Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Velocidade e questionamentos no deserto PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 05 April 2021 08:41

Olá leitores!

 

Independente de vossas crenças, espero que tenham tido uma ótima Páscoa. Esse final de semana não tivemos muitas competições, mas o que tivemos achei realmente muito interessante. Alguns nomes decepcionaram, outros impressionaram positivamente, e o balanço geral me pareceu positivo.

 

Começando com a grande e positiva surpresa da corrida inaugural da Extreme E na Arábia Saudita. Tendo como base a Fórmula E, achei que seria um negócio absolutamente tedioso... que nada! Baterias classificatórias muito disputadas, inclusive com acidentes inusitados, como aquele em que Kyle LeDuc conseguiu atropelar o carro da Claudia Hurtgen, algo no mínimo estranho em um deserto... o formato da disputa também me agradou, com um dos pilotos da dupla largando e o outro assumindo na parada do meio do percurso. Além do mais, todas as equipes tem um piloto e uma piloto, mostrando que não é necessário criar categorias específicas para mulheres competirem e fomentando a igualdade. Para o duelo final foram as duplas de pilotos das equipes X44 (de Lewis Hamilton), Andretti United (que tem participação de Zac Brown, chefe da McLaren) e Rosberg X Racing, capitaneada por Nico Rosberg. Pela X44 os pilotos foram Sébastien Loeb/Cristina Gutiérrez, pela Andretti a dupla Timmy Hansen/Cattie Munnings e pela Rosberg a dupla Johan Kristoffersson/Molly Taylor. No resultado final, primeiro lugar para a equipe Rosberg, com a equipe Andretti terminando quase 24 segundos atrás e a equipe X44 a mais de 1 minuto e meio dos líderes, prejudicados por uma falha na assistência de direção que atrapalhou muito a condução de um carro grande e pesado como os da Extreme E. Na pontuação global do final de semana, somando as atividades do sábado e do domingo, a equipe Rosberg ficou na liderança, com a equipe X44 em segundo e a Andretti em terceiro.

 

A segunda etapa do Mundial de Motovelocidade foi disputada nesse domingo, na mesma pista da semana passada, e portanto com resultados não muito diferentes na categoria principal e na Moto2 (Moto3 é um universo à parte). Começando com a Moto3: que corrida, ou melhor, QUE CORRIDA foi essa!! Sem dúvidas o grande nome do domingo foi Pedro Acosta (Red Bull KTM Ajo), que largando do pit lane acabou vencendo a prova. O que esse garoto de 16 anos fez na pista foi difícil de descrever. Em uma categoria onde nenhuma posição pode ser dada como definida até a bandeirada final, ele veio escalando o pelotão e teve no final uma árdua disputa com Darryn Binder (Petronas Sprinta Racing) pela vitória, com Binder tendo de se conformar com o segundo lugar, apenas 39 milésimos de segundo atrás. O degrau mais baixo do pódio ficou com Niccolò Antonelli (Reale Avintia Moto3). Definitivamente a Moto3 é a mais atrativa das categorias do Mundial para quem gosta de ver pilotos disputando posições. Simplesmente espetacular. A Moto2, por sua vez, após as emoções palpitantes da Moto3, foi uma corrida mais ou menos burocrática, que teve algum interesse apenas no final. Mais uma vez a vitória ficou nas mãos de Sam Lowes (Elf Marc VDS), repetindo o feito de Mike Hailwood em 1966 (última vez que um britânico tinha vencido as duas primeiras corridas da categoria intermediária do Mundial de Motovelocidade), dessa vez acompanhado no pódio por Remy Gardner (Red Bull KTM Ajo) no 2º lugar e pelo estreante na categoria Raul Fernandez (Red Bull KTM Ajo) no 3º lugar. Gardner tentou bravamente ultrapassar e abrir vantagem de Lowes, e em alguns momentos pareceu que ele teria condições de fazer isso, mas Lowes resistiu com bravura e, auxiliado por uma leve desgarrada de Gardner na última curva, cruzou a linha de chegada 19 centésimos à frente do australiano. A Gardner restou o consolo de ter feito da última volta a mais veloz da corrida, além do troféu de 2º lugar. Já na categoria principal a expectativa em torno de um resultado positivo da Ducati era real, já que nitidamente o motor italiano sobra na longa reta principal. O pole position, o estreante Jorge Martin (Pramac Racing), largou como um foguete e parecia ter condições de administrar a liderança até o final. Não foi bem isso que aconteceu... outro que começou muito bem mas acabou perdendo rendimento foi Aleix Espargaró (Aprilia Racing Team Gresini), que chegou a estar em 3º lugar na primeira metade da corrida mas paulatinamente foi perdendo posições e terminou em 10º lugar, a 5,382 segundos do líder. Por falar em diferença para o líder, um apêndice: pela primeira vez na história da categoria principal da motovelocidade, os 15 primeiros colocados ficaram separados por menos de 9 segundos. Mais especificamente, a diferença entre o 1º e o 15º foi de 8 segundos e 928 milésimos. Espero, sinceramente, que o ano todo seja assim... voltando às disputas, Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) conseguiu assumir em definitivo a liderança a apenas 4 voltas do final, quando ultrapassou Martin na curva 4 e aproveitou a superioridade da Yamaha nas curvas para conseguir uma vantagem que não desse para ser descontada pelas Ducati na longa reta principal. Martin no final ainda perdeu a 2ª posição para seu companheiro de equipe Johann Zarco, que comemorou muito o 2º lugar que, somado ao resultado da semana passada, lhe deu a liderança do campeonato. Enquanto uma Ducati particular lidera o campeonato, os dois pilotos da equipe oficial da Ducati terminaram em 6º (Francesco Bagnaia) e 9º (Jack Miller) lugares... aí vai explicar pro chefão da Ducati que a equipe cliente colocou ambas as motos no pódio e a equipe oficial nem no Top 5 ficou... Quem também fez uma boa corrida foi Alex Rins (Team Suzuki Ecstar), que no final da prova fez uma linda ultrapassagem sobre o vencedor da primeira corrida da temporada, Maverick Viñales (Monster Energy Yamaha) para ficar com o 4º lugar. Seu companheiro de equipe, o atual campeão Joan Mir, teve de se contentar com o 7º lugar. O destaque negativo, novamente, ficou com a equipe Petronas Yamaha SRT. Franco Morbidelli, com a moto desatualizada, ficou em 12º lugar, e Valentino Rossi, com a mesma moto de Quartararo e Viñales, largou em 21º e terminou em 16º... não me surpreenderia se 2021 fosse o último ano do Dottore como piloto. Acho que até o meio do ano ele pode anunciar que vai se dedicar apenas à sua equipe VR46, por mais que eu seja fã do Valentino e que torça por bons resultados dele.

 

Durante a semana acabei lendo e assistindo um bocado de coisas sobre as questionáveis decisões que acabaram determinando o resultado do GP do Bahrein da Fórmula Um, e acabei chegando ao que creio seja o denominador comum que une a permissividade para um lado e a aplicação fria da regra para outro: Michael Masi, o substituto do saudoso Charlie Whiting, é um cidadão sem pulso. Para compreender melhor: sabem aquele árbitro (seja de futebol, basquete, ou qualquer outro esporte coletivo) que começa a querer “dialogar” com os atletas, resolver a coisa na conversa, até o momento em que ele se perde completamente em campo/quadra? Pois é, esse é Michael Masi. Começa o final de semana com uma determinação a respeito de limites de pista, aí os pilotos começam a reclamar, aí ele flexibiliza, aí um dos pilotos começa a abusar da flexibilização, aí ele vai reclamar, aí o piloto retruca “mas você não tinha permitido?”, aí o cidadão se perde todo. Em um cargo que exige inteligência, firmeza naquilo que a FIA determina que seja firme (limites de pista, para ficar no caso em questão) e a habilidade de interpretar a situação do momento ao que diz o regulamento, ele falha em pelo menos 2 desses 3 quesitos. Charlie, em que pese tenha cometido seus deslizes, era consistente em suas decisões, e tinha pulso para se fazer impor naquilo que considerava que fosse o correto. Eu sabia que Charlie Whiting faria falta, só não pensei que fosse tanta falta assim... não se iludam, em toda pista em que a área de escape não for de brita, grama ou uma mureta de proteção estaremos sujeitos à pouco habilidosa interpretação de um diretor de prova sem competência para dirigir. Parece que os males do mundo corporativo (empesteado de gerentes que não sabem gerir pessoas, apenas a produção dos subordinados) estão chegando à FIA. Nesses momentos eu começo a ter maior apreço por categorias organizadas sem a chancela da FIA, como a NASCAR, o IMSA, dentre outras.

 

Encerramos com o necrológio habitual desses tempos de pandemia descontrolada na República Sebastianista da Banânia. Dessa vez se foram o amigo Regi NatRock, com quem ultimamente não andava conversando muito por conta do extremismo político dele, mas por quem nunca perdi o respeito e admiração intelectual, e o preparador Fábio Coelho, figura das mais tradicionais do automobilismo paulista. Regi, pela informação não confirmada que chegou a meus ouvidos, se foi por conta da bomba de combustível (a.k.a. coração) que deu pane definitivamente, e Coelho foi mais uma vítima do Covid-19. Não sabemos os planos divinos, mas certamente o campeonato de Copa Classic do Além vai ser de alto nível: com Finottão, Guerra e Coelho preparando os carros e o Regi pra fazer os comentários da corrida, eu confesso que gostaria muito de ter um canal para poder assistir as disputas. Meus pêsames às famílias do Regi e do Fábio Coelho, extensivo à legião de amigos que ambos tinham. Quando o automobilismo paulista voltar às pistas será estranho circular pelos boxes e não ver esses 3 preparadores tão importantes para as categorias regionais paulistas e um dos maiores admiradores e frequentadores do Templo da Velocidade também ausente.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini