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Daniel Ricciardo não está morto PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 12 May 2021 01:40

Olá fãs do esporte a motor,

 

Uma das maiores desafios que enfrento para ter a agenda organizada é quando temos corridas em finais de semana consecutivos. Como tivemos três corridas de Fórmula Indy (na verdade quatro, considerando a rodada dupla no Texas) e duas da Fórmula 1.

 

Bendita seja a Constanza, minha secretária que é um verdadeiro gênio para montar este quebra-cabeças de horários, fuso horários e calendários. Minha mãe que não fique com ciúmes, mas dei um presentão pra ela neste último domingo por tudo que ela tem feito nestes últimos anos, especialmente neste período em que estou fazendo o Doutorado e ando “un poco temperamental” como ela diz. É uma benção divina!

 

Minha primeira sessão na segunda-feira também foi a de alguém que  estava se sentindo abençoado. Daniel Ricciardo não abria aquele sorriso de um milhão de dentes com tanto prazer fazia tempo. Evidente que um 6º lugar não é a posição de chegada dos sonhos de um piloto que já venceu (e fez aquela coisa pavorosa de beber champagne na sapatilha) corridas na Fórmula 1, mas este foi o primeiro GP na McLaren que o simpaticíssimo Australiano chegou na frente do jovem, veloz e competente companheiro de equipe, Lando Norris.

 

 Daniel Ricciardo saiu da Red Bull para a Renault, mas as coisas não correram como ele esperava. O sorriso fácil "sumiu".

 

Quando Daniel decidiu que deveria sair da Renault ele ainda tinha algumas opções diante de si na mesa de negociações e entre a pouco interessante possibilidade de retornara para a Red Bull, numa condição de completa submissão à intransigência de Helmut Marko e do arredio estrelismo de Max Verstappen de um lado e a incerta – mas constante – turbulência da Ferrari, o acerto com a McLaren, que este ano teria os motores Mercedes era como sair do purgatório vivido nos anos anteriores, indo da predileção da sua casa desde as categorias de base (a Red Bull) por outro piloto – no caso, Verstappen – a um projeto mal nascido na Renault depois de um ano promissor para a marca francesa.

 

Daniel sabia que iria enfrentar uma situação complicada na sua chegada à McLaren. O companheiro de equipe era alguém jovem, brilhante, rápido e “cria da casa”. Lando Norris pilota para a equipe “desde os tempos do kart”, seguindo os passos do investimento de sucesso chamado Lewis Hamilton e que, certamente, já havia demonstrado uma grande harmonia com todos na equipe e já havia se mostrado “batível” dentro da equipe e sem que isso criasse um clima de guerra dentro dos boxes.

 

 Feita a opção pela McLaren, de coração aberto, seu característico sorriso voltou e tudo seguia para uma relação harmônica.

 

Mais do que isso, ao invés de um “Helmut Marko da vida”, Zak Brown, o diretor da equipe sabia como lidar com a relação entre seus pilotos e os resultados de pista de forma positiva, criando uma “disputa cooperativa”, onde a busca de superação de um para com o outro trabalhasse a favor da equipe e não contra, o que a história da categoria já mostrou diversas vezes.

 

Daniel tinha uma vantagem neste processo de “chegada à nova casa”: o pacote técnico, com o novo motor (e tudo que vem junto com ele) da Mercedes daria para ele uma oportunidade de começar o trabalho na equipe em um platamar de paridade com Lando Norris, que também teria que “aprender a trabalhar com os novos componentes”. Ao menos era isso que o meu paciente vinha considerando até a efetiva mudança.

 

 O que muitos esperavam, de termos "a equipe mais divertida do grid" não aconteceu. Há harmonia, mas há competição.

 

Desde o Bahrein – inclua-se aí não apenas a corrida de abertura do campeonato, mas também os dias de pré-temporada – que Daniel vinha demonstrando algum “desconforto” com a performance do seu companheiro de equipe e aquelas brincadeiras de fazer pilotos e jornalistas chorarem de rir, especialmente o próprio Lando, que muitos esperavam se tornar uma constante, passou longe de acontecer. O clima na equipe, apesar de harmônico, não estava para brincadeiras e piadas de parte a parte.

 

Depois de se ver superado na maioria dos treinos e no resultado final das três primeiras corridas do campeonato, em Barcelona Daniel conseguiu impor a primeira “derrota” ao seu companheiro de equipe e mesmo sendo algo longe do que ele gostaria de ter como resultado, o 6º lugar diante da 8ª posição de Lando Norris, foi aquele “estou vivo” que ele precisava se dar. Como a próxima corrida é em Mônaco, um traçado onde se sente bem à vontade, apresar do pouco espaço entre os guardrails, Daniel acredita que pode repetir a dose e impor uma nova “derrota” ao seu companheiro de equipe, o que certamente falar com que ele “marque pontos” com o time, com Zak Brown e consiga provocar algum desequilíbrio na confiança de Lando Norris.

 

 Depois de ter que abrir caminho para Norris em Ímola, em Barcelona, foi Norris quem teve que abrir caminho para ele.

 

Independente da disputa interna, Daniel tem consciência de que precisa de um trabalho forte na equipe – e nisso, ter um companheiro de equipe competitivo, focado e interessado só irá ajudar – para que a temporada como um todo, mas principalmente o trabalho para o carro de 2022, onde teremos uma grande mudança no regulamento, se ele quiser continuar alimentando o sonho de sagrar-se campeão mundial de Fórmula 1... como ele diz, com ou sem Lewis na disputa. Preferencialmente, com!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares