Olá leitores! Neste final de semana de premiação do Oscar, quem levou o prêmio fomos nós, fãs do esporte a motor, que na maioria dos casos assistimos a competições de alto nível (a exceção do final de semana, parcialmente por culpa do regulamento bizarro, foi a Fórmula E, mas essa é esperado que produza espetáculos de baixa qualidade) e com belas disputas do começo ao final da corrida. Vamos começar justamente com o espetáculo mais deprimente do final de semana (descontando os discursos de políticos), a rodada dupla da categoria “ecologicamente correta” no circuito de Valência. Em tese, desde o começo da categoria, se batia o pé que eles não correriam jamais em circuitos... bom, a pandemia acabou fazendo eles quebrarem essa regra, utilizando a pista que é a base de testes da categoria. E seja na etapa do sábado, seja na do domingo, a visão de carros ficando sem energia na última volta lembrou os momentos mais sombrios da F-1 dos anos 80... só que, ao contrário da Fórmula 1 daquela época, a falta de energia se deu por... filigranas do regulamento. Mais especificamente, aquela ideia lamentável de retirar energia disponível dos carros quando ocorre bandeira amarela para “manter o espírito de economia até o final da prova”. Quando ocorrem uma ou duas bandeiras amarelas durante a prova, beleza, mas quando tem mais que isso... presenciamos aquele show de horrores da corrida de sábado. Com 5 entradas do safety car, foi “represada” tanta energia que um bocado de gente foi ficando pelo caminho na última volta. E como se não bastasse isso, ainda teve punição para pilotos que “gastaram mais energia que o permitido” após a corrida... confesso que na hora que saiu aquele palavrão dito com o pulmão estufado, aquele libertador mesmo. O piloto que melhor economizou energia foi Nyck de Vries (Mercedes), que foi acompanhado no pódio por Nico Müller (Dragon) no 2º lugar e por Stoffel Vandoorne (Mercedes) em 3º. Não foi um dia especialmente genial para os pilotos brasileiros: Sérgio Sette Câmara abandonou após receber um contato mais vigoroso de Mitch Evans, e Lucas Di Grassi terminou na pista em 10º lugar, mas como 3 pilotos foram punidos com tempo extra por “excesso de consumo de energia”, acabou herdando o 7º lugar. A corrida do domingo foi menos ruim, ao menos em termos, com a ajuda da pista seca e do medo dos pilotos de ficarem novamente pelo caminho. Assim sendo, Jake Dennis (Andretti) fez valer sua pole position e conquistou sua primeira vitória na categoria. Na pista o segundo colocado foi o ótimo jovem francês Norman Nato, porém uma punição de tempo recebida por conta do toque em Alex Lynn fez ele perder a posição conquistada na pista. Assim sendo, o segundo lugar caiu no colo de Andre Lotterer (Porsche), e o pódio ficou completo com o já mencionado Alex Lynn (Mahindra). Novamente, resultados abaixo do esperado para os brasileiros: Sette Câmara largou em um bom 10º lugar mas terminou em 21º, ao passo que Di Grassi fez uma boa corrida de recuperação e, saindo da 22ª posição, terminou em 10º lugar. Esse domingo tivemos a estreia da Stock Car, em nova emissora, novo formato de disputas, e com pilotos famosos fazendo sua primeira corrida na categoria. Acho que tentaram fazer algo semelhante aos segmentos da NASCAR, porém como se na verdade fossem duas corridas separadas. Acho que preciso de mais algumas etapas para me acostumar com isso... e talvez seja interessante ter mais uma volta entre o final da primeira corrida e a largada da segunda, achei uma volta atrás do safety car muito pouco tempo para os 10 primeiros se reorganizarem para o grid invertido da largada para a segunda corrida. Felizmente isso é algo fácil de ajustar. Também devo dizer que, a exemplo da Fórmula Um, a Bandeirantes fez um excelente trabalho de cobertura da categoria. Só o fato de respeitar o produto e não obrigar uma largada às 10 horas da manhã como a Globo volta e meia fazia já é uma enorme, monumental, gigantesca vantagem. Não tenho certeza se a largada às 15h será possível quando o futebol voltar ao horário das 16h, mas mesmo que larguem às 14h já será um avanço monumental. O cuidado na transmissão foi observado até nas provas da Stock Light, que passaram pelo canal por assinatura do grupo Bandeirantes, com comentarista e narrador bastante inteirados do assunto e dos participantes da categoria. E corre à boca pequena um comentário a respeito da dificuldade de eu sair elogiando as coisas, então realmente o trabalho efetuado pela emissora foi de alto nível. Mas vamos ao que interessa, corridas. Curtas, é verdade; 25 minutos mais uma volta. A vantagem é que acabou com aquele negócio de ficar fazendo muita estratégia, a estratégia passou a ser pé embaixo, como deve ser. A vitória na primeira corrida ficou com Daniel Serra (Cruze), seguido pelo pole position Cacá Bueno (Cruze) em 2º e por Allam Khodair (Cruze) em 3º. O estreante Tony Kanaan deu um susto no pessoal e provocou a primeira intervenção do safety car ao perder o freio no fim da reta dos boxes e indo parar na barreira de pneus após ter a velocidade reduzida pela caixa de brita, e os experientes Ricardo Zonta e Rubens Barrichello foram desclassificados por um erro primário: a janela de parada nos boxes, com a corrida mais curta adotada nesse ano, foi reduzida para 3 voltas... e eles pararam no que seria a 4ª volta. Outro estreante famoso, Felipe Massa, recolheu o carro aos boxes perto do final com problemas de câmbio, no intuito de consertar para a segunda corrida. E a segunda corrida viu um grande trabalho por parte das equipes de socorro, já que entre quebras e acidentes 11 carros que largaram não terminaram a corrida. A vitória ficou com Ricardo Maurício (Cruze), que poderia ter vencido a primeira corrida também, mas desperdiçou a chance ao rodar no final. Como dessa vez ele não rodou, o maior troféu ficou com ele. Foi acompanhado no pódio por Gaetano di Mauro (Cruze) em 2º lugar, após uma excelente corrida, e o degrau mais baixo do pódio ficou com Gabriel Casagrande (Cruze), em um belo resultado para a equipe Vogel. A Indy foi para as ruas e aeroporto de Saint Petersburg para uma apresentação de gala do jovem Colton Herta (Andretti), que liderou a corrida com a autoridade de um piloto de grande experiência, suportando galhardamente a pressão de Josef Newgarden (Penske) no final e conquistando com autoridade o lugar no Círculo da Vitória. A Newgarden restou se contentar com o segundo lugar, que no fundo acabou sendo um bom resultado, já que na primeira corrida ele foi o protagonista daquele acidente bizarro na primeira volta. Seu companheiro de equipe Simon Pagenaud (Penske) terminou em 3º lugar, seguido por Jack Harvey conquistando um excelente 4º lugar para a equipe Meyer Shank. Fechando o Top 5 chegou Scott Dixon (Ganassi), fazendo aquilo que ele sabe fazer tão bem – ser regular, marcando o máximo de pontos possível quando não tem carro para vencer. Jimmie Johnson (Ganassi) continua seu aprendizado com monopostos, e aparentemente ele está mais preocupado em se divertir do que efetivamente provar alguma coisa ao volante. E claro que ele não precisa provar nada... o Grosjean já mostrou que está começando a se entrosar na categoria, já tocou rodas com adversário, então daqui a pouco estará apontando como na F-1. O WRC foi até a Croácia para uma etapa com paisagens lindas, estradas pouca coisa mais largas que o carro de rali em diversos trechos, e com uma cena monumental: neste domingo, ao se dirigir para o lugar de largada da 17ª especial do rali (de um total de 20), Sébastien Ogier se envolveu em um acidente de trânsito ao virar de forma abrupta para acessar a faixa da direita da rua e... foi colhido por um carro de rua que acertou a porta direita do Toyota dele. Ambos ficaram razoavelmente danificados, mas o carro de rali tinha condições de continuar. E lembrando, ele tinha que chegar no local de largada da especial seguinte. Enquanto chegou o representante da Toyota para resolver a questão do acidente, chegou a polícia croata para fazer o boletim de ocorrência... só que aí Ogier perderia o tempo para a largada. Não teve dúvidas: entrou no carro, e fugiu do lugar do acidente, deixando o representante da equipe conversando com os guardas. Certamente entrará para a antologia das cenas do esporte... A vitória ficou com Sébastien Ogier (Toyota), com seu companheiro Elfyn Evans tendo que se contentar com a 2º posição, após liderar o rali até a última curva... uma escapada de traseira, e Evans deixou de ficar com o degrau mais alto do pódio por 6 décimos de segundo. Sim, após 3 dias de competição a diferença foi menor que um segundo. Que rali, caros leitores, que rali fantástico... o pódio ficou completo com Thierry Neuville (Hyundai), que liderou na sexta feira mas não conseguiu conter o avanço dos Toyota e fez o melhor que pode para manter a segunda colocação no campeonato. E a NASCAR foi para aquela que é uma das etapas mais esperadas pelos fãs, Talladega, que mais uma vez não decepcionou os fãs do “big one”, com direito a decolagem do Joey Logano e um susto monumental para Bubba Wallace, cujo carro praticamente “aparou” o de Logano na capota quando esse aterrissava. Acidente visualmente impressionante, mas que felizmente não gerou nenhuma ferida. A corrida foi bem movimentada, e os dois primeiros segmentos tiveram vencedores pouco usuais (Matt DiBenedetto no primeiro segmento e Bubba Wallace no segundo), mas no final a vitória acabou com um habituê da posição: Brad Keselowski, que assim assegurou que o trio de pilotos da Penske estará presente no começo dos playoffs. Aliás, com 8 vencedores em 9 etapas, o funil para chegar aos playoffs está ficando mais estreito... em 2º chegou William Byron, definitivamente o melhor dos Chevrolet na pista, e o único não Ford no Top 5. Em 3º chegou Michael McDowell, em um dia inspirado, em 4º chegou Kevin Harvick e fechando o Top 5 veio Matt DiBenedetto, que fez o pessoal da equipe Wood Brothers sonhar com a 100ª vitória da equipe até perto do final da prova... fica para a próxima. Merece nota o desempenho de Kaz Grala, que largou em 38º e terminou em 6º lugar. Até a próxima! Alexandre Bianchini |