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Esteban Ocon, o campeão da resiliência PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 08 August 2021 23:20

Olá Fãs do esporte a motor,

 

Aqui de San Diego para Budapeste temos 9 horas de fuso. Quando os carros saem para a volta de apresentação, são 6 horas da manhã do domingo, mas uma hora antes eu já estou em frente a televisão, com uma caneca de café e com a pulsação subindo a cada minuto que antecede a largada.

 

Tendo quase metade do grid entre meus clientes, torço por todos alcançarem seus objetivos, torço para todos crescerem como pessoas, esportistas, profissionais. Para mim, estar no cockpit de um carro de Fórmula 1 já é vitória suficiente para qualquer piloto se orgulhar. São apenas 20 no mundo e hoje, 3 deles estão lá impulsionados pelas fortunas de seus pais, além de um “herdeiro”, o que torna os demais ainda mais heróicos.

 

As histórias do passado sobre como alguns dos pilotos brasileiros chegaram à Fórmula 1, com poucos recursos, dormindo em garagens e caminhões, algo que seria “impossível” nos dias de hoje, mas no primeiro domingo de agosto Esteban Ocon mostrou que sim, ainda é possível e levou a sua terapeuta as lágrimas de orgulho e felicidade... e que se emocionou novamente ao receber sua ligação pouco antes da hora do almoço.

 

 Dono de uma habilidade ímpar, Esteban Ocon foi uma posta dele e dos seus pais no seu talento e no "sem, é possível".

 

Na quinta-feira desta semana tivemos nossa sessão – no caso foi online – onde continuamos a abordar a relação interna na equipe e como fazer desta relação coisas positivas para os aspectos profissionais, pessoais e espiritualmente do paciente, que tem como companheiro de equipe outro paciente meu: Fernando Alonso, que sabidamente é uma pessoa de difícil convivência.

 

Esteban veio ser meu paciente no final de 2018, depois do final da temporada e com um certo trauma pela agressão sofrida por parte de Max Verstappen após o final do GP Brasil daquele ano, quando depois de um acidente entre eles na segunda perna do ‘S’ do Senna. Esteban tinha pneus mais macios e mais novos, tentando tirar uma volta de atraso em relação ao líder.

 

 Na pista, na Fórmula 3 europeia, Esteban Ocon derrotou Max Verstappen, mas não tinha a estrutura que o holandês possuia. 

 

É importante lembrar ou narrar para quem não lembra ou não sabe que em 2014, na Fórmula 3 europeia, Esteban derrotou Max na pista e sagrou-se campeão da temporada, mostrando o seu valor como piloto, principalmente pela trajetória que teve até chegar àquele momento, tendo vivido por anos com a família em regime nômade, em uma van, com um kart e seus pais fazendo todo tipo de sacrifício, acreditando no futuro de Esteban como piloto.

 

Este título abriu caminhos, mas antes de chegar à Fórmula 1 ele teve que passar pelo DTM na Alemanha. Esta passagem foi tema de várias sessões no nosso começo de trabalho, quando ele ainda tinha incertezas sobre se conseguiria se firmar na Fórmula 1, mesmo tendo se saído muito bem nas categorias anteriores e tendo se tornado um piloto do programa da Mercedes.

 

Contra todos os prognósticos, Esteban Ocon chegou à Fórmula 1 com apoio da Mercedes e ficou na Force Índia até a venda.  

 

A vida difícil, tendo que morar numa van e seguir de forma nômade pela Europa com seus pais, buscando competições, tentando conciliar a escola com o kart fez de Esteban uma pessoa extremamente resiliente. Esta resiliência evitou um revide à Max quando este o atacou fisicamente em Interlagos e também o fez aceitar e trabalhar como piloto de testes para a Mercedes depois que a Force Índia foi vendida e ele perdeu o lugar como titular para o filho do dono, Lance Stroll.

 

Poder voltar a condição de piloto titular de uma equipe de Fórmula 1 era tudo que Esteban queria e isso veio em 2020, quando a Mercedes o liberou para assinar contrato com a Renault, num “acordo de empréstimo”. Sendo piloto do programa da Mercedes e sendo a Mercedes a grande equipe vencedora nos últimos anos, a possibilidade de correr no time alemão continuava a ser um desejo seu.

 

 Sem um lugar no grid, Esteban foi ser piloto reserva da Mercedes, mas isso era pouco. ele queria correr... e foi para a Renault.

 

Ao longo do ano de 2020 Esteban veio falando em nossas sessões que se sentia cada vez mais longe da Mercedes e quando teve a proposta deste ano para assinar um contrato com a Renault (a partir deste ano, incorporando as cores e a tradição da Alpine) até 2024, mudando completamente os rumos em sua vida. A confiança de Esteban está em alta desde o início do ano, feliz com a relação na equipe, trabalhando em harmonia com Fernando Alonso. Ele está feliz.

 

Foi um choro de felicidade que ouvi ao telefone e que se repetiu na nossa sessão. Esteban tem consciência de que foi uma vitória circunstancial, com os acidentes na primeira volta e pelo erro da Mercedes em não chamar Lewis Hamilton para os boxes e trocar seus pneus, mas nada tira o mérito de Esteban em liderar 65 voltas, defender-se dos ataques de Sebastian Vettel e conquistar sua primeira vitória. Em sua cabeça, na volta de consagração, tudo passou pela cabeça de Esteban. Desde os sacrifícios nos tempos do kartismo ao lado de seus pais até a comemoração da equipe na mureta dos boxes.

 

Com contrato assinado até 2024 e com um "mestre" para mostrar o caminho para o topo, Esteban acredita estar no caminho certo. 

 

Um nova página pode estar começando a ser escrita na vida de Esteban e somos todos testemunhas desta nova etapa em sua vida.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares