumiu o time e agora deve voltar sua atenção para outros seguimentos.

 

Alem disso, a Audi também anunciou que vai competir no Rally Dakar, o mais importante do mundo, pela primeira vez em 2022 com um protótipo elétrico. Embora os detalhes sejam escassos no momento, a Audi diz que seu 'conceito de direção alternativo combina um sistema de transmissão elétrico com uma bateria de alta tensão e um conversor de energia altamente eficiente pela primeira vez.'

 

Poucos dias a categoria dos carros totalmente elétricos recebe outro duro golpe: foi a vez da BMW divulgar que estava saindo do campeonato após o término da temporada de 2021. A BMW está envolvida na Fórmula E com a Andretti Autosport em um time chamado BMW i Andretti Motorsport. Em 2020, a marca alemã fez uma campanha bastante promissora, com três vitórias em onze corridas para Maximilian Günther e Alexander Sims.

 

 A BMW associou-se a Andretti para escrever sua história na categoria, com bons resultados e algumas vitórias.

 

Após sete anos de sucesso, o BMW Group comunicou que, essencialmente esgotou as oportunidades para esta forma de transferência de tecnologia no mercado competitivo ambiente da Fórmula E e direcionou seu estratégico do BMW Group está mudando no campo da e-mobilidade, vamos agora nos concentrar em uma ofensiva de modelo e na produção em série em grandes quantidades com a quinta geração de E-drives da BMW. Ao contrário da Audi, nenhum outro programa de competição foi anunciado como principal foco pela montadora.

 

Por fim, logo após confirmar a conquista do título da ‘categoria perfurante’ em 2021, a Mercedes anunciou oficialmente que abandonará a Fórmula E no final da temporada 2022 para “se concentrar” na Fórmula 1 em meio a um “reorientação dos recursos para o desenvolvimento de veículos elétricos”. A Mercedes revelou  que passará a ter uma linha de veículos totalmente elétricos até 2030 como parte de um investimento de 38 bilhões de Euros.

 

 Assim como fez na F1, a Mercedes chegou com força na F-E e conquistou o título no ano de 2021.

 

A evidência de que os custos começaram a pesar ficou claro no trecho da nota da Mercedes, informando que em vista dos gastos e o planejamento, a Mercedes “realocará recursos” de seu programa de Fórmula E (O resultado de de Vries, combinado com o terceiro lugar de seu companheiro belga Stoffel Vandoorne, deu à Mercedes o título de equipes já no segundo campeonato da equipe de fábrica) e aplicará “as lições aprendidas na competição ao desenvolvimento de produtos em série”. A Mercedes também disse que a saída da Fórmula E permitirá “concentrar suas atividades de automobilismo” na F1, dado o status do campeonato como “o laboratório mais rápido para desenvolver e provar tecnologias de desempenho futuro sustentáveis”.

 

Não há dúvida de que o que a Fórmula E faz muito bem é comunicar a todas as partes interessadas, o tempo todo, independentemente de interesses de seus gestores ou de um ou outro associado e conta com um enorme apoio da FIA. Mas ou a categoria acerta os fios, ou o choque é certo. E, dependendo da voltagem, o “eletricista” Agag vai morrer torrado com um fio desencapado em cada mão!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.  
Last Updated ( Saturday, 02 October 2021 14:44 )