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Grandes corridas do fim de semana e a Disney do Pateta PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 21 June 2021 07:28

Olá leitores!

 

Um final de semana especial, com muitas corridas acontecendo, muita disputa bonita nas pistas, seja em duas rodas, quatro rodas, categorias de fórmula, turismo, tivemos atrações para todos os gostos. Evidentemente nem tudo foi tão bom como poderia, e ao mesmo tempo que tenho que dar os parabéns à TV Cultura, que transmitiu com boa qualidade no domingo seja a corrida da Indy em Road America seja a corrida da Fórmula E em Puebla, tenho que ressaltar o gigantesco ponto negativo protagonizado pelo Grupo Disney, que tendo 6 canais de esportes à disposição não teve competência para transmitir a prova da NASCAR Cup Series neste domingo – no horário da corrida estavam transmitindo um campeonato de surf na banheira, digo, piscina de ondas... o canal em que estava programado para passar o surf estava passando golfe, o canal onde estava programado passar golfe estava passando um vídeotape (VT) de um outro jogo, e entre VTs e esportes praticamente sem público interessado a NASCAR ficou de fora. E antes que venham com a muleta do “aplicativo”, eu não pago TV por assinatura pra ver corrida no celular, eu pago pra ver na TV. Patético, ridículo, descabido o que o Grupo Disney fez com o fã de esporte a motor. Vou analisar se continuo a assinatura do Disney Plus (recuso-me a usar a ridícula denominação “Disney +”) ou não depois dessa, provavelmente ao término do período já pago a assinatura deverá ser cancelada.

 

Enfim, vamos ao que interessa, corridas, afinal as tivemos aos montes. A Fórmula Um foi até o sul da França para uma atípica corrida em Paul Ricard. Atípica pois, desde que a pista retornou ao calendário após décadas de ausência, as corridas nela foram ótimos remédios contra a insônia... e felizmente a etapa de 2021, em que pese não ter sido aquela corrida que você assiste em pé de tanta expectativa, também esteve longe de ser soporífera. No máximo os fãs da Ferrari foram embora ou desligaram a TV mais cedo ao perceber o pífio ritmo de corrida da equipe italiana, digno dos piores momentos da temporada 2020. Em contrapartida, a McLaren demonstrou um rendimento extremamente promissor, e tem tudo para brigar seriamente para ser a terceira força do campeonato, já que aparentemente lá pros lados dos pocotós paraguaios de Maranello a atenção total no momento é em fazer um carro que não passe vergonha em 2022 ao invés de tentar continuar remendando o péssimo projeto do ano passado que, por força da pandemia, persiste em sua essência esse ano.

 

Vitória merecida de Max Verstappen, que marcou a pole no sábado, perdeu a liderança por um erro inesperado na primeira chicane da pista, mas depois trabalhou ativamente para, com o auxílio de uma bem montada estratégia da equipe, alcançar e ultrapassar Hamilton. Venceu com propriedade, com maturidade, e sem o auxílio do companheiro de equipe. Por falar no companheiro de equipe, Sérgio Pérez conquistou um excelente 3º lugar, e caso a corrida tivesse mais umas 3 voltas teria capacidade de alcançar e passar Hamilton, ritmo para isso ele possuía. Entretanto ele mesmo assume que ainda não conseguiu extrair tudo do carro, e continuando com esse progresso a situação da Red Bull no campeonato de construtores deve melhorar consideravelmente, já que ele – por ser um piloto com mais experiência e, portanto, menos influenciável pelo péssimo método de “gestão de pessoal” adotado pelo Ciclope de Hades – consegue somar pontos importantes para a equipe. Aliás, gostaria de saber o que o dono da Red Bull está fazendo que não mandou ainda o Helmut Marko cuidar do jardim da casa dele ao invés de ficar fazendo papel de Torquemada dentro da equipe.

 

Em 2º lugar chegou Lewis Hamilton, que teve a chance de vencer, mas não logrou êxito sem o auxílio dos estrategistas na mureta dos boxes e do companheiro de equipe. Ainda tem muito campeonato pela frente, mas ele já percebeu que o caminho para o 8º título não será tão fácil como nos anos anteriores, em que o único adversário que ele tinha era o mediano companheiro de equipe. Por falar no companheiro, Valtteri Bottas (4º) fez o que se esperava, uma corrida burocrática e sem destaque. E isso é o melhor que pode ser escrito a respeito da prova dele.

 

Em 5º e 6º lugares terminaram os pilotos da McLaren, pela ordem Lando Norris e Daniel Ricciardo. Ambos muito felizes pelo resultado da equipe, com Ricciardo reclamando um pouco mais do comportamento geral do carro, mas ambos muito satisfeitos por terem sido os melhores descontando Mercedes e Red Bull. A gestão de Zak Brown realmente está colocando a equipe novamente nos eixos.

 

Em 7º chegou Pierre Gasly, que evidentemente esperava um resultado melhor perante sua torcida, mas que fez uma corrida competente, extraindo do seu Alpha Tauri o que era possível extrair. O ritmo dele era bom, apenas não bom o suficiente para ficar à frente dos carros da McLaren. Seu companheiro Yuki Tsunoda (13º) pagou o preço de largar dos boxes (teve de trocar o câmbio após a batida ainda na primeira parte da classificação) em uma corrida onde não ocorreram abandonos. Pode ficar satisfeito de terminar à frente de um dos carros da Ferrari, entretanto.

 

Em 8º terminou Fernando Alonso, aparentemente satisfeito por concluir a corrida na mesma posição em que iniciou após sofrer um bocado com os pneus médios na primeira parte da corrida. Efetivamente teve um dos seus melhores desempenhos desde que retornou à categoria. Seu companheiro Esteban Ocon (14º) sofreu muito mais com a degradação dos pneus e com o ritmo de corrida propriamente dito do carro em si. Ainda bem para ele que a próxima corrida já é semana que vem e não vai dar muito tempo para ficar lamentando o desempenho menor que o esperado na corrida de casa.

 

Em 9º e 10º chegaram os pilotos da Aston Martin, respectivamente Sebastian Vettel e Lance Stroll. Grande corrida de ambos, seja por fazer uma estratégia diferente funcionar mesmo com uma saída de pista na primeira parte da prova (Vettel), seja por conseguir pontuar largando do 19º lugar (Stroll). Evoluindo a olhos vistos.

 

Agora é ver o que as duas corridas no Red Bull Ring trarão... torço por chuva em ambas.

 

A Fórmula E foi até o México para uma rodada dupla no travado circuito misto dentro do oval curto da cidade. Justiça seja feita, a pista em si não ficou ruim, em que pese a primeira curva não precisasse ser tão acentuada como ficou, mas... coisas da F-E. O que ficou REALMENTE ruim foi a localização para acionar o Modo Ataque... nitidamente quem fez aquilo nunca competiu nem de kart indoor, é o melhor que posso dizer. Tanto que, previsivelmente, houve acidente envolvendo quem tinha acabado de acionar o Modo Ataque e quem vinha pelo traçado “normal” no miolo da pista. Em a etapa mexicana permanecendo lá (e realmente achei que, para a proposta da categoria, Puebla se adapta mais que o Hermanos Rodriguez), espero que coloquem o acionamento do Modo Ataque em um lugar menos... exótico. A corrida do sábado foi vencida por Lucas di Grassi, que quebrou um jejum de vitórias que vinha desde 2019, comandando a dobradinha da Audi em seu ano de despedida da categoria – já que em 2º chegou seu companheiro René Rast. “Mas Alexandre, não foi outro o piloto que recebeu a bandeirada na frente?” Sim, foi... entretanto o piloto em questão acabou sendo desclassificado da prova por uma infração técnica (coisa que a categoria adora fazer, a propósito), menos mal que o resultado dos comissários da categoria saiu antes do pódio. Por mencionar o pódio, o degrau mãos baixo ficou com Edoardo Mortara. O brasileiro Sérgio Sette Câmara não teve um sábado fácil, e terminou apenas em 15º lugar.

 

Já no domingo a corrida foi melhor que no sábado, com direito a uma apresentação de alto nível de Edoardo Mortara, que foi agressivo quando precisou e economizou energia quando era necessário e com isso foi premiado com a merecida vitória. O 2º lugar foi herdado por Nick Cassidy, com o 3º lugar ficando nas mãos de Oliver Rowland. “O segundo lugar foi herdado? Como?!” Bom, após vencer e ser desclassificado da corrida do sábado, Pascal Wehrlein cruzou a linha de chegada no domingo no 2º lugar... só que após a corrida os comissários da categoria constataram que ele cometeu uma irregularidade na utilização do Fan Boost e aplicaram uma punição de 5 segundos ao tempo final da corrida dele, fazendo com que caísse pra 4º lugar... bom, ao menos dessa vez ele não foi desclassificado. O domingo não foi positivo para os brasileiros, com Sette Câmara terminando em 16ª lugar e di Grassi em 18º.

 

Esse final de semana começou em Monza a temporada 2021 do DTM, agora não mais seguindo uma receita “silhouette”, mas utilizando carros no regulamento FIA GT3, com o intuito de baixar custos (que ultimamente andavam muito caros na categoria) e atrair mais participantes. Funcionou: para um regulamento totalmente novo, ter 19 participantes é promissor. A corrida de sábado foi vencida pelo jovem (19 anos) neozelandês Liam Lawson, com um Ferrari da tradicional equipe AF Corse (velha conhecida de quem acompanha as provas do WEC), tendo no pódio a companhia de 2 pilotos com carros Mercedes (que retornou à categoria por conta do regulamento GT3), sendo Vincent Abril em 2º e Maximilian Götz em 3º. A título de curiosidade, o 4º lugar ficou com um velho conhecido do pessoal da Fórmula Um, o Alex Albon. É, esse mesmo. Já na corrida do domingo a normalidade de carros alemães vencendo no Campeonato Alemão de Turismo voltou, com dobradinha da Audi em 1º e 2º, com os pilotos Kelvin van der Linde no degrau mãos algo do pódio e Nico Müller em 2º. O pódio ficou completo com a presença de Lucas Auer (Mercedes).

 

A Indycar foi até minha pista preferida entre os “não ovais” nos EEUU, o belíssimo circuito de Road America. E a corrida foi muito boa, com boa movimentação nas posições em decorrência das diferentes estratégias de pneus e reabastecimento escolhidas pelas equipes, e o final foi verdadeiramente eletrizante, com uma relargada faltando 2 voltas para o final e uma linda ultrapassagem do Alex Palou sobre o então líder Josef Newgarden. Como Newgarden anda numa fase de muita sorte (sorte até maior que o meu sarcasmo), ele teve problemas no câmbio na relargada, que avançava apenas até a 5ª marcha, fazendo com que em 2 voltas ele caísse da 1ª para a 21ª posição... melhor para Palou, que se isolou na liderança do campeonato. Em 2º chegou Colton Herta (que claramente é melhor que o papai Brian) e em 3º terminou Will Power, salvando um pouco da honra da Penske após o infortúnio do Newgarden. Excelente corrida de Romain Grosjean, 5º colocado logo atrás do Dixon e resistindo bravamente aos ataques do Marcus Ericsson no final.

 

O Mundial de Motovelocidade foi até a Saxônia para a tradicional prova em Sachsenring, pista onde antes do acidente em que fraturou o braço Marc Márquez era o grande mestre... pois bem: após o acidente... o MM#93 continuou sendo o mestre da pista. Se havia um lugar para ele provar que estava recuperado da fratura e capaz de ser competitivo novamente, esse lugar era Sachsenring. E ele não decepcionou, assumindo a liderança pouco antes de completar a primeira volta e completando todas as voltas seguintes na mesma posição de honra. No começo da corrida ainda recebeu um pouco de pressão, depois abriu uma vantagem pequena mas confortável o suficiente para permitir a recuperação de algum pequeno erro sem perder a posição e assim foi até a bandeirada final. Em 2º terminou Miguel Oliveira, em um grande resultado para a KTM, com Fabio Quartararo completando o pódio e cruzando a bandeirada cerca de 5 segundos atrás do português. Aliás, a única Yamaha a obter um resultado decente foi a de Quartararo, já que Rossi foi 14º, Morbidelli 18º e Viñalez 19º. Gostaria também de fazer meu agradecimento à existência da Moto3, que além de ótimas disputas o tempo todo ainda propiciou um resultado final com vitória de Acosta, tendo Toba em 2º lugar e Foggia em 3º. Não vejo a hora desses 3 chegarem na categoria principal...

 

Esse final de semana a Stock Car foi até o Velocittá para disputar a 3ª e a 4ª etapa do campeonato, respectivamente no sábado e no domingo.  A primeira corrida do sábado teve vitória de Gabriel Casagrande, com Ricardo Zonta em 2º e Thiago Camilo em 3º. A segunda corrida do sábado acabou nas mãos de Rubens Barrichello, depois que o vencedor Lucas Foresti foi punido com 20 segundos no tempo da corrida por acionar o botão de ultrapassagem antes de completar a primeira volta após a relargada e cair para o 10º lugar na classificação. Assim sendo, Ricardo Zonta ficou em 2º e Diego Nunes passou a ser o 3º colocado. No domingo a vitória da primeira corrida ficou novamente com Barrichello, que largou na pole e não foi mais ameaçado; em 2º ficou Diego Nunes e em 3º Gabriel Casagrande. A segunda corrida do domingo também teve vitória de ponta a ponta, no caso o beneficiado com o troféu maior distribuído foi Ricardo Zonta, que colocou mais de 4 segundos de vantagem sobre o 2º colocado Rubens Barrichello, com César Ramos completando o pódio em 3º lugar.

 

E graças ao site da NASCAR e às redes sociais da categoria eu consegui saber o que aconteceu em Nashville, pois se dependesse do grupo Disney (ESPN/Fox Sports) eu estava lascado... e a vitória não poderia ter ficado em melhores mãos: dessa vez ele não “varreu” (a vitória no primeiro segmento ficou com o atual campeão Chase Elliott), mas o 2º segmento e a bandeirada final foram para Kyle Larson, um piloto que está mostrando como se dá uma volta por cima nas adversidades enfrentadas na carreira. A propósito, terceira vitória em seguida do jovem Larson, que ofereceu um belo retorno para o patrocinador temporário com quem assinou por 3 corridas (até então, ele vinha competindo patrocinado pelo dono da equipe, que colocava no carro o nome de uma das empresas dele). O 2º lugar também ficou com um bom representante da nova geração, Ross Chastain, em um ótimo resultado para Chip Ganassi. O 3º lugar ficou com William Byron, completando a trinca Chevrolet nas 3 primeiras posições. Em 4º chegou Aric Almirola, que anda em grande fase, e Kevin Harvick fechou o Top-5. Mau dia para a Toyota, cujo melhor finalista foi Christopher Bell em 9º lugar.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.